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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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terça-feira, 11 de junho de 2019

exposição Niobe Xandó - SP

mais imagens: https://bit.ly/2YwJjPm

Galeria Simões de Assis | São Paulo apresenta:
Niobe Xandó

Paralelamente, a SIM Galeria realiza a coletiva Hiato, com curadoria de Michelle Sommer

Um panorama da produção de Niobe Xandó (1915Campos Novos Paulista, SP – 2010, São Paulo, SP) pode ser conferido nesta exposição organizada pela sede paulistana da Simões de Assis Galeria, que reúne cerca de 50 obras concebidas de 1960 a 1992. São mais de 30 óleos sobre tela, além de 15 trabalhos sobre papel e cinco Totens que apontam a trajetória de uma das mais originais artistas brasileiras que preferiu dialogar com várias manifestações a se inserir em só um movimento. Com isso tornou-se detentora de uma narrativa particular marcante na história da arte brasileira.  
Na exposição há obras da década de 60, período em que Niobe Xandó abandona o figurativo e se aproxima da abstração, quando começa a desenvolver o tema das Máscaras, que percorreu toda a sua obra. O mesmo acontece com os Totens em que a artista recobre volumes de madeira com as linhas e cores usadas nas Máscaras. Essas obras tiveram influência do período em viveu na Bahia e descobriu o Afro, fase em que também somou estudos sobre as artes pré-colombiana e indígena brasileira.
A Abstração na obra de Xandó é o que ela dizia ser o resultado de um choque do homem primitivo com o homem atual, conforme havia declarado para Maria Ignez Corrêa da Costa” (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro/RJ, 06/08/1969), segundo a pesquisa de María Iñigo Clavo, em seu texto para esta exposição. Trata-se do embate entre o arcaico e o contemporâneo. “É o que ela chamou de mecanicismo, em um encontro crítico entre o progresso e a ciência com a espiritualidade”, diz a crítica. Segundo Clavo, os retratos mecanicistas de Xandó de subjetividades tecnológicas e arcaicas em desintegração, como em As seis máscaras (1972), Máscaras LXII/ O diálogo(1968) ou Máscaras XXV/ O jogo I (1968), são também futurismos interrompidos pela atemporalidade do jogo, da cor, das repetições seriais imperfeitas, das tecnologias defeituosas e dos gestos.
Neste mesmo periodo, de 1960 a 1970 Xandó teve sintonia também com o letrismo, movimento que pretendia criar uma nova escrita com base em símbolos. Clavo aponta em seu texto, que Vilém Flusser, teórico que esteve muito próximo da artista, escreveu sobre uma nova língua brasileira pela qual Xandó se interessou em seus grafismos, e que representou uma revolução linguística crucial para o filósofo na forma de pensar desse homo ludens. “Nas obras de Xandó como Máscaras XIII (1980), O Enigma da Nova Escrita I (1966), ou Máscaras (1967), os grafismos podem acompanhar as máscaras, ou inclusive fazer parte delas, mas também, e sobretudo, podem virar as próprias máscaras, tornando-as então, pura linguagem”, destaca a crítica, concluindo que esse pode ser um dos encontros secretos entre o contemporâneo e o arcaico que indicava Giorgio Agamben.

SIM Galeria
Paralelamente a SIM Galeria traz a coletiva Hiato, com trabalhos de Hélio Oiticica, Juan Parada, Lais Myrrha, Ricardo Alcaide e Sam Moyer. Michelle Sommer, que assina a curadoria e o texto expositivo, parte dos Metaesquemas de Hélio Oiticica para discorrer sobre a ideia de interrupção de continuidade. Segundo a curadora, “Nestas produções artísticas, entre a ruptura da estrutura formal da composição pictórica e o vir a ser do espaço extra-pictórico ambiental, reside um hiato. Na abertura, fenda, lacuna, está a interrupção do padrão de um acontecimento contínuo para a confirmação da continuidade dos processos ambíguos”, afirma. Ao evitar abordagens formais e enquadramentos rígidos, a curadoria abre caminho para a experimentação e novas linguagens, algo presente no conjunto de obras que compõem a exposição. 
Enquanto Juan Parada e Hélio Oiticica compartilham em suas práticas investigações sobre tempos de duração, Laís Myrrha desenvolve o conceito de desconstrução em elementos construtivos ou de desordem frente uma suposta ordem ou ainda sobre o estado transitório e finito das coisas.  Já Ricardo Alcaide apresenta uma instalação inédita além de outra obra que, segundo Sommer, se relacionam com as problemáticas urbanas levantadas por Oiticica, ao ativarem “a memória viva do formalismo modernista, em um presente resistente, que tem sua estabilidade friccionada e está em constante limiar da queda”, explica. Por último, Sam Moyer apresenta Grid for Hélio (2019) e Ryōan-ji Path (2019), obras de materialidade minimalista que passeiam entre a pintura e a escultura propondo, segundo a curadora, um “híbrido equilíbrio dinâmico”.

Exposições:
Simões de Assis Galeria de Arte: Niobe Xandó
SIM Galeria: coletiva Hiato
Visitação até 17 de julho de 2019
Segunda à sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 10h às 15h


Simões de Assis Galeria
Sim Galeria | São Paulo
Rua Sarandi, 113 A
01414-010 | São Paulo | Brasil
+55 11 3062-8980

fonte:
Pool de Comunicação

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