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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sesc Bom Retiro apresenta a Exposição “Travessias Ocultas - Lastro Bolívia” - SP

 
Sesc Bom Retiro apresenta a Exposição “Travessias Ocultas - Lastro Bolívia”
A mostra faz alusão direta a referências Andinas tanto pela perspectiva das artistas residentes quanto pelas trocas com interlocutores bolivianos no Brasil e na Bolívia
Entre 27 de janeiro e 06 de maio, o Sesc Bom Retiro apresenta a exposição Travessias Ocultas - Lastro Bolívia, resultado da residência artística que aconteceu entre os meses de dezembro 2016 e janeiro 2017 e se configurou em uma viagem pelo território boliviano, de Santa Cruz de La Sierra, passando por Samaipata, La Paz e por um período no Lago Titicaca, mais precisamente na Isla Del Sol. A residência coletiva e autônoma contou com a participação das artistas, Denise Alves-Rodrigues (SP), Fernanda Porto (CE), Isadora Brant (SP), Julia Franco Braga (CE), Laura Berbert (MG), Patrícia Araújo (CE), Jonas Van Holanda (CE) e Valentina D’Avenia (SUIÇA) da curadora convidada Maria Catarina Duncan (RJ) e da curadora Beatriz Lemos (RJ).
Da experiência de viagem somou-se a continuidade dos encontros como grupo de estudos e, após um ano, a residência é materializada em exposição. Os trabalhos reunidos derivam de pesquisas desenvolvidas em solo boliviano, idealizados durante a experiência de trânsito, e se localizam em um universo comum da adivinhação, da criação fantástica, dos rituais, oráculos, jogos, mapas e calendários. Foram postos em prática estudos sobre a cosmovisão andina e o contexto político na Bolívia atual, trazendo referências desde entidades como Mama Quila e Pacha Mama até questões polêmicas e históricas como a disputa territorial pelo mar e o plebiscito que mudaria a constituição garantindo a possibilidade de candidatura do atual presidente Evo Morales ao quarto mandato.
A exposição sediada, não por acaso, no bairro do Bom Retiro, onde há grande concentração da comunidade boliviana em São Paulo, uma das mais populosas e ativas comunidades na cidade, que conta com quase 200 mil pessoas. As artistas, curadoras e produtoras do projeto estão em contato com grupos da comunidade boliviana a fim de abrir espaços para uma interlocução maior entre a exposição e imigrantes da Bolívia em São Paulo. A mostra faz alusão direta a referências andinas tanto pela perspectiva das artistas residentes quanto pelas trocas com interlocutores bolivianos no Brasil e na Bolívia. Como fruto dessa interlocução haverá contribuições de artistas e intelectuais bolivianos em um guia exclusivamente desenvolvido para a exposição (entre eles Silvia Rivera Cusicanqui, Matecha Rojas e Julieta Paredes), uma programação complementar de cursos e palestras, ações comunitárias e uma grande festa durante a abertura em parceria com a feira da Kantuta, com apresentação musical, artesanato e comida boliviana. O ensejo do projeto parte da compreensão das confluências e contradições proporcionadas pela forte presença da cultura boliviana na cidade de São Paulo.
A exposição provoca a desautomação do pensamento hegemônico para romper com os padrões adotados e permitir uma reflexão sobre o processo ocidental-colonizador que nações como Brasil e Bolívia têm em suas histórias. A concepção de vida aymara e o culto a Pacha Mama em práticas políticas e privadas vão em direção oposta às lógicas ocidentais vigentes e do sistema capitalista, o que faz da Bolívia o único país latino-americano rotulado no cerne dos “Estados Descolonizantes de Colonos”, locais que têm, em certa medida, recuperado o controle político de seus colonizadores.
Como forma de resistência e manifestação política,  esta foi toda desenvolvida por mulheres, tanto na seleção das artistas quanto da equipe de produção e arquitetura. A disposição arquitetônica da mostra é desenhada pela arquiteta Isa Gebara e evoca uma dimensão labiríntica semelhante à feira ao ar livre da cidade de El Alto e a arquitetura neo andina - tendo as obras dispostas em um fluxo circular, sem início ou fim, conforme o pensamento filosófico aymara sobre o tempo.
Descolonizar a compreensão do que é o tempo, para se dar a contemporaneidade das existências no mesmo instante, é uma das lutas internacionais do feminismo comunitário, movimento de mulheres bolivianas, iniciado por Mujeres Creando Comunidad, fundado pela ativista de origem aymara Julieta Paredes. O movimento marcha pela despatriarcalização como base para as políticas públicas do país e, ao lado de outras iniciativas recentes como o coletivo Ninguna a Menos, da Argentina, se estabelece como a nova vertente do movimento feminista na América Latina.
A fim de cruzar fronteiras e, assim, diminuí-las as artistas e curadoras se encontraram pelo interesse comum por construções de narrativas não ocidentais, pela busca às ancestralidades, aos conhecimentos provindos do oculto e à necessidade de praticar espiritualidade e política no cotidiano. Percebe-se uma presença, ainda tímida, mas crescente, de práticas ancestrais nas sociedades urbanas contemporâneas, a Bolívia apresenta a multiplicidade dos pensamentos de povos originários através de ensinamentos diários e atiça questionamentos sobre formas de resistência e atuação micro-política. A residência se firmou na urgência de uma total abertura de caminhos, uma ode para que o corpo da mulher, o corpo feminino, o corpo lésbico, hetero e trans tenham livre trânsito no mundo e na América Latina.
Esta exposição é dedicada a todas as imigrantes e os imigrantes que resistem.

