Reprodução
O jogo de claro/escuro foi muito trabalhado por Oswald e confere a muitas de suas gravuras uma expressividade marcanteO mestre da gravura em metal brasileira
Curitiba recebe exposição com 58 obras do italiano Carlos Oswald, que na década de 1920 assinou o desenho definitivo do Cristo Redentor
Publicado em 17/01/2012 | HELENA CARNIERI
A eclosão da Primeira Guerra Mundial segurou no Brasil aquele que seria um dos principais nomes da gravura em metal por estas bandas: o italiano Carlos Oswald (1882-1971), nascido em Florença e filho de um brasileiro. Na bagagem da segunda visita que fez ao Rio de Janeiro, em 1913, prevista para durar apenas o tempo de uma exposição, ele trouxe uma técnica apurada na execução da arte – incipiente no país daqueles tempos, mas que na Europa já era considerada uma válida e interessante forma de expressão.
Ainda em Florença, Oswald realizou cerca de 30 gravuras em metal que integram um conjunto de 58 obras pertencentes ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que agora é exposto na Caixa Cultural sob o nome O Resgate de um Mestre, com abertura hoje às 19h30.
Impossibilitado de voltar à Europa em guerra, o artista criou vínculos com a então capital nacional. No Rio, ele casou-se, criou sete filhos e abriu a primeira escola de gravura do país. Sua trajetória também inclui uma gigantesca contribuição simbólica ao país: de seu ateliê saíram, no início da década de 1920, os croquis da estátua do Cristo Redentor, executada em Paris por Paul Landowski.Símbolo
Entre os paranaenses, Oswald exerceu considerável influência ao ser professor de Poty Lazzarotto (1924-1998) no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. “Apesar de Poty ter um traço único, completamente diferente, ele aprimorou sua técnica com Oswald”, comenta o curador da exposição, Paulo Vergolino.
Entre os temas escolhidos por Oswald ao longo de sua produção de gravuras, são recorrentes as citações religiosas, as paisagens e muitas figuras humanas. “Colhi trabalhos raríssimos, passando por todas as fases do artista”, explica Vergolino. Ele cita a precisão no uso do claro/escuro e o traço firme como características marcantes de sua obra.
Com apuro técnico como artista e professor, Oswald contribuiu para elevar a gravura do patamar de mera reprodução da realidade.
Carlos Oswald – O Resgate de um Mestre. Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5114. Abertura hoje, às 19h30, com a presença do curador Paulo Vergolino. De 3ª a 5ª, das 9h às 20h; 6ª e sáb., das 10h às 21h; dom., das 10h às 19h.
Até 26 de fevereiro.
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