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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

http://maregina-arte.blogspot.com/

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

EXPOSIÇÃO ‘MUIRAPIRANGA’ - ELIZABETH TITTON,


 
 

Com o apoio do Funarte SP, a escultora Elizabeth Titton apresenta ao público, até 19 de janeiro de 2020, sua mais recente criação: a coleção Muirapiranga. Levando o nome de uma árvore amazônica de madeira vermelha, similar ao pau-brasil, a exposição é uma ode à natureza a partir de esculturas de grandes dimensões feitas em aço corten.  A mostra também marcará a abertura de um novo espaço de exposições no complexo artístico e terá estruturas dedicadas a pessoas com deficiência visual.
Sob o preceito de oferecer aos visitantes a oportunidade de vivenciar as obras de forma potente – levando-os a refletir sobre a crescente cegueira do homem moderno perante o mundo que habita –, 21 obras de grande porte (que variam de 1 a 4 metros de altura) ocuparão 600 m² entre o espaço do pátio, hoje utilizado como estacionamento, e as galerias Flávio de Carvalho e Mario Schenberg.
“Com o projeto da exposição ‘Muirapiranga’ como sua próxima meta de trabalho, Elizabeth Titton procurava um espaço que pudesse receber suas grandes esculturas, sobre as quais falava com paixão. E a equipe da Funarte São Paulo e eu buscávamos possibilidades de transformar o pátio do Complexo em um espaço que recebesse obras de artes visuais, de arquitetura, esculturas, cenários”, explica a ex-coordenadora da Representação Regional da Funarte SP, Maria Ester Lopes Moreira.
As peças produzidas por Elizabeth Titton brincam com os sentidos, na medida em que oferecem a eternidade do metal, acompanhada da efemeridade das formas. O aço corten possui elementos em sua composição que melhoram as propriedades anticorrosivas, garantindo, em média, três vezes mais resistência do que o aço comum. As formas, por sua vez, são portais e obeliscos produzidos nos últimos três anos a partir de corte a laser das peças metálicas. Esse tipo de obra tem sido material de exploração da artista desde 2006. Anteriormente, Elizabeth foi diretora do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, nos anos 80, e professora do curso superior de Escultura da Escola de Música e Belas Artes do Paraná por 16 anos, na cidade de Curitiba, onde vive desde os 8 anos de idade.
A premissa desse tipo de produção, que conduz a exposição ‘Muirapiranga’, é impactar o observador por sua originalidade, beleza, significado e dimensões. Para a artista, o “escultor produz a obra para o outro”, ou seja, Elizabeth, sob grande influência do filósofo Merleau-Ponty, acredita que “a percepção é fundamental e o corpo é a ferramenta para isso”. Com isso, ela pretende trazer a realidade à tona e, muito embora a temática seja evidente por si, ela deseja oferecer uma experiência no lugar de um discurso especializado. Neste aspecto, a artista leva elementos como água, árvores, folhas, flores, peixes, pássaros, nuvens e estrelas, que há muito tempo a inspira por meio de seus estudos sobre mitologia das comunidades indígenas do Xingu. Além de valorizar e homenagear o meio ambiente com seus “arcos do triunfo”, ela nos alerta sobre a crescente incapacidade de experimentarmos e enxergarmos o mundo que habitamos.
O fenômeno relativo à cegueira é interpretado por Elizabeth Titton como metáfora da muirapiranga, árvore em risco de extinção, aqui representada pela ferrugem do metal. Na mostra, a vegetação é representada em forma de portais e obeliscos, ícones da civilização, cuja função é homenagear a natureza cada vez mais distante dos olhos, do corpo e do conhecimento dos habitantes das cidades, que cada vez mais vivem num mundo virtual, abstrato, cegos ao mundo em que vivemos.
Nesse sentido, da dificuldade de enxergarmos, sete obras serão impressas em 3D, com aproximadamente 40 cm de altura, para que, além do público em geral, visitantes com deficiências visuais possam perceber e sentir, por meio do tato, o formato das esculturas. Também serão instalados pisos especiais nos espaços da mostra, bem como disponibilizados texto e catálogos em braile e monitores preparados para atender esse público durante o período da mostra.
Ao pensar em sua experiência artística, Elizabeth sempre se baseia em algumas impressões trazidas à reflexão, por Merleau-Ponty, especialmente quando o pensador francês disse: “Quando percebo, não penso o mundo, ele se organiza diante de mim”.
Com mensagens gravadas nas paredes dos espaços da Funarte, citações escolhidas pela artista do filósofo francês, estudado por ela em profundidade quando de sua pesquisa de mestrado em Educação na UFPR (Universidade Federal do Paraná), Elizabeth coloca o público diante da presença material e impactante de suas obras, levando-o a confrontar a materialidade do aço que, em seu design simples e de fácil reconhecimento, remete à natureza, na intenção de conduzir ao mundo encarnado do qual fala o filósofo.
A artista quer completar a experiência de perceber o mundo, conforme o pensamento de Merleau-Ponty, alertando de que a ciência é sua expressão segunda, pois, primeiro, existem os rios e as montanhas, depois os mapas que as representam.
“Sensível e envolvida com sua criação, Elizabeth Titton enfatiza em sua proposta que a experiência oferecida pela exposição pode ser experimentada por todos. Olhar, tocar, caminhar no seu entorno, bem como sentir a frieza do metal, é como a artista nos convida a estar na exposição. É assim também que nós da Funarte convidamos a todos para estarem no Complexo Cultural e dividir conosco essa reflexão acerca do nosso estar no mundo como natureza e obra de arte”, comenta Maria Ester.
Tendo em mente que a arte deve ser fruída antes de ser pensada, Elizabeth convida a voltar ao mundo vivido em uma experiência estética que parte de um mergulho na floresta de aço criada no solo do importante espaço de cultura paulistano.

