concursos, exposições, curiosidades... sobre arte
escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

http://maregina-arte.blogspot.com/

quinta-feira, 5 de maio de 2022

exposição de d'Agata - Antoine d'Agata - SP

FRANCE. Bordeaux. April 2020. Bagatelle Hospital during Covid-19 Outbreak.
© Antoine d’Agata
Imagens para a imprensa: https://www.flickr.com/photos/a4eholofotecultura/albums/72177720298453020

 

Um momento histórico. Uma das maiores crises sanitárias da humanidade. Um desafio à capacidade mundial de acolhimento. Um olhar sensível para os que precisam de atenção na tentativa de entender o que se passa. Assim pode ser anunciada a série fotográfica Psicodemiaproduzida pelo artista e fotógrafo francês Antoine d’Agata, que pode ser vista de 3 de maio a 26 de junho na Galeria Lume e de 1º de maio a 1º de julho na Praça das Artes, em São Paulo.

 

Em sua produção fotográfica, d'Agata costuma revelar um olhar visceral em relação às mais diversas situações humanas ao redor do globo. Em Psicodemia, o foco foi o dia a dia da pandemia de coronavírus e os desdobramentos entre os mais vulneráveis, particularmente os acamados e a população de rua, com fotografias feitas na França e no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

A ideia surgiu em 2020, logo no começo da pandemia, quando o fotógrafo começou a captar imagens em Paris, na intenção de observar as transformações da geografia social e urbana da cidade, como os espaços públicos cada vez mais desertos e desesperançosos. Na sequência, ele começou a visitar hospitais e centros de saúde, determinado a registrar como as pessoas estavam sendo afetadas e as consequências do estado de emergência.

 

Em 2021, esteve no Rio de Janeiro para registrar pacientes nas unidades de Covid-19 no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e na Fiocruz. Em São Paulo, dedicou-se a registrar cenas de pessoas em situação de rua e a forma como a pandemia estava afetando essa população,  captando de forma muito original e, até mesmo, cheia de ternura, momentos de extrema solidão.

 

Para o trabalho como um todo, Antoine optou por usar uma câmera térmica, que o permite captar os contrastes entre as áreas de calor e frio em uma diversidade de tons que vão dos mais quentes, como o laranja e o vermelho, onde há calor e portanto vida, aos mais frios, como o azul e o violeta, onde não há ninguém ou quando a vida cessa. Fotografando pessoas em situação de cuidado ou mesmo abandono, é como se ele mapeasse algo em seu interior, sua insegurança, seus desconfortos, sua esperança e a vida ainda existente dentro de cada um, sem revelar as identidades dos fotografados, já que essa técnica mostra apenas suas silhuetas.

 

“Essa palavra, ‘psicodemia’, evoca, sugere, intriga, parece dizer algo enquanto tentamos encontrar seu sentido. O desafio da exposição e do livro homônimo que a acompanha é justamente o de interpretar, sem preconceitos nem certezas, o acontecimento que vivemos”, diz Antoine d’Agata.

 

Realizada por Fábio FurtadoRoberta Saraiva Coutinho e Rodrigo Villela, a exposição conta com 40 imagens impressas em grande formato na área externa da Praça das Artes e outras 20 obras com impressão especial na galeria Lume, também em São Paulo, permitindo que o público aprecie pela primeira vez as imagens produzidas no Brasil, entre novembro de 2021 a fevereiro de 2022, além de algumas entre as mais icônicas feitas na França. “Mais do que representar o horror da crise sanitária, acredito que o trabalho constante e obsessivo de Antoine nesses dois anos e meio de pandemia nos devolve algo que ainda não conseguimos definir nem elaborar completamente. Luto, angústia, a necessidade do outro, carinho – a lista é imensa, como todos sabemos. É algo que nos transformou e cujas consequências ainda não conhecemos direito. E é um pouco dessa possibilidade de elaboração o que Antoine também nos oferece. Talvez por isso, ao olhar para as imagens e pensar nesse trabalho, tenho sempre a vontade de dizer, 'obrigado’”, afirma Fábio Furtado.

 

Para Andrea Caruso, diretora geral do Theatro Municipal, trazer as obras para a Praça das Artes é de suma importância para expor ao público uma realidade diferente daquela que, possivelmente, eles viveram durante a pandemia do coronavírus. “Acredito que o trabalho feito pelo Antoine demonstra, por meio da fotografia, justamente tudo aquilo que as pessoas estavam vivendo, todas as angústias e a superação do ser humano ao enfrentar diferentes tipos de situações”.

