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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Exposição Nos Braços do Violeiro - Cantos do Jaguari Festival - Bragança Paulista/SP

 

Exposição Nos Braços do Violeiro tem visitação gratuita neste sábado (04/10)  no Cantos do Jaguari Festival

Além da mostra de Yuri Garfunkel, evento terá exibição de documentário e homenagem à Professora Neide Rodrigues Gomes

Exposição “Nos Braços do Violeiro”, do artista visual e músico Yuri Garfunkel, tem visitação gratuita neste sábado (04/10), a partir das 17h, durante a realização do Cantos do Jaguari Festival, no Centro Cultural Francisco Assis Pimenta (Rua Artur Bernardes, 268), em Bragança Paulista. Outro destaque da programação é a exibição do curta-documentário “Vem Com o Tempo - Tradição e Fé da Região Bragantina” com direção Mário de Almeida, da Maravilha Filmes, e homenagem à Professora Neide Rodrigues Gomes. A entrada é gratuita. 

O Cantos do Jaguari Festival, idealizado pela Orquestra Violeiros do Rio Jaguari, começou dia 06 de outubro e está promovendo eventos quinzenais com apresentações musicais, bate-papo e exibição de filmes. Neste sábado, além da visitação à exposição Nos Braços do Violeiro, o público terá oportunidade de assistir o curta-metragem inédito, produzido em 2020, que é uma homenagem póstuma à Neide, professora, pesquisadora, articuladora, incentivadora e servidora da área cultural que se destacou por sua atuação na cultura popular, especialmente na região de Bragança Paulista. Ela faleceu em 2019

O diretor do curta-documentário, Mário de Almeida, da Maravilha Filmes,  conheceu a professora Neide inicialmente em suas leituras sobre cultura popular e teve a oportunidade de aproximar dela a partir do momento em que ela assistiu seu documentário ‘Reis-os violeiros de Palmital’. “Ficamos meses conversando por e-mail. Depois nos encontramos várias vezes, ela me ajudou muito  nas pesquisas sobre cultura popular. Tivemos muitas conversas, filmamos com ela em 2016 e 2017, enquanto eu produzia o longa “Viola Perpétua” e abordamos o projeto que ela era responsável chamado ‘Canto da Terra’, sobre a formação de orquestras na região Bragantina. Sou muito grato a ela que me indicou vários caminhos, especialmente na pesquisa com viola”, detalha Almeida. 

“Vem Com o Tempo - Tradição e Fé da Região Bragantina” tem 26 minutos de duração e trilha sonora original composta pelo violeiro e produtor Ricardo Vignini. A produção retrata além das serras e águas da Região Bragantina, no interior do estado de São Paulo, mostrando o cenário vivido por mestres e mestras da tradição popular de herança caipira do lugar. Das paisagens do mundo real até o infinito sobrenatural, a conexão é estabelecida por meio de rituais e formas de expressão culturais e religiosas que atravessam as gerações. “No Festival faremos uma  homenagem à professora junto aos amigos da folia e da orquestra de violas. É uma celebração da vida e do legado da professora, destacando sua dedicação à cultura e educação”, conta Almeida.  

A exposição

A mostra ‘Nos Braços do Violeiro’, em cartaz até 25/10, reúne as páginas originais da HQ "A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos", um romance gráfico inspirado em mais de 80 canções do repertório caipira, com roteiro e artes visuais de Garfunkel. O público terá acesso às pastas de rascunho e dos originais do livro e quadros. A curadoria é do art advisor João Carlos Villela

Sobre a realização do Cantos do Jaguari Festival, Yuri Garfunkel destaca a importância de reunir integrantes de grupos de cultura popular de cidades da Região como Atibaia, Joanópolis, Piracaia, Bom Jesus dos Perdões, Socorro e Jundiaí. “O  evento está promovendo um grande encontro de cultura caipira da Região com várias manifestações de relevância nesse cenário, permitindo uma verdadeira imersão sobre a temática, unindo gerações e proporcionando grandes momentos”, afirma Garfunkel. 

Da HQ para Circulação

Publicada originalmente em 2019 pela extinta editora Red Clown, com apoio do ProAC, a HQ A Viola Encarnada é inspirada nas narrativas de mais de 80 clássicos da música caipira, a partir do enredo de Chico Mineiro, tentando desvendar o mistério do assassinato desse vaqueiro e violeiro a partir das letras de outras canções do repertório de viola. A introdução foi escrita pelo violeiro, professor e pesquisador Ivan Vilela e a obra foi indicada ao prêmio HQ MIX na categoria Melhor Adaptação em 2020.

