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(Maria Regina Pinto Pereira)

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Chicama - Marcus André - RJ

Desenhando com a cor por Marco Giannotti


Desenhando com a cor
MARCO GIANNOTTI
Para um pintor, o eterno conflito entre desenho e cor não é só fonte de angustia, mas também uma maneira de se inserir e compreender a história da arte no mundo contemporâneo. Essa famosa disputa alimentou debates ferrenhos durante o Renascimento entre a escola florentina e veneziana, bem como o debate entre aqueles que defendem Poussin, Ingres ou até mesmo Picasso versus Rubens, Delacroix e Matisse. Como a pintura vive de ilusões (a perspectiva é um exemplo), tal querela fomentou a criação pictórica no ocidente. Afinal de contas, todo pintor adquire maturidade artística quando resolve de certa forma esse dilema. A maneira como cada um resolve a questão faz da escolha de uma técnica a afirmação de uma poética.
Marcus André adquiriu maturidade pictórica ao escolher a têmpera e principalmente a encáustica para realizar suas pinturas. Uma das peculiaridades do seu trabalho é como ele faz uso da cera derretida. O manejar a cera liquida com pigmento, o artista recorta a superfície pictórica com linhas cromáticas. Ao fazer o contraponto dessas linhas com recortes que aludem a empenas arquitetônicas, Marcus André nos faz ver uma paisagem urbana: por um instante, o horizonte se afirma, postes de luz, oleodutos, estradas, fábricas, casas parecem se insinuar. Mais uma vez o artista faz da ilusão um artifício, pois a paisagem pode desvanecer a qualquer instante, e voltamos a nos deparar com a força bruta da cor, do pigmento e da cera. Mas este jogo de alquimias sempre nos faz rememorar paisagens e mundos distantes, que entretanto, fazem parte da nossa paisagem, aqui, agora.
Marco Giannotti, Outubro, 2013

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