 

“É uma honra abrir as portas da Lume para uma exposição tão importante e impactante como a do Antoine d’Agata, com uma série de obras bem alinhada ao nosso propósito de dar destaque a inovações nas artes plásticas e fomentar reflexões sobre questões relevantes. Psicodemia aborda com leveza e alta qualidade artística um tema muito atual, um sensível registro histórico deste momento em que vivemos”, declara Victoria Zuffo, diretora da Galeria Lume. 

 

O Parque Lage, no Rio de Janeiro, também contará com uma mostra com fotografias de d'Agata, com curadoria do próprio artista, que poderá ser vista a partir do dia 27 de abril. As experiências vividas pelo artista ao longo dos dois anos de pandemia também são contadas nos livros Vírus (2020) e Psychodemie (2022), este já com uma sessão dedicada às imagens produzidas no Brasil.

 

Sobre Antoine d'Agata

Antoine d'Agata nasceu em 19 de novembro de 1961, em Marselha, França. Aos 17 anos interrompeu seus estudos para viver no mundo da noite. Durante doze anos viveu e viajou por vinte países. Em 1991, durante uma estadia em Nova York e sem nenhuma experiência fotográfica, matriculou-se no Centro Internacional de Fotografia (ICP - International Center of Photography), onde estudou com Nan Goldin e Larry Clark. Em 1993 voltou para a França, trabalhou como pedreiro e deixou de praticar a fotografia até 1997. Em 1998 teve seu primeiro livro publicado, Mala Noche. No ano seguinte, incorporou-se à galeria VU, criada por Christian Caujolle. Em 2001 recebeu o prêmio Niépce. Em setembro de 2003, inaugurou em Paris a exposição “1001 Nuits”, acompanhada da publicação de dois livros, Vortex e Insônia. Em 2004 foi incorporado à agência Magnum Photos, publicou seu quinto livro, Stigma, e dirigiu seu primeiro curta-metragem, El Cielo del Muerto. Em 2006, rodou seu segundo filme, Aka Ana, em Tóquio, e seu mais recente longa-metragem, com 4 horas de duração, White Noise, que reúne as vozes de 24 mulheres. Antoine d'Agata ganhou ainda o prêmio do Livro Fotográfico nos Rencontres Internationales de la Photographie de Arles, na França, em 2013, por seu livro Anticorps, publicado nesse mesmo ano em uma grande exposição no Le Bal, em Paris.

 

A obra de Antoine d'Agata pode ser lida como uma exploração da violência contemporânea a partir de duas abordagens distintas: a violência do dia, ou violência econômica e política (migrações, refugiados, pobreza, guerra), e a violência da noite, ou violência gerada por grupos sociais marginalizados pela pobreza (sobrevivência através da delinquência, vício em drogas, excessos sexuais). Seus últimos livros (esgotados) são Virus (2020), publicado por Studio Vortex, que documenta a pandemia de Covid-19, e Antoine d'Agata - Francis Bacon (2020), publicado por The Eye, que reúne as obras de ambos os artistas.

 

Durante os últimos trinta anos, Antoine d'Agata viveu e fotografou em uma grande diversidade de países e localidades. Até o presente, publicou cerca de cinquenta obras. Escritor, fotógrafo e cineasta, é membro da prestigiosa agência internacional de fotógrafos Magnum Photos e sua obra é representada pela Galerie les Filles du Calvaire, de Paris, pela Magnum Gallery, de Londres, pela MEM Gallery, de Tóquio, pela Kahmann Gallery, de Amsterdã e pela Carles Taché Gallery, de Barcelona. Reconhecido internacionalmente, sua obra foi objeto de muitas exposições individuais, exposta em numerosos museus e está presente em coleções públicas e privadas de diversas nações.

 

Sobre o Complexo Theatro Municipal de São Paulo

O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo. O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras). Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado.

 

Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo. Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área. Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.

 

Sobre a Galeria Lume

A Galeria Lume foi fundada em 2011 com a proposta de fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de seus artistas e curadores convidados. Dirigida por Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, a Lume se dedica a romper fronteiras entre diferentes disciplinas e linguagens, através de um modelo único e audacioso que reforça o papel de São Paulo como um hub cultural e cidade em franca efervescência criativa. A galeria representa um seleto grupo de artistas estabelecidos e emergentes, dedicada à introdução da arte em todas as suas mídias, voltada para a audiência nacional e internacional, através de um programa de exposições plural e associado a ideias que inspiram e impulsionam a discussão do espírito de época. Foca-se também no diálogo entre a produção de seus artistas e instituições, museus e coleções de relevância. A presença ativa e orgânica da galeria no circuito resulta na difusão de suas propostas entre as mais importantes feiras de arte da atualidade, além de integrar e acompanhar também feiras alternativas. A galeria aposta na produção de publicações de seus artistas e realização de material para pesquisa e registro. Da mesma forma, a Lume se disponibiliza como espaço de reflexão e discussão. Recebe palestras, performances, seminários e apresentações artísticas de natureza diversa.