Em 2024, o livro foi aprimorado e reeditado para entrar no catálogo da Z Edições, ao lado de mestres dos quadrinhos nacionais como Laerte, Adão, Sieber, Fí e Ricardo Coimbra. Nesta edição, o leitor também terá acesso aos QR Codes para ouvir as músicas abordadas no livro. A venda é feita pelo site: https://zstores.shop/collections/yuri-garfunkel

Entre fevereiro e setembro de 2024, a exposição dos originais do livro “A Viola Encarnada” circulou pelo Programa de Ação Cultural (ProAC Circulação) por 6 cidades do Estado de São Paulo: Casa Lebre (Bragança Paulista); Museu do Folclore (São José dos Campos), Centro Cultural Casarão - Festival Viola da Terra (Campinas), Museu Magma (Botucatu) e Centro Max Feffer - Museu Tião Carreiro (Pardinho) e Instituto Elpídio dos Santos (São Luiz do Paraitinga). Entre 07/02/2025 até 22/03, a mostra esteve no Espaço Cultural Rudolf Steiner, em São Paulo. A exposição concorre atualmente ao Pêmio HQ MIX 2025 na categoria Melhor Exposição.

Integrando a exposição da HQ, Garfunkel conta que haverá um espaço especial reservado para homenagear a inesquecível Inezita Barroso, cantora, instrumentista e pesquisadora que neste ano celebra seu centenário. “Há duas obras que fiz na residência artística com Camilo Solano e Bárbara Ipê e que estavam expostas no Museu do Tião Carreiro, em Pardinho, juntamente com parte do acervo da família da Inezita”, explica.  

Recursos de acessibilidade  

Para propiciar uma imersão na ‘HQ A Viola Encarnada’ como um todo, a exposição disponibiliza áudios das mais de 80 músicas do repertório caipira. O material possui recursos de acessibilidade como audiodescrição, textos em braile. Por ser uma exposição multidisciplinar sobre um instrumento singular que marca a nossa história musical, um dos objetivos dos idealizadores é compartilhar o conteúdo com um público diverso, inclusive estudantesuniversitários e grupos de idosos e outros interessados. 

“Essa é uma exposição que mescla Arte Contemporânea, História em Quadrinhos e Música Caipira, por isso a intenção em cada uma das cidades por onde passamos é dialogar, trocar e aprender com os agentes locais de cada um desses campos”, explica João Carlos Villela.

Os idealizadores 

Yuri Garfunkel: Artista visual, músico e educador, autor dos romances gráficos A Viola Encarnada: modas de viola em quadrinhos, indicado ao prêmio HQMIX 2020 na categoria Melhor Adaptação, e A Outra Anita, sobre a trajetória da pintora Anita Malfatti, lançada em 2022 para o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.  Criador do Sopa Art Br, estúdio de artes visuais, ilustração e design, com mais de 10 anos de experiência em comunicação visual ligada à cultura. Desenvolve seu trabalho a partir de pesquisas na união de linguagens artísticas, relacionando HQs com arte urbana, música e educação. Com quatro exposições criadas nesse conceito, circulou por galerias como Coletivo, Matilha Cultural e A7MA, parques e estações do Metrô de São Paulo, e expôs na Argentina, Itália e Espanha. Como músico, Yuri integra desde 2008 o grupo instrumental Kaoll, com o qual gravou 3 álbuns, realizou mais de 300 apresentações pelo Brasil e uma turnê europeia em 2014. Em 2015 Yuri passou a integrar o grupo Pequeno Sertão de música caipira autoral, com quem lançou dois álbuns, em 2016 e 2021. Como educador, Yuri cria e ministra cursos e oficinas de desenho e criação artística com propostas adequadas para diferentes públicos, de crianças e terceira idade à profissionalização, com circulação no Estado de São Paulo pela rede do Sistema S e centros culturais. 

