Natural de Goioerê, no Paraná, e com 26 anos, o artista visual Gustavo Magalhães vem se dedicando à pintura desde 2013. Suas obras estabelecem um diálogo com a historiografia da arte e abordam temas como raça, identidade, materialidade e violência.
O artista utiliza como suporte materiais coletados das ruas, imagens de redes sociais, bancos de imagens, e produções audiovisuais. Na pintura, o "suporte" é o material sobre o qual a obra é criada.
Para Gustavo Magalhães, as especificidades dos materiais, com suas "imperfeições" como rachaduras, texturas disformes e memórias impressas nas superfícies, são fundamentais para a construção pictórica. O suporte torna-se um elemento essencial na construção do sentido das pinturas, atribuindo novos propósitos e interpretações aos elementos, além de reivindicar um novo tempo e uma nova forma de olhar. “Suporte e pintura se mesclam em um só corpo, construindo, a partir do encontro das duas e em um movimento não hierarquizado, a obra de arte”, afirma.
Em um mundo saturado por imagens, no qual o consumo diário pode banalizar o poder semântico contido nelas, o artista nos convida a refletir sobre como a lógica de consumo e descarte afeta nossa percepção e desvaloriza qualidades sensíveis e abstratas. Rafael Rodrigues, idealizador do projeto, observa que o processo de criação de Gustavo Magalhães reflete uma relação estreita entre arte e cotidiano. Ele destaca que, apesar das crises que essa relação frequentemente enfrenta, ela é mediada por uma sensibilidade que abre espaço para novas possibilidades. Para ele, o uso de materiais descartados nas pinturas não apenas remete à história da arte, mas também aborda as condições de trabalho de um artista contemporâneo racializado no Brasil atual.
Ayala Prazeres, curadora da mostra, acrescenta que a materialidade e as construções de Gustavo Magalhães constituem uma ecologia visual, na qual a matéria tem tanta importância quanto a pintura em si. Ela descreve a interação entre imagens e matéria presentes nas obras do artista como um processo simbiótico, um movimento de transformação e convivência mútua, em que as partes se fundem para gerar novas possibilidades e transições de um estado para outro.
Na data de abertura da exposição, marcada para o dia 24 de setembro às 15h, o artista realizará uma visita guiada ao lado da curadora Ayala Prazeres, dialogando com o público sobre o processo criativo que resultou nas impressionantes obras pintadas a óleo. A visita será espontânea e não requer inscrições, sendo limitada à capacidade do espaço. Visitas guiadas e oficinas também poderão ser agendadas para grupos ou instituições, por intermédio do Programa Educativo da CAIXA Cultural São Paulo: www.caixacultural.gov.br. Com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, o público terá a oportunidade de conferir a exposição gratuitamente, até o dia 24 de novembro.
SOBRE O ARTISTA:
Gustavo Magalhães (1998-), é Artista Visual natural de Goioerê/PR e produz no campo da Pintura desde 2013. É formado em Licenciatura em Artes Visuais pela FAP/UNESPAR e atualmente é mestrando do PPGAV/UNESPAR.
A partir da apropriação e descontextualização de imagens e coleta de suportes oriundos de fontes precárias, elabora trabalhos que dialogam com a historiografia da arte e questões próprias da linguagem da pintura, perpassando por assuntos como raça, identidade, materialidade e violência.
Em 2018, começa a desenvolver a série “violência” (2018-2023), com obras expostas no CUBIC4 (Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba), em 2019. Em 2022 a obra “sem título” da série “violência” passa a integrar o acervo museológico do Museu de Arte do Rio. Em 2023 acontece sua primeira exposição individual, “ATELIÊ ABERTO”, no apartamento em que o artista residia e trabalhava, transformando-o em um espaço expositivo efêmero. Mais tarde, no mesmo ano, realizou sua segunda individual, “O Irretratável”, com curadoria de Rafael Rodrigues, na Soma Galeria. Em 2024, sua terceira exposição solo “FUSÃO”, com curadoria de Ayala Prazeres, é selecionada no Programa de Ocupação dos Espaços da CAIXA Cultural RJ. Entre exposições recentes, destacam-se: Objeto Sujeito (2023), com curadoria de Pollyana Quintella, Felipe Vilas Bôas e Richard Romanini no Museu Paranaense, onde sua obra “Jogada Ensaiada” comissionada para a exposição passa a integrar o acervo da instituição; “Antes e Agora, Longe e Aqui Dentro” (2024), com curadoria de Galciani Neves no Museu Oscar Niemeyer.
SOBRE A CAIXA CULTURAL SÃO PAULO:
Inaugurada em 1989, a CAIXA Cultural São Paulo está localizada na Praça da Sé, no Edifício Sé, erguido em 1939 para ser a sede da Caixa Econômica Federal de São Paulo. Trata-se de um prédio histórico no estilo Art Déco, tombado, no qual funcionam, além da CAIXA Cultural, algumas áreas administrativas da CAIXA e a Agência Sé. No térreo do edifício situa-se a galeria D. Pedro II, com exposições temporárias, além do Grande Salão, onde são realizados espetáculos de dança, teatro, shows, debates, leituras dramáticas e palestras. No primeiro andar está a galeria Neuter Michelon e no segundo piso a Galeria Humberto Betetto, que também abrigam mostras de curta duração.
O Museu da CAIXA, com sua exposição de cunho permanente, localiza-se no 6º andar do edifício, contando com instalações originais, mobiliários e equipamentos preservados desde a década de 1930. A visitação, que também pode ser monitorada, individualmente ou em grupo, permite uma verdadeira imersão no tempo e uma reflexão sobre o papel fundamental da instituição no desenvolvimento do país. Neste mesmo andar estão localizadas a Sala de Oficinas e o Auditório. A CAIXA Cultural São Paulo é de fácil acesso ao público, pois o Edifício Sé está a 100m da Estação Sé do Metrô.
SERVIÇO:
Exposição FUSÃO
Local: CAIXA Cultural São Paulo - Praça da Sé, 111 - Centro Histórico de São
Paulo, São Paulo – SP
Visitação: De 24 de setembro a 24 de novembro de 2024
Horário: de terça a domingo, das 9h às 18h
Ingressos: entrada gratuita
Informações: (11) 3321-4400
www.caixacultural.gov.br e @caixaculturalsp
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
Realização: Rafael Rodrigues
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