concursos, exposições, curiosidades... sobre arte
escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

http://maregina-arte.blogspot.com/

sábado, 28 de janeiro de 2012

soma das formas

Aldrich Contemporary Art Museum presents the work of Brazilian artist Barrão



Barrão, Seus Afluentes, 2011. Courtesy of the artist and Galeria Fortes Vilaça, São Paulo.

RIDGEFIELD, CT.- Brazilian artist Barrão re-purposes popular ceramics he finds at second-hand stores, flea markets, and dumpsters by clustering them all together for the production of his large-scale, whimsical sculptures.

Mashups, the artist’s first solo museum exhibition in the United States, will open at The Aldrich Contemporary Art Museum on January 29, 2012. It will present three works built from fragments of preexisting objects, including an exotic five-foot-tall tree made from glued-together decorative porcelains. Instead of producing tropical fruits, the tree sprouts a diversity of creatures, including roosters, dogs, and swans.

Barrão’s free-spirited juxtaposition of the remnants of functional and decorative objects establishes new sets of relationships between the parts. United in his sculptures, the disparate pieces are freed from their previous functions to form a whole new identity, one that escapes immediate commodification. The sculptures transform the detritus of our everyday lives into new configurations, inserting discarded objects back into circulation as art works, with an ample balance of presence and mystery.

Curator Mónica Ramírez Montagut has written about Barrão’s work for an illustrated monograph published by The Aldrich in association with Mashups, available from the Museum store. She says, “Modern consumerism fosters a constant desire to acquire and amass a surplus of objects and consumer goods, like popular ceramics. Barrão shares the street vendor’s fascination with forsaken objects that were once perceived as valuable and now find themselves homeless, objects that used to be considered beautiful and are now kitsch, and that were previously a sign of their times and are now passé. His sculptures have the power of enchantment, rewarding viewers who take the time to identify and acknowledge their perception of the works.”

Found Opening: The Aldrich Contemporary Art Museum will celebrate the opening of Barrão: Mashups along with five other Found exhibitions—by artists who work with appropriated ideas and salvaged materials—at a reception on Sunday, January 29, 2012, from 3 to 5 pm ($7 adults; $4 seniors; FREE for members, pre-K–12 teachers, and children 18 and under). Prior to the reception, the Museum will host a panel from 2 to 3 pm, where artists Barrão, Jim Dingilian, Roy McMakin, and Kathryn Spence will discuss their relationships with the found objects central to their work. Onsite parking is available, as is direct round-trip transportation from New York City.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Rodrigo Zeferino | Terra Cortada


Rodrigo Zeferino | Terra Cortada

De 28 de Janeiro a 03 de Março, 2012

De 28 de janeiro a 3 de março, o artista mineiro Rodrigo Zeferino inicia o período expositivo da Zipper Galeria com a série Terra Cortada - 14 fotos que evidenciam a intervenção do homem sobre a natureza. As imagens da série mostram relevos e barrancos, das regiões montanhosas de Minas Gerais, literalmente cortados para a realização de obras de engenharia, estradas em sua maioria.
Em Terra Cortada, o diferencial nas fotos fica por conta do uso da técnica de fotografia noturna, que traz à tona luzes e cores praticamente invisíveis ao olho humano, além de potencializar a visualização de detalhes como rastros de estrelas e as várias camadas formadas pela sedimentação da terra, cada uma com um tom diferente. A junção de luz natural e iluminação urbana compõe as imagens registradas por Rodrigo Zeferino.
Segundo Zeferino, a série foge à fotografia convencional já que, com o auxílio da baixa velocidade do obturador da câmera, as cores das imagens se tornam bastante inverossímeis. “A luz está lá, e é exatamente daquela cor, mas como são luzes muito baixas, o olho não consegue ver. Só a fotografia dá conta de revelar”, comenta. Nessa série, o artista tenta desestabilizar a percepção visual comum ao desconstruir o registro da paisagem, um dos gêneros mais tradicionais da história da arte. A fotografia altamente técnica de Rodrigo Zeferino ganha destaque também na impressão feita a jato de tinta sobre papel algodão, sugerindo um efeito aveludado.