 

Sobre a Sustenidos

Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Sustenidos é a organização responsável pela gestão do Projeto Guri (nos polos de ensino do interior, litoral e Fundação CASA), do Conservatório Dramático-Musical dr. Carlos de Campos - Tatuí e do Complexo Theatro Municipal. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm suporte fiscal da Lei Federal de Incentivo à Cultura e do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Patrocinadores e apoiadores do Theatro Municipal de São Paulo - Sustenidos: Bradesco. Patrocinadores Institucionais da Sustenidos: Microsoft e VISA.

 

Serviço:

Exposição - Antoine d’Agata: Psicodemia

 

 

 

Praça das Artes 

 

De 1º de maio a 1º de julho
Endereço: Avenida São João, 281 / Rua Conselheiro Crispiniano, 378. Entrada gratuita.

 

Galeria Lume

De 3 de maio a 26 de junho

Horários de visitação: de segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 15h

Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 - Jardim Europa, São Paulo - SP

Entrada gratuita 

Informações para o público: (55) 11 4883-0351 | contato@galerialume.com

IX Ankaria Artist Book Award - call

 

Convocatoria.jpg

IX Ankaria Artist Book Award

15.03.2022 - 30.05.2022



Committed to creation and art, the Ankaria Foundation has now reached the ninth edition of an award already consolidated as an international reference.

Open to different languages and formats, this award becomes a unique opportunity for the promotion and dissemination of artists' books and grows with each new edition, bringing novelties to the art world.


We encourage you to submit your candidatures and thank you for the trust you have placed in us over the years.

Who can participate?

Artists or groups of any nationality and age may participate by submitting a single work of free theme with no restrictions on format or size.

 

  What is the prize?

The prize will be the purchase of the work and its inclusion in the traveling exhibition "La Palabra Pintada" (The Painted Word). In addition, the winning artist and his work will be featured in G&E magazine.  

The prize will be endowed with 3.000€ for the first selected art work, 1.500€ for the second and 1.000€ for the third winner.

 


Imagen1.jpg

Winning art works of the VIII edition of the Ankaria Artist Book Award 2021, by Irma Álvarez Laviada (second place) and Rosa Velasco (first place) respectively.

 

IX Artist Book Award

Fundación Ankaria

 

exposição - André Azevedo - Museu Oscar Niemeyer - PR - videoconferência 12 de maio

 

MON promove videoconferência com o artista André Azevedo

O Museu Oscar Niemeyer irá realizar uma videoconferência com o artista André Azevedo, um dos participantes da exposição “Afinidades”, em cartaz na Sala 7 do MON. Ele falará sobre suas pesquisas pessoais envolvendo o ateliê de tecelagem da Escola Bauhaus e as conexões com a arte têxtil contemporânea.

 

A videoconferência, gratuita e aberta ao público, será realizada no dia 12 de maio, às 19h. Haverá intérprete de libras. Interessados devem se inscrever pelo link.

 

“Afinidades” reúne 20 artistas paranaenses – ou com forte ligação com o Estado. Na exposição, cada um destacou obras no acervo do Museu que dialoguem entre si e, a partir delas, criou a sua própria proposta. A curadoria é de Marc Pottier e da diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika.

 

Sobre o artista

André Azevedo (Curitiba, 1977) vive e trabalha em São Paulo. Estudou Desenho Industrial na Universidade Federal do Paraná e é graduado em Artes Visuais pela Universidade de Belas Artes de São Paulo. Sua pesquisa tem raízes na arte têxtil e se desenvolve em um contínuo experimento de técnicas construtivas. O artista explora o tecido para ater-se à ideia de que as coisas se dão por entrelaçamento: seguem fenômenos de repetição, transmitem processos e reavivam imagens.

 

SOBRE O MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON) é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Paraná. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de grandiosas coleções asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil peças, abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, sendo 17 mil metros quadrados de área para exposições, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina. Os principais patrocinadores da instituição, empresas que acreditam no papel transformador da arte e da cultura, são: Copel, Sanepar, Grupo Volvo América Latina, Vivo, Grupo Focus e Moinho Anaconda.