Mostra ainda conta com atendimento especial para deficientes visuais

SERVIÇO
Funarte SP
Endereço: Alameda Nothmann, 1058.
Horário de visitação: terça a sexta, das 10h às 18h; sábado e domingo, das 14h às 21h
Ingresso: gratuito
Término: até 19 de janeiro de 2020
 
 

 
 
 fonte  Baobá Comunicação

palestra DA VINCI + 500 - Walter Mranda - SP


exposição de desenhos e pinturas Bruta_la grafia - Claudio Gil - RJ

BRUTA_LA GRAFIA

Exposição de Claudio Gil
De 12 de setembro a 27 de outubro 
Centro Cultural Correios

Visitas guiadas: 2 e 9 de outubro, 16h

A exposição de desenhos e pinturas Bruta_la grafia chegou ao Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, depois de passar por La Paz e Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Milão, na Itália. Em duas salas do terceiro andar do prédio histórico estão expostos 200 trabalhos, em diversos formatos e suportes, feitos nos últimos anos, inspirados pela geografia de La Paz, vista de cima, quando Claudio Gil estava no avião, voltando da sua primeira visita à cidade, após participar da Bienal de Cartazes da Bolívia, em 2015.

Nos dias 2 e 9 de outubro (quartas), às 16h, serão realizadas visitas guiadas com Claudio Gil, abertas ao público.

Claudio Gil é designer e calígrafo e, a partir de seus estudos, transforma letras e palavras em texturas, linhas, massas de luzes e sombras, que desvendam possibilidades artísticas do alfabeto ocidental. O público tem uma visão diferente da escrita latina a partir das imagens criadas pelo artista em diversas escalas e com instrumentos variados.

Bruta surge no meu imaginário inspirada na geografia da cidade de La Paz. Do avião eu via uma paisagem natural, composta por montanhas de pedras com cores indescritíveis e uma floresta pujante. Tudo isso se fundia de uma maneira bruta (raw material) com a geometria imposta pelo homem, observadas nas rotas urbanas. Decidi, então, enfrentar o desafio de fundir letras barrocas e geométricas. E o resultado foi além da fusão entre alfabetos, ganhou uma identidade própria”, comenta Claudio Gil.