PROGRAMAÇÃO DE ABERTURA
Sábado, 27 de Janeiro.
11 às 19h - Feira de cultura boliviana - No contexto de abertura da exposição "Travessias Ocultas - Lastro Bolívia" o Sesc Bom Retiro recebe uma feira de artesanato e gastronomia boliviana, organizada em parceria com a feira da Kantuta.

O público vai encontrar quitutes típicos e temperos andinos, assim como produtos industrializados populares. Além disso, tecidos, malhas, bordados, flautas e outros objetos também serão expostos e vendidos.

12h – Projeto Son de América (Coreografias andinas)
O projeto Son de América toca músicas populares latino-americanas e bolivianas enquanto diferentes grupos de dança se apresentam, com coreografias tradicionais da cultura andina.
Os grupos “Ventos Andinos”, “Fra Salay Bolívia”, “Grupo Folclórico Kantuta Bolivia”e “Tinkus San Simon” se apresentam em três horários, 12h, 14h e 17h.
 Na praça de convivência - Grátis

 
Domingo, 28 de Janeiro.
11h às 14h - Oficina tullmas (pompom andino).
Nesta atividade o público vai aprender com a “Equipe de Base Warmis – Convergência de cultura”, formada por mulheres imigrantes, técnica e conhecimentos milenares usadas até hoje para a confecção de tullmas. Na sala de oficinas – 25 vagas.

13h30 - Apresentação “Lakitas Sinchi Warmis”.
Grupo de música andina composto por mulheres imigrantes e filhas de imigrantes que resgatam sua cultura através da interpretação de músicas tradicionais andinas.
 Na praça de convivência - Grátis.
15h às 17h - Oficina de flautas lakitas para crianças com Equipe de Base Warmis - Convergência das Culturas. Os participantes vão aprender sobre o processo de montagem de uma Lakita, a flauta tradicional boliviana. Além disso, vão entrar em contato com técnicas básicas de sopro com o instrumento.
Sala de oficinas – 25 vagas
16h - Show do grupo de Rap Santa Mala. O trio é formado por Abigail, Pamela e Jenny Mamani Llanquechoque, três irmãs mc's de La Paz, Bolívia, que vivem em São Paulo e se dizem responsáveis por um rap "de minas", "de bolivianas" e "de barrio" que preenchem com toda a força das suas realidades. O machismo na cena na cena hip hop é um tema recorrente em suas letras, assim como os direitos humanos e a imigração.
Na praça de convivência - Grátis

Travessias Ocultas - Lastro Bolívia
Espaço de exposição. 2º andar.
Grátis.
Abertura: 27/1, às 11h.
De 27/01 a 06/05/2017.
Terça a Sexta das 9h às 21h. Sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, às 10h às 18h.
A visitação é gratuita, de terça a sexta, das 9h às 21h; sábados, das 10h às 21h, domingos e feriados, das 10h às 18h. O endereço do Sesc Bom Retiro é Al. Nothmann, 185. Mais informações pelo telefone 3332-3600; pelo portalwww.sescsp.org.br/bomretiro.
Grupos poderão fazer o agendamento através do e-mailagendamento@bomretiro.sescsp.org.br ou pelo telefone (11) 3332-3668.
Endereço - Sesc Bom Retiro
Al. Nothmann, 185 – Bom Retiro
Acessibilidade: Entrada com acesso para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Estacionamento próprio. Valores: Com apresentação de Credencial Plena - R$ 5,50 até uma hora; R$ 2,00 adicional por hora.
Não credenciados - R$ 12,00 até uma hora; R$ 3,00 adicional por hora.
Tel: 3332 3600. Horário de funcionamento da unidade: de terça a sexta, das 9h às 21h; sábados das 10h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h.

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