 

SERVIÇO:

Videoconferência gratuita com o artista André Azevedo

Dia 12 de maio, às 19h

Inscrições pelo link: https://forms.gle/yU6r6QvRUyhgmZjTA

Exposição Fragmentos do Ser e do Sentir - Riberão Preto - SP

 

 
 

Adrana Amaral

 

Ana Rey

 

Cynthia Loeb

 
 

Jussara Marangoni

 

Simone Fontana

 

Suzana Mello e Souza

Rupturas e reconfigurações

Exposição “Fragmentos do Ser e do Sentir” convida o público a refletir sobre o quanto o ser humano é fragmentado – tanto individualmente quanto na vivência coletiva. Obras de seis artistas apontam percepções do universo feminino e buscam traduzir o que são os pedaços que formam o ser. Evento tem abertura no dia 13 de maio, na Casa Abaeté, em

Ribeirão Preto (SP) 


Ribeirão Preto (SP), 2 de maio de 2022 - Repensar-se e Reconstruir-se. Os verbos que sugerem um intenso e desafiador movimento interno - particular e individual - alinhava a estrutura e a proposta da exposição “Fragmentos do Ser e do Sentir”, mostra que reúne pinturas, esculturas e instalação de seis artistas visuais no espaço da Casa Abaeté (Rua Visconde de Abaeté, 820), em Ribeirão Preto.A abertura será no dia 13 de maio e integra a programação de comemoração dos 30 anos do Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP), e do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. A mostra estará aberta à visitação de 14 de maio a 11 de junho. Entrada gratuita. 


Adriana Amaral, Ana Rey, Cynthia Loeb, Jussara Marangoni, Simone Fontana e Suzana Mello e Souza apresentam, nesta mostra coletiva, um convite à reflexão acerca do que é o ser diante de sua modelagem fragmentada. A exposição também remete às rupturas e incertezas que varreram o mundo nos últimos dois anos e instiga a reflexão sobre como se organiza a reconfiguração humana depois do caos. “O olhar para si é o ponto de convergência entre os trabalhos, revelando o que nos aproxima e o que nos difere”, comenta a jornalista e pesquisadora de arte, Carollina Lauriano, curadora da exposição.


Toda a produção que compõe a mostra foi concebida no período mais severo do isolamento social imposto pela pandemia, absorvendo a incompletude humana, escancarada pelos rompimentos e fragmentações na forma de ser e de sentir. “O diálogo entre as linguagens presentes na mostra vai além da técnica. A pesquisa de cada artista vai de questões do feminino à natureza, passando por pontos formais da arte e desembocando na investigação sobre como essas abordagens aparecem na percepção de mundo que cada uma possui nesses tempos incertos e instáveis que ainda estamos vivenciando”, detalha Carollina Lauriano.

 

Olhar plural

A necessidade de reconfiguração do olhar humano, das formas de apreensão do mundo, das coisas e de si próprio é a principal abordagem que as artistas entregam por meio de “Fragmentos do Ser e do Sentir”. Tudo muito íntimo, mas, também, tudo muito coletivo. Nessa esteira, a proposta da instalação de Suzana Mello e Souza abre a conversa com o público ao colocar em destaque o que há de mais íntimo para todos: a casa. Durante o isolamento, a artista ficou mais atenta a tudo que a cercava e começou a desenhar a partir de objetos que normalmente passam despercebidos no dia a dia – “lembrando que, na falta do outro, é necessário buscar afeto nas pequenas partículas do cotidiano”, pontua a curadora da mostra.


Formada em Comunicação Visual pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Suzana Mello e Souza também estudou desenho e pintura, e sua pesquisa e produção artísticas tratam da observação das imagens poéticas do cotidiano, que são aplicadas ao desenho, pintura, colagem e objetos.


As aquarelas da argentina Ana Rey, por sua vez, conduzem os visitantes pelo caminho do questionamento sobre ainda ser possível viver num mundo tão racional e restritivo. As informações dos trabalhos de Ana surgem desencontradas, rompendo com uma forma única de ordem social. Formada em Letras, a artista vive e trabalha em São Paulo há quase 30 anos e coleciona diversas exposições individuais no Brasil e uma participação em mostra coletiva no Chile, além de vários prêmios.

 

A desconstrução do feminino em suas formas para revelar essa força em outras potências dá o tom do trabalho de Cynthia Loeb, dona de olhar apurado extraído da formação em Educação Artística. A artista foi premiada no Salão de Arte Contemporânea de Praia Grande em 2021.

 

Dentro desse mesmo contexto, Adriana Amaral traz uma leitura diferente sobre