João Carlos Villela: Art advisor, ex-aluno Waldorf, cursou História na USP (Universidade de São Paulo), e aprofundou-se em História da Arte com o crítico e curador Rodrigo Naves. Paulistano, residente em Hamburgo, Alemanha, atua há 14 anos no mercado de arte contemporânea, junto a galerias, artistas, colecionadores privados e instituições como o Sesc-SP, o Centro Universitário Maria Antônia e o Instituto Tomie Ohtake. Entre as mais de 30 exposições que produziu estão as de artistas visuais como, Ana Prata, Claudio Mubarac, Elisa Bracher, Fabio Miguez, Oswaldo Goeldi, Paulo Monteiro e Sergio Lucena. Trabalhou como diretor de vendas na Galeria Mezanino, no projeto de reposicionamento de mercado e reestruturação do time de artistas, atraindo novos colecionadores, através de ações que desenvolveu, como por exemplo a Mostra de Performance Movimenta#1. Fundou em 2016 seu escritório Ponte Advisory com atuação no Brasil, EUA e Alemanha. Em 2018 concebeu e curou a exposição coletiva Campo para o Exercício da Liberdade na FUNARTE-SP. Curou também exposições no Sesc-Rio Preto, Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca, Matilha Cultural e A7MA Galeria, entre outros espaços. Através da consultoria preparou clientes para serem aprovados em seleções, prêmios, editais e residências, como o palco do Instrumental Sesc Brasil, ProAC, Lei Aldir Blanc, Dumbo Improvement District NY, Brooklyn Bridge Park, Art Gaysel Provincetown, e Black Mountain School Residency.

Serviço:
- Exposição Nos Braços do Violeiro no Cantos do Jaguari Festival
Horários de visitação: Aos sábados, às 17h. Em cartaz até 25/10   
- Exibição do curta-documentário “Vem Com o Tempo - Tradição e Fé da Região Bragantina”
Local: Centro Cultural Francisco Assis Pimenta
Endereço: Rua Artur Bernardes, 268 – Vila Municipal – Bragança Paulista/SP

MAM - SP - agenda outubro

Caixa Cultural Belém recebe exposição inédita do coletivo MAHKU

 

Caixa Cultural Belém recebe exposição inédita do coletivo MAHKU

Mostra, que coincide com circuito da COP30 e com a semana do Círio de Nazaré, reúne um conjunto de aproximadamente 30 obras, em sua maioria inéditas, do coletivo MAHKU, que direciona a venda de suas telas para a aquisição de terras ao redor das aldeias Huni Kuin

A força espiritual e a política da arte do MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) - coletivo de artistas indígenas originários da Terra Kaxinawá do Rio Jordão, no Acre - é tema da mostra “Espíritos da Floresta: MAHKU”, que acontece entre os dias 09 de outubro e 25 de janeiro de 2026, na CAIXA Cultural Belém. Com curadoria e expografia de Aline Ambrósio, a exposição reúne um conjunto de aproximadamente 30 obras, em sua maioria inéditas.

A exposição - que também é uma realização de Aline Ambrósio, conta com patrocínio da CAIXA Econômica Federal e do Governo Federal - nasce da escuta da floresta como sujeito vivo e de seus espíritos como mestres e parentes. Segundo a curadora, "Não estamos fora da Terra: somos a própria Terra. Em sua travessia entre tempos e mundos, a exposição convida o público à florestania - o direito de pertencer à floresta - e a floresticidade - a condição de viver em comunhão profunda com ela. Ao apresentar pinturas inéditas, que traduzem em imagens os cantos sagrados huni meka, o coletivo MAHKU reafirma não só a dimensão espiritual de sua produção, mas principalmente, a luta concreta pela reconquista de territórios ao redor das aldeias Huni Kuin, garantindo a preservação da floresta e de seus saberes ancestrais."

A produção do MAHKU é inseparável da luta pela preservação da floresta e dos territórios indígenas. Suas obras revivem narrativas míticas, ao mesmo tempo em que denunciam as ameaças do desmatamento, as disputas territoriais e a perda da biodiversidade. O lema “vende tela, compra tela” traduz a força dessa prática: as pinturas são ato político, instrumento de resistência cultural e reconquista territorial. O coletivo direciona a venda de suas telas para a aquisição de terras ao redor das aldeias Huni Kuin, assegurando a proteção da floresta e de seu povo. 

O núcleo principal da mostra é formado por pinturas sobre tela em grandes e médios formatos, mas a exposição se expande para além das paredes da galeria com a realização de um mural em grande formato - 30m x 4m - que será pintado pelos artistas integrantes do coletivo MAHKU na fachada da CAIXA Cultural Belém. A obra pública que será concebida integra à mostra como gesto de ampliação e diálogo, dissolvendo fronteiras entre arte e cidade; tradição e contemporaneidade; espiritualidade e ação política, ao mesmo tempo em que convida o público a experimentar a força e a presença da floresta no cotidiano urbano.