Efeito da saturação distorce a realidade
Para Rodrigo Zeferino, as fotos reunidas na série Terra Cortada representam tudo aquilo que escapa à apreensão do olho humano. “A terra, o céu e seus elementos são percebidos de forma mais detalhada, por conta da luz absorvida pela câmera com os longos tempos de exposição, que vão de 30 segundos a 20 minutos. Toda essa luz, invisível ao olho humano, torna as cores mais vibrantes e revela inúmeros detalhes que geralmente passam despercebidos. Com essa técnica, um novo universo se ergue diante dos olhos do espectador”, comenta.
Algumas das imagens parecem ter sido feitas durante o dia, mas o fotógrafo apenas explorou a luz da lua, que é a mesma luz do sol refletida, porém em muito menor intensidade. Combinada com a iluminação pública de diferentes tipos e colorações variadas, o artista cria cenários fantasiosos. Em paralelo, Rodrigo Zeferino consegue contrapor esses cenários à presença incisiva da passagem que o homem transformou, com a agressividade representada pelos cortes no relevo que remetem a enormes feridas na terra.

Texto curatorial por Eder Chiodetto
Abrir picada, caminho, estrada. É preciso ir em frente. É preciso? Na obstinação de ampliar sua fatia de território, o homem rasga, edifica, molda a paisagem. No trânsito entre o ter sido e o vir a ser da paisagem, acumulam-se vestígios, restam restos. Grandes monumentos construídos em honra ao absolutamente nada.
Volumes amorfos de uma paisagem que ao ser transformada deixa de ser o que foi sem, no entanto, se constituir numa forma lógica ou adquirir uma nova função. A terra cortada, nua, num súbito, revela suas até então segredadas camadas de sedimentos que rabiscam, desenham e colorem em texturas improváveis. Terra à vista!
Essa paisagem-estorvo, em formato de barrancos abandonados, parece clamar por uma significação, um novo sentido que a livre da descomunal aparência que a atitude grotesca da engenharia civil lhe impôs. Essa inútil paisagem antiestética, extirpada de sua origem para ser desvelada crua e cruelmente, não se dá à contemplação do belo, não possui função social, mas nem por isso silencia e tampouco sua escala a deixa passar despercebida.
Fora justamente esse clamor, esse sussurro emitido pelos grotões com suas cicatrizes expostas, que servira de detonador do processo criativo do artista Rodrigo Zeferino. O paradoxo da paisagem, transformada num estrondoso monumento ao absolutamente nada, é o ponto de partida para que o artista perceba esse circuito de significação interrompido e o leve adiante esgarçando, por sua vez, os limites da linguagem fotográfica para que, enfim, a paisagem encontre uma representação que lhe afirme um lugar no mundo.
No mundo? Sim, no infinito e particular mundo simbólico e imaginário que Zeferino vem aos poucos constituindo e nos revelando em suas séries que comumente equacionam de forma original e inesperada o embate entre a luz e seus efeitos sobre a terra. Ou seria sobre a Terra – posto que na essência, seu trabalho possui a capacidade de verter o microcosmo do aparentemente banal na percepção poética do universo em escala macro?
Para representar esse mundo particular, sideral, fantástico, Zeferino cria estratégias que possibilitam "magicizar" a paisagem. As intervenções radicais feitas pela engenharia ao esculpir violentamente a terra encontram um correlato no uso que o artista faz da fotografia. Uma transgressão se sobrepõe a outra. Logo, Zeferino corrompe, de certa forma, os códigos padronizados da fotografia.
As imagens de Terra Cortada estão longe de ser a devolução mecânica e respeitosa que a fotografia de paisagem em geral devota aos monumentos. A fotografia atua nesse circuito de significados criado por Zeferino com a função de desestabilizar a percepção visual comum. Assim, o estranhamento da paisagem encontra seu duplo na forma errática que o artista vai utilizar ao fotografar com longas exposições e o uso de luzes artificiais que conferem à imagem final uma estética de contornos irreais, ainda que factíveis.
Ao final do processo a imagem representa exatamente aquilo que escapa à apreensão do olho humano. Paradoxalmente a fotografia não certifica o existente, mas documenta o que nos escapa. Imagem-imaginação! A paisagem comum se torna cenário, vestígio contundente, agora, de um lugar inapreensível, estelar, lunar.
A terra revolvida e sem sentido agora serve de símbolo de um universo inventado por meio da iconografia do artista que encontrou o seu devir poético na junção improvável dos escombros deixados pelos arroubos expansionistas do homem com a capacidade da fotografia em criar mundos paralelos à realidade.
Essas estratégias meticulosamente tramadas por Zeferino por vezes nos levam, em determinadas imagens, a antever uma paisagem lunar ou mesmo as florestas encantadas das narrativas das histórias infantis ou da literatura fantástica, porém, com a presença incisiva da passagem transformadora do homem.
A alquimia que resulta do processo do artista finda por reconectar o outrora abandonado e desenraizado grotão de terra ao cosmos. O céu em movimento, as estrelas em rebuliço, a terra cortada que denuncia a onipresença humana, o tempo que flui dessas fotografias. As imagens de Rodrigo Zeferino ecoam a ancestralidade do que se perpetua no Cosmos à revelia da ação do homem.

