Já tradicional no calendário cultural nacional, o Festival Artes Vertentes chega à sua 12ª edição, de 16 a 26 de novembro, na cidade histórica de Tiradentes – MG, reforçando o seu compromisso com a promoção das artes de forma integrada. Com intensa programação que inclui concertos, exposições, exibições, bate-papos, residências artísticas e oficinas, o evento recebe uma série de convidados nacionais e internacionais para dialogar sobre o fazer artístico e suas infinitas possibilidades. Toda a programação é oferecida de forma gratuita ou com ingressos a preços populares(R$20 e R$40).
No campo das Artes Visuais, o público terá acesso a uma programação cuidadosamente elaborada levando-se em consideração a temática desta edição “Paisagens Imaginárias”. Seguindo a proposta do festival, a ideia é apresentar um cronograma de atividades que exploram e exemplificam a integração entre as mais diversas manifestações artísticas, possibilitando um roteiro diferenciado que destaca o diálogo entre as artes. Logo no primeiro dia de programação, serão abertas ao público 3 exposições, todas com visitação gratuita ao longo de todo o período do festival.
A partir dos olhares de Pierre Verger e Evandro Teixeira, a exposição “Canudos”, que poderá ser conferida no Sobrado Aimorés, com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, trata de um território que tornou-se sinônimo de luta, de resistência, de mudança e de esperança. As paisagens que escondem debaixo da terra e sob as águas, retratam também a história de um país, vivida e contada por gente simples, cuja força parece vir da agrura da terra, da beleza rude do sertão. Dos vestígios da primeira Canudos, destruída pela guerra, até a segunda cidade, reconstruída pelos poucos conselheiristas que sobreviveram a um dos mais violentos massacres da história do Brasil e posteriormente submersa pelo Açude de Cocorobó, as fotografias realizadas pelo fotógrafo francês, em 1947, e pelo baiano, em 1997, falam também sobre a solidão e abandono de um país constantemente explorado e excluído, que precisa recorrer às paisagens imaginárias para sobreviver diante de tanta violência e injustiça.
O Beco do Zé Moura irá receber a partir do dia 16/11, a intervenção “Mergulho das Benedictas”. Com curadoria de Natália Chagas, a mostra reunirá trabalhos inéditos assinados por sete mulheres que vivem em Tiradentes, e que participaram do curso de fotografia oferecido pela Ação Cultural Artes Vertentes durante o ano de 2023. São elas: Adriana Amorim, Antônia Rosa, Caroline Assis, Clarissa Arani, Maria Silvia, Regina Ferreira e Walquíria Assis. A proposta é apresentar uma ideia não linear de exposição, tampouco fechada. A ocupação se aproxima mais de fragmentos poéticos espalhados no desenrolar dos dias multifacetados, incitando-nos a inventar outras poesias a partir dos estímulos recebidos ao longo da travessia, agregando nossas percepções e assim, dando sentido as coisas que podem ser sem sentido, trazendo luz a espaços “invisíveis”, e dando importância às coisas “desimportantes”. São imagens ora se interceptam, ora se afastam. Apesar de atravessar temáticas diferentes, a linha que costura esses trabalhos é uma só: O que pode a fotografia? Quais mudanças elas reproduzem em nós?
Também no dia 16/11, às 18h, no Sobrado Quatro Cantos (R. Direita, 5), haverá a abertura da exposição “Da casa à paisagem”, reunindo trabalhos assinados pelos artistas: Andrea Lanna, Daisy Turrer, Elisa Campos, Fernanda Goulart, Liliza Mendes, Roberto Bethônico e Rodrigo Borges. A mostra, realizada em parceria com o Campus Cultural UFMG Tiradentes, apresenta peças de caráter experimental, que questionam a espacialidade doméstica. A exposição constitui-se como ambiente de interações processuais, a partir de trabalhos que grassam entre si, mas também com a cidade, suas pessoas, arquiteturas, jardins, quintais, montanhas e as diversas subjetividades que os habitam.