A expografia, também assinada por Aline Ambrósio, valoriza a dimensão imersiva das obras, concebendo a galeria como um espaço de atravessamento espiritual, onde pintura, canto, medicinas e a presença da floresta se entrelaçam. O painel central, sinuoso e em formato de jiboia, remete ao povo Huni Kuin, conhecido como povo-jiboia. “A narrativa curatorial e a expografia se entrelaçam e são conduzidas por Yube, a jiboia mítica do povo Huni Kuin. Guardiã do nixi pae (ayahuasca), mestra dos grafismos (kene) e a mais importante xamã, Yube atravessa terra e água; corpo e espírito; tempo e sonho. É dela que emanam os padrões visuais que sustentam a vida e a arte do povo jiboia (povo huni kuin), inspirando pinturas corporais, cerâmicas, tecelagem, jóias, arquiteturas e as telas do MAHKU. A exposição convida a colocar corpo e espírito em escuta ativa, a ver com os olhos da jiboia e a sentir a Terra como parte de si, pois nós não estamos na floresta: nós somos a floresta”, explica Ambrósio. 

A exposição coincide com a COP30 e com a semana do Círio de Nazaré, maior evento religioso da Amazônia, que mobiliza fé, espiritualidade e multidões em Belém. Nesse contexto, a mostra estabelece um diálogo profundo entre tradições espirituais: “as obras do MAHKU são mais do que pinturas - são presenças vivas, manifestações da própria fala dos espíritos da floresta. Não por acaso, MAHKU significa espírito. Enquanto a COP30 transforma Belém em palco de debates globais sobre clima, território e futuro da Terra, o Círio mobiliza a fé e a espiritualidade de milhões de devotos em celebração. O MAHKU se insere nesse contexto como uma voz direta da floresta: suas obras transmitem os cantos que evocam equilíbrio, cura e preservação, reforçando a urgência de ouvir os povos originários na construção de soluções para a crise climática”, pontua Aline Ambrósio.

Sobre o coletivo

O MAHKU - Movimento dos Artistas Huni Kuin é um coletivo de artistas indígenas originários da Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão, no Acre. Suas obras traduzem visualmente os cantos sagrados huni meka, transformando a oralidade em pintura e estabelecendo diálogos entre mundos. O coletivo já realizou exposições em instituições como MASP, Pinacoteca de São Paulo, Fondation Cartier (Paris), além de ter participado da 60ª Bienal de Veneza, consolidando-se como uma das vozes mais potentes da arte indígena contemporânea no cenário global.

Sobre a curadora

Aline Ambrósio é curadora, expógrafa, pesquisadora e produtora cultural. Indígena Tupi-Guarani e mestranda pela FAU-USP, possui sólida formação em Arquitetura, Urbanismo e Design, além de especializações em Produção de Exposições e Sustentabilidade. Com nove anos de experiência em pesquisa apoiada por instituições como USP, CAPES e CNPq, dedica-se à curadoria, expografia e à crítica de arte, com ênfase em arte contemporânea, natureza, ancestralidade e decolonialidade. É professora de pós-graduação em Museologia, Expografia e Cenografia (PUC Minas) e atua como curadora independente, com projetos realizados em instituições como Pinacoteca de São Paulo, CCBB, IMS, Museu Oscar Niemeyer, SESC-SP e Museu Nacional da República. Entre suas exposições recentes estão “Despertar à Terra” (Salão de Abril, 2025), “Kapewe Pukêní: Huni Kuin Atravessando Mundos” (Manaus, 2024), “Interespécies: Cruzando Mundos” (13ª Mostra 3M de Arte, 2024) e “Botanica Tirannica", de Giselle Beiguelman  (SESC SP, 2023).

Serviço
Espíritos da Floresta: MAHKU”

Curadoria e Expografia: Aline Ambrósio

Período de visitação: 09 de outubro de 2025 a 25 de janeiro de 2026

Local: Caixa Cultural Belém | Av. Mal. Hermes, S/N – Armazém 6 – Umarizal, Belém/PA

Horário de funcionamento: terça a sábado, das 11h às 22h; domingo e feriado, das 12h às 22h

Entrada gratuita

Realização: Aline Ambrósio Produção LTDA

Patrocínio: CAIXA Econômica Federal e Governo Federal