Outras séries de Zeferino
A fotografia de paisagem é o principal gênero da obra deste fotógrafo mineiro. Na série Caixas, Zeferino teve seu foco na arquitetura peculiar das quase 20 cidades que formam o Vale do Aço, em Minas Gerais. Registrando os galpões das indústrias, que se impõem agressivos e opressores no enquadramento escolhido por ele. Com a câmera próxima ao chão, Zeferino captou o movimento das nuvens e raios de luz, colorindo o cenário até então desoladamente cinza e rude.
Em mais uma pesquisa no Vale do Aço, com objetivo de conhecer a população rural da região, Rodrigo Zeferino usou uma lente grande angular posicionada a poucos centímetros do peito do retratado. O resultado é a série Bustos, que se aproxima tanto que não capta os olhos das pessoas, só suas mãos, cor da pele, cicatrizes e adereços.
A série Revelações, criada a partir de cores registradas à noite desde 2002, capta sutilezas da luz ao longo de 15 ou 20 minutos de exposição. Os tons quentes da iluminação pública, verdes na luz branca de alguns postes, constroem imagens aparentemente irreais, mas sem nenhuma manipulação.

Suzana Scheinkman | Inutilia


Suzana Scheinkman | Inutilia

De 28 de Janeiro a 03 de Março, 2012

Inutilia
Suzana Scheinkman pinta detalhes de um lugar muito específico e fugaz: o vértice formado pelo encontro de consumismo e hedonismo. A artista salpica nas telas um repertório de imagens de revistas de moda e decoração, signos de opulência que aproximam suas pinturas da tradição das naturezas-mortas, gênero que teve seu ápice no século 17, no barroco holandês. Naquelas pinturas do auge do mercantilismo, a riqueza tomava forma de mesas fartas, com lagostas, cristais e vinhos. Mas como conciliar o prazer da contemplação de riquezas com a ética austera do protestantismo holandês? Incluindo na cena elementos que apontassem para a efemeridade dos bens materiais e da vida terrena. Daí as caveiras em meio ao banquete nas naturezas-mortas, lembrando a morte, ou a ampulheta advertindo que o tempo passa e as riquezas materiais viram pó. Ou ainda uma fruta começando a apodrecer no meio da cesta de uvas brilhantes e pêssegos tenros. Esses elementos moralizantes das naturezas-mortas barrocas chamam-se vanitas, palavra latina para vaidade.
Nas pinturas de Suzana Scheinkman não há flores nem frutos, tampouco lagostas. Quem quer que habite esses espaços não come, apenas consome. O excesso aqui não é atenuado por elementos vanitas. Ao contrário, ele é exacerbado por elementos que podemos chamar de inutilia: I-Pods, livros, CDs, muitas roupas e sapatos de grife, bolsas caras, jóias, copos, cigarros de todos os tipos. Vanitas apontava para a efemeridade. Inutilia aceita o descartável e passageiro como regra: a contemporaneidade é o império do efêmero. Imperativos da moda do verão passado ficam aglomerados em cômodos desarrumados, que definem um estilo de vida simultaneamente caro e despojado. Nonchalant. Oscar Wilde como guru: ”Meu gosto é muito simples. Gosto do melhor de tudo.”
Nessa vida estetizada, é chique ser culto, ler algum Fernando Pessoa, ouvir música em vinil, cultuar Serge Gainsbourg, e gostar de Antonioni, todas essas referências que caracterizam os perfis de páginas do Facebook. Like. Então essas pinturas deixam de ser apenas naturezas-mortas; são também retratos de nós mesmos. Se nas naturezas-mortas holandesas os símbolos vanitas atenuavam o apego material, aqui (e nos perfis virtuais) a cultura atenua a futilidade e o consumismo exacerbado: dandismo na era do capitalismo tardio.
Mesclando o real e o representado, algumas pinturas de Suzana Scheinkman mostram pedaços de ateliês, com pincéis e tubos de tinta. Cada uma das obras dessa exposição poderia ser um objeto de luxo desses ambientes “simplesmente refinados.” Ao serem comparadas a objetos do desejo, as pinturas de Inutilia entram nelas mesmas, fazem parte daquilo que são, e resvalam na questão da necessária inutilidade da arte e do risco que essa inutilidade corre quando a obra passa a ser produto. A salvação é saber que depois do passo da compra, tudo queda inútil, espalhado pelo chão.
Paula Braga, 2012.

GRAPHIAS - de 25 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

No período de 25 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012 estão sendo apresentadas as Mostras:

1 - Edições Graphias: trabalhos impressos na oficina da Graphias, ver:http://www.graphias.com.br
  • Livros de artista de Marcello Grassmann, Luise Weiss, Salete Mulin, Júlio Minervino, entre outros;
  • Gravuras impressas para artistas apresentadas em portfólio:  Ermenlindo Nardin (gravura em metal), Frans krajcberg (xilogravura), Leon Ferrari (litografia), Judit Lauand (xilogravura)

2 - "Figuras da sombra" de Marcio Périgo, ver:http://www.graphias.com.br/mostraDetalhes.asp?id=98

3 - "Apropriações indébitas" de Luciano Bortoletto, ver: http://www.graphias.com.br/mostraDetalhes.asp?titulo=Apropria%E7%F5es%20Ind%E9bitas&id=101


terça a sexta., 10h/18h
sab., 10h/15h

em tempo: amanhã sábado, dia 28 jan, das 11h às 14h, lançamento do 20º volume da coleção artistas da usp de Francisco Maringelli, Chicão, organizado por Luiz Armando Bagolin.
Local : Pinacoteca do Estado de São Paulo, Praça da Luz, 2 - São Paulo - SP

grato
Mauro Vaz

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

convite - exposição coletiva de gravuras




exposição de gravuras

TRÊS NATUREZAS

Altina Felício, Maria Pinto e Zizi Baptista

GALERIA DE ARTE
FERNANDA PERRACINI MILANI 
Teatro Polytheama
Rua Barão de Jundiaí, 176
Centro - Jundiaí - SP
BRASIL

De 4 a 28 de Fevereiro de 2012
 
3ª a 6ª feira, das 9 às 11 horas e das 13 às 17 horas
Sábados, das 9 às 13 horas 
 
ENTRADA GRATUITA 
Realização Prefeitura de Jundiaí - Secretaria Municipal de Cultura

Inscrições abertas para o Anima Mundi 2012

Estão abertas as inscrições para seleção de participantes do 20º Festival Internacional de Animação do Brasil – Anima Mundi 2012.

A inscrição é gratuita e deve ser feita pelo site www.animamundi.com.br. A data limite para a entrega do formulário de inscrição e do DVD das obras para seleção é 22 de março.
Todas as produções devem estar concluídas no momento da inscrição, sem restrições quanto a temas ou gêneros. Serão aceitas inscrições de filmes que não tenham sido exibidos ou que foram recusados em edições anteriores do festival.
O Anima Mundi é um festival qualificado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos. Isso faz com que o filme vencedor do prêmio Melhor Curta de Animação possa ser selecionado para concorrer ao Oscar, desde que o filme cumpra todos os requisitos estabelecidos pelas regras oficiais da Academia.
A lista dos selecionados para o festival será divulgada no dia 16 de maio. O festival acontecerá de 13 a 22 de julho no Rio de Janeiro e de 25 a 29 de julho em São Paulo.
Os prêmios variam de R$ 3 mil a R$ 10 mil, de acordo com a categoria das sessões competitivas, que são: Curtas, Curtas Infantis, Curtas Brasileiros, Curtas de Estudante, Longas, Longas Infantis e Portifólio. O primeiro lugar de cada categoria receberá também um troféu Anima Mundi, além do prêmio em dinheiro.
Sessões não competitivas também fazem parte da programação do Anima Mundi: Animação em Curso, Galeria, Panorama e Mostras e Retrospectivas especiais, estão entre elas.
Há também o Prêmio Anima Mundi Itinerante, onde filmes e vídeos selecionados e convidados participam de uma mostra que percorrerá algumas cidades brasileiras durante 11 meses. Todas as obras que participarem da mostra itinerante receberão um prêmio no valor de R$ 700.
As obras devem possuir um CPB – Certificado de Produto Brasileiro ou CRT – Certificado de Registro de Título (no caso de obra publicitária), ambos fornecidos pela ANCINE. A obtenção destes certificados é de atribuição do produtor responsável pela obra. O prazo para informar o CPB/CRT das obras selecionadas é até 31 de maio.
Confira aqui o regulamento.
*Com informações do site da Ancine
Fonte:Cultura e Mercado 

Megalivro revê a história do design gráfico no país, do século 19 à era moderna

Evolução em revista
Megalivro revê a história do design gráfico no país, do século 19 à era moderna
ABI/Divulgação
Designers engajados, como Elifas Andreato, criaram capas de impacto, como a do jornal "Opinião"
Designers engajados, como Elifas Andreato, criaram capas de impacto, como a do jornal "Opinião"
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Desde que as primeiras máquinas de impressão chegaram ao Brasil nos porões da esquadra de dom João 6º, há mais de 200 anos, o design gráfico não parou no país.
Um livro que chega agora às livrarias documenta pela primeira vez toda a produção de jornais, revistas, capas de livro, discos, marcas e cartazes nos últimos dois séculos.
"Linha do Tempo do Design Gráfico no Brasil" (ed. Cosac Naify) entrega justo isso -uma cronologia alentada do que se fez nessa esfera por ilustradores como J. Carlos (1884-1950) e artistas como Di Cavalcanti (1897-1976) e Lasar Segall (1891-1957).
Nos dez capítulos do livro, há trabalhos que vão da primeira década do século 19 ao final do século passado, da era da impressão de chumbo à era dos computadores e montagens fotográficas.
"Esse livro muda um pouco a perspectiva", diz Elaine Ramos, uma das organizadoras do volume. "Ajuda a desmistificar a noção de design."
Isso porque, na amplidão da pesquisa, a linguagem modernista e construtiva dos anos 50, até hoje tida como sinônimo da produção gráfica no país, fica reservada a seu contexto histórico, cedendo espaço a manifestações de outras vertentes até hoje quase despercebidas.
ALÉM DO MODERNO
"Tem coisas lindas, de encher os olhos, que eram design no sentido estrito do termo", diz Chico Homem de Melo, outro organizador do livro. "Embora a linhagem modernista tenha obras de grande envergadura, ela dificultou que a gente olhasse para outras coisas, foi um dos efeitos colaterais dessa espécie de hegemonia moderna."
Fora dessa chave construtiva, está uma produção alinhada com o pensamento gráfico mais sofisticado dos anos 20, em que art nouveau e art déco tomaram Europa e Estados Unidos de assalto.
"Para Todos", "O Malho", "Pr'a Você", "O Arlequim", "Sports" e "Revista da Cidade" são fortes exemplos de publicações em sintonia com a escola estética que despontou na belle époque e nos chamados anos loucos de Paris, no começo do século 20.
Mas, mesmo mergulhadas numa roupagem europeia, as revistas brasileiras da época mantiveram um padrão gráfico considerado sem igual, imortalizado pelas melindrosas de J. Carlos estampadas nas capas, surfando ondas gigantes ou mergulhando em turbilhões lisérgicos de cores.
"É impressionante pegar uma revista como a 'Para Todos' nas mãos", diz Homem de Melo. "Foi um título revolucionário e muito inovador."
Do mesmo J. Carlos que estava por trás da "Para Todos", "O Malho" lançou moda já na virada para o século 20 com uma identidade visual mutante, que fazia de cada edição um exemplar diferente do anterior, com jogos cromáticos e ilustrações ousadas.
Numa delas, em pegada metalinguística, um ilustrador aparece na capa desenhando aquela mesma edição. Noutra, um personagem segura a publicação com seu próprio rosto na capa.
Depois de um hiato criativo nos anos 40, assombrados pela Segunda Guerra, a produção gráfica retomou o vigor com a linguagem construtivista dos anos 50 e na explosão desse repertório com a contracultura dos 60 e 70.
Foi a época de revistas como "Senhor" e "Realidade", a primeira dominada pelo experimentalismo dos artistas Carlos Scliar (1920-2001) e Glauco Rodrigues (1929-2004); a segunda, uma ponte para a produção gráfica moderna, num sofisticado arranjo de textos e fotografias.
Homem de Melo vê nesses trabalhos o germe do que se produz no design gráfico do país hoje, peças que sobreviveram aos anos de chumbo da ditadura e à produção mais fraca dos anos 80.
"Esse livro é um megalevantamento", resume o autor. "E não quer comprovar teses ou defender uma ou outra linha do design."