Simultaneamente, também às 18h de quinta (16/11), no Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168), será inaugurada a exposição "Anjos Caídos", que reúne obras da premiada fotógrafa, jornalista e escritora francesa Emilienne Malfatto. A mostra reúne imagens e conteúdos que lançam um olhar poético, denunciativo e delicado para situações que envolvem a perda, o luto, o trauma, a ausência e a memória dos Yazidis, minoria religiosa curda, estabelecida numa região localizada na fronteira entre o Iraque e a Síria. Praticando um dos monoteísmos mais antigos do mundo, os Yazidis têm sido alvo de inúmeros genocídios ao longo da história. Através da superposição de fotografias e retratos antigos, acompanhados dos relatos das pessoas que regressaram ao território, Emilienne Malfatto retrata uma terra de fantasmas, onde as pessoas (sobre)vivem assombradas pelos ausentes.
Outra exposição que integra a programação do Festival Artes Vertentes é a série “Terreno Antropozoico”, criada pelo fotógrafo mineiro Rodrigo Albert entre os anos de 2011 e 2017 no Golfo do México, um lugar constantemente afetado por tormentas e furacões, marcas das pegadas irreversíveis deixadas pelo homem no planeta. As intervenções feitas pelo artista com fogo, pneus, lixo, redes, canos e com o próprio ser-humano sugerem paisagens de uma nova era geológica chamada Antropoceno, que estabelece um vínculo intrínseco e indivisível entre o ser humano e a natureza, como sugere o cientista Paul J. Crutzen: “O Antropoceno representa um novo período na história do planeta, no qual o ser humano se tornou o motor da degradação ambiental e o vetor de ações catalisadoras de uma provável catástrofe ecológica.” Quais paisagens vislumbrar a partir de um ponto em que a natureza foi a tal ponto alterada que já não mais existe no sentido antigo? A mostra poderá ser conferida ao longo de todo o fesrival no Chafariz de São José.
No dia 17/11, sexta, às 20h, no Museu Casa Padre Toledo (R. Padre Toledo, 190), as artes visuais serão colocadas em diálogo com a literatura, a partir da leitura performática que inclui a projeção de vídeo. A performance “A água é uma máquina do tempo”, derivada do livro homônimo da artista e escritora Aline Motta(Niterói/RJ) reúne diversas linguagens artísticas e reconfigura memórias ao se valer de uma percepção não-linear do tempo, provocando reflexões acerca das influências dele em nossas vidas. Construindo um mosaico fluido de épocas a partir de documentos históricos, Aline Motta cruza diversos planos entre si, num percurso que passa pelo luto por sua mãe e revisita o Rio de Janeiro no final do século XIX, por meio de fragmentos que reconstroem a vida de antepassadas da autora.
A partir do dia 17, o público também poderá conferir a exposição “Walter Firmo conjugado”, reunindo uma seleção de trabalhos assinados por um dos fotógrafos mais reconhecidos por seu olhar humanista. A obra reflete suas próprias origens, como parte de uma “confraria suburbana, operária, onde a negritude viceja.” Para a mostra, o fotógrafo escolheu fotos em preto-e-branco, como forma de dialogar com seu próprio trabalho, sempre tão associado a cores vivas. As imagens escolhidas retratam uma paisagem humana ao mesmo tempo real e imaginária. Walter Firmo, nascido Guimarães Silva, demonstra nessa seleção a conjugação de seu sobrenome artístico. A exposição é realizada pelo Instituto Rouanet em parceria com o Festival Artes Vertentes.
Já no dia 23/11, quinta, às 19h, também no Museu Casa Padre Toledo, o público poderá conferir “Esse Isso Aqui”, um projeto multidisciplinar e colaborativo criado em 2023 a partir do encontro do coletivo de arte-sonora O Grivo, a artista multimídia Niura Bellavinha, e o músico Francisco César. O trabalho consiste em uma série de improvisações que ocorrem na intersecção da música experimental e contemporânea, o free-jazz e as pinturas expandidas, realizadas ao vivo. Os quatro artistas instauram no espaço do concerto-performance um estado de presença, escuta e concentração ritualística, oferecendo ao público um diálogo que trafega entre música, espacialidade e uma visualidade radicalmente musical.
Sobre o Festival Artes Vertentes
Criado em 2012 por Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, o Festival Artes Vertentes é um projeto realizado pela Ars et Vita e pela Associação dos Amigos do Festival Artes Vertentes. O evento vem apresentando, ininterruptamente, uma programação artística que estimula diálogos entre as mais diversas linguagens artísticas e propõe, por meio da arte, reflexões sobre temas de relevância para a sociedade contemporânea. Vencedor do prêmio CONCERTO 2021 e nomeado para o prêmio internacional Classic: NEXT Innovation Award 2022, durante as últimas edições, o Festival Artes Vertentes já recebeu mais de 420 artistas, originários de 40 países.