Bruta_la grafia é um recorte das exposições realizadas na Bienal da Bolívia Cartel BICeBé, em La Paz (2017), na Galeria Manzana 1, em Santa Cruz de La Sierra (2018), e na Acqua su Marte, em Milão (2019). 

Na exposição carioca, o projeto expográfico instiga o visitante a olhar o todo à distância, tal qual se vê de um avião, e, depois, se aproximar das peças e observar as texturas e elementos de cada uma. Os suportes variam entre dois tipos de papel reciclado com sementes (cravo e margarida), papéis industriais para desenho e tecido. A maioria das peças foi pintada com tinta acrílica e pincel chato. Em algumas delas, foram utilizadas penas de metal da Dreaming Dogs Ruling Pens, produzidas em Santa Maria (RS), e nanquim. As telas em tecido foram produzidas artesanalmente em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, pelos técnicos da Galería Manzana Uno, e pintadas com esmalte sintético a base de água. Os tamanhos das peças em papel variam desde uma folha A4 (21 x 29.7cm) até o formato de 70 x 100cm (papel semente). Os tecidos vão de 2m x 2,6m até 3,40m x 2,65m. 


Sobre o artista

Cláudio Gil é artista, calígrafo, professor e designer. Mestre em Design pela ESDI-RJ, leciona arte, design e caligrafia. Calígrafo autodidata, iniciou suas primeiras investigações e ensaios em 2003 e, desde então, promoveu mais de 300 workshops nos últimos 15 anos, no Brasil, América Latina e Europa.

Participou de diversas mostras de design, caligrafia e artes, como as quatro edições da Mostra Internacional de Caligrafia nas cidades russas de São Petersburgo, Velik Novgorod e Moscou, onde diversas de suas obras integram o acervo do Museu Contemporâneo de Caligrafia. Entre as exposições individuais, se destacam “Kaligrápho & non Kalligrápho (Calígrafo e não calígrafo)”, no CCJF (RJ), no Centro Cultural Correios (Recife), e no Centro Cultural Brasil en Bolívia, na Embaixada do Brasil em La Paz, em 2017.  Em 2014, participou do projeto de ambientação do prédio do Istituto Europeo di Design - IED, Rio de Janeiro. Participou das duas últimas edições da Bienal de Cartazes da Bolívia (2015 e 2017), em La Paz, como palestrante, professor e artista expositor.

Possui trabalhos publicados em diversos países, como os livros “1000 Artist Journal Pages”, de Dawn Sokol (EUA, 2008); “Sketchbooks - As páginas desconhecidas do processo criativo”, de Roger Basseto, Editora POP (Brasil, 2010); “Caligrafia para todos”, de Leonid Pronenko (Russia, 2011); “Revista Gráfica, Arte Internacional”, de Oswaldo Miran (Brasil, 2012); “Hand to Type”, de Jan Middendorp (Alemanha, 2012); “The Briem Report”, de Gunnlaugur SE Briem (EUA, 2013); “Typism Book One”, de Dominique Falla (Australia 2013), “Revista Tupigrafia”, de Cláudio Rocha e Tony de Marco (Brasil, 2008 e 2010).

“Acredito que uma base sólida, histórica, teórica e prática me permite explorar e extrapolar os limites daquilo que pratico para manter a técnica da caligrafia viva. Em cada desenho eu consigo observar sempre uma nova vertente, algo sempre com um frescor que acredito ter se tornado uma marca no meu trabalho. O desenho é a partir dos traços da caligrafia, mas consegue ir além deles.”, comenta Gil.

BRUTA_LA GRAFIA
Desenhos e pinturas de Claudio Gil

Centro Cultural Correios
De 12 de setembro a 27 de outubro (terça a domingo), 12h às 19h
Visitas guiadas: 2 e 9 de outubro (quarta-feira), 16h
R. Visconde de Itaboraí, 20 – Centro - tel. 2253-1580
Entrada Franca  

Apoio: Correios, Plau, ESPM, Tesouro Laser

fonte: Claudia Oliveira