Obras surgiram durante a primeira edição do curso Metodologia Yankatu, que visa promover parcerias mais sustentáveis em trabalhos colaborativos
Museu A CASA recebe exposição que reúne trabalhos resultados da colaboração entre artesãos e novos artistas
Entre os dias 30 de novembro e 8 de dezembro, o Museu A Casa do Objeto Brasileiro recebe a exposição Ser e Pertencer | Diálogos e Transformações. A mostra apresenta obras e instalações artísticas que resultam da interação entre artesãos de diferentes regiões do Brasil e alunos do curso Metodologia Yankatu - Artesanato para Além das Tendências, idealizado e ministrado pela designer, artista e pesquisadora Maria Fernanda Paes de Barros. Passando por diferentes técnicas, materiais e histórias, o curso - que aconteceu entre Maio e Novembro de 2024 - apresentou formas de desenvolver parcerias com artesãos e comunidades de artesanato, a partir de um olhar que passa por relações mais sustentáveis e lineares, resultando numa troca de saberes de forma bilateral.
“Todo o processo das aulas foi permeado por trocas muito sinceras que tiveram reflexos tanto coletivos, quanto individuais. A sensação é de que fomos muito mais longe do que o inicialmente proposto, não apenas ampliando o olhar para o artesanato para além do produto, da técnica e da tradição, trazendo elementos importantes que nos fazem englobar também questões ambientais, sociais e necessidades de todos envolvidos neste processo, mas também trabalhando em cada aluno suas próprias inseguranças e limitações que afloraram no contato com a ancestralidade. Com isso, foram geradas sete obras completamente distintas, mas que são capazes de refletir a soma das identidades dos artesãos e dos alunos”, afirma Maria Fernanda.
No projeto, oito artesãos e grupos artesanais trabalharam com os alunos que possuem formações e profissões que não necessariamente estavam ligadas ao universo criativo das artes. Em parceria com Kulykirda, Waxamani e Paipualu Mehinaku, da etnia Mehinaku do Território Indígena do Xingu, no Mato Grosso, o arquiteto Thales Sportero desenvolveu a Coleção Afetos, que reúne obras que remetem à construção das afetividades e luminárias que unem o trabalho dos homens e das mulheres da aldeia, jogando luz sobre o artesanato da etnia. Já a executiva e publicitária Maria Amália Ignácio trabalhou com a Comunidade de Urucureá, no Pará, com artesãs que trançam e tingem a palha de tucumã, palmeira nativa da floresta amazônica. Sua obra reúne os tradicionais souplats feitos na comunidade, em uma peça que pode ser utilizada como uma cabeceira de cama.
Sendo a única aluna a já ter uma carreira estabelecida como designer, Maria Helena Emediato, que já havia trabalhado em diversos momentos ao lado do artesão Wagner Trindade e da ceramista Deuzani Gomes do Santos desenvolveu uma obra que entrelaça contas de cerâmica - característica marcante de suas criações - com retalhos de latão, cobre e outros metais, conhecidos como chãos de estrela.
O empresário e colecionador Thiago Marcondes também trabalha com artesãos mineiros. Em homenagem ao Vale do Jequitinhonha, ele traz uma instalação com elementos culturais que remetem ao surgimento das feiras de artesanato da região, com trabalhos de vários artistas e da Deuzani, que pintou na cerâmica algumas cenas do cotidiano do Vale. Já de Tiradentes, ele trabalha com Wagner Trindade. Também se voltando para o Jequitinhonha, a bióloga Elena Sakuda trabalha em parceria com a artesã Gil Barbosa do Santos, apresentando uma ilustração ampliada com sobreposições de azulejos de cerâmica pintados pela artesã e com tecidos selecionados por Elena. A obra é pintada com pigmentos naturais gerados a partir das diferentes tonalidades de barro encontradas no Vale.
O jornalista Angelo Miguel apresenta uma peça de vestuário que resulta de sua identificação com a artesã Zana Maria. Filho de uma costureira, modelista e cozinheira - mesmas profissões de Zana - ele idealizou o Colete Florescer, que exalta a tradicional técnica dos fuxicos associada a outras ferramentas têxteis, como sobreposição e o bordado. Por fim, expandindo as possibilidade de criação para além do objeto, a psicóloga Cristina Tomé produziu um vídeo-arte com o título A voz artesã: artesanato, design e criação, que traz depoimentos dos cinco artesãos e da designer Maria Fernanda, colocando suas vozes em um movimento que propõe a costura de saberes.
Sábado tem roda de conversa sobre o trabalho colaborativo no artesanato
A abertura da mostra será marcada pelo Papo de Casa, roda de conversa mensal da instituição que visa trazer discussões acerca da produção artesanal e do design brasileiros. Com mediação de Maria Fernanda, o tema é O Artesanato para Além das Tendências: O papel social de todos nós. A edição conta com a presença de Renata Mellão, diretora do Museu A Casa, Jô Masson, diretora executiva da Artesol, uma das principais ONGs do setor no Brasil; do estilista Antonio Castro, mente criativa por trás da FOZ, marca de moda brasileira que integra o line-up da São Paulo Fashion Week - SPFW; e do jornalista especializado em artesanato Angelo Miguel. A exposição ficará em cartaz de quinta a domingo, fechando apenas na segunda-feira, dia 2 de dezembro.
SERVIÇO
Exposição Ser e Pertencer | Diálogos e Transformações
Abertura: 30 de novembro, sábado, às 10h
Visitação: Quinta a domingo, das 10h às 18h até dia 8 de dezembro de 2024
Entrada Gratuita | Prédio com a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida
Av. Pedroso de Morais, 1216/1234
Pinheiros • São Paulo, SP
05420-001
Transporte Público
Estação mais próxima: Faria Lima - Linha4
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