O 12º Festival Artes Vertentes é realizado com o patrocínio da Cemig, Itaú, Copasa e Minasmáquinas.
Mais informações no site www.artesvertentes.com.
Cemig: a energia da cultura
A Cemig é a maior incentivadora de cultura em Minas Gerais e uma das maiores do país. Ao longo dos seus 70 anos de fundação, a empresa investe e apoia as expressões artísticas existentes no estado, por meio das leis de dedução fiscal estadual e federal, de maneira a abraçar a cultura de Minas Gerais em toda a sua diversidade. Além de fortalecer e potencializar as diferentes formas de produção artística e cultural no estado, a Cemig se apresenta, também, como uma das grandes responsáveis por atuar na preservação do patrimônio material e imaterial, da memória e da identidade do povo mineiro. Os projetos incentivados pela Cemig objetivam chegar nas diferentes regiões do estado, beneficiando um maior número de pessoas e promovendo a democratização do acesso às práticas culturais. Assim, incentivar e impulsionar o crescimento do setor cultural em Minas Gerais reflete e reforça o compromisso e o posicionamento da Cemig em transformar vidas com a nossa energia.
Serviço
12º Festival Artes Vertentes
De 16 a 26 de novembro, em Tiradentes/MG
Programação completa: www.artesvertentes.com
Ingressos online para apresentações pagas: https://www.artesvertentes.com/ingressos
Exposições permanentes - 16 a 26/11
Exposição “Canudos”
Trabalhos de Pierre Verger e Evandro Teixeira
Visitação: 16 a 26 de novembro
Horário de visitação: todos os dias, das 10h às 19h
Local: Sobrado Aimorés(Rua Direita, 159) - Tiradentes/MG
Gratuito
Exposição “Terreno Antropozoico”
Fotografias de Rodrigo Albert
Visitação: 16 a 26 de novembro
Horário de visitação: ininterrupto
Local: Chafariz de São José - Rua Francisco Cândido Barbosa, sem número - Tiradentes/MG
Gratuito
Exposição “Walter Firmo conjugado”
Fotografias de Walter Firmo
Visitação: 16 a 26 de novembro
Horário de visitação: todos os dias, das 10h às 19h
Local: Instituto Rouanet - Rua Direita, 248- Tiradentes/MG
Gratuito
Exposição “Mergulho das Benedictas”
Trabalhos de Adriana Amorim, Antônia Rosa, Caroline Assis, Clarissa Arani, Maria Silvia, Regina Ferreira e Walquíria Assis
Visitação: 16 a 26 de novembro
Horário de visitação: ininterrupto
Local: Beco do Zé Moura(R. Direita, 201-77) - Tiradentes/MG
Gratuito
Exposição “Da casa à paisagem”
Trabalhos de Andrea Lanna, Daisy Turrer, Elisa Campos, Fernanda Goulart, Liliza Mendes, Roberto Bethônico e Rodrigo Borges
Visitação: 16 a 26 de novembro
Horário de visitação: todos os dias, das 10h às 19h
Local: Sobrado Quatro Cantos (R. Direita, 5) - Tiradentes/MG
Gratuito
Exposição "Anjos Caídos"
Trabalhos da fotógrafa, jornalista e escritora francesa Emilienne Malfatto
Visitação: 16 a 26 de novembro
Horário de visitação: todos os dias, das 10h às 19h
Local: Centro Cultural Yves Alves (Rua Direita, 168) - Tiradentes/MG
Gratuito
17/11 - sexta-feira
Leitura Performática “A água é uma máquina do tempo”, com Aline Motta
Horário: 20h
Local: Museu Casa Padre Toledo(R. Padre Toledo, 190) - Tiradentes/MG
Gratuito
23/11 - quinta-feira
Performance “Esse Isso Aqui”, com O Grivo, Niura Bellavinha, e Francisco César
Horário: 19h
Local: Museu Casa Padre Toledo(R. Padre Toledo, 190) - Tiradentes/MG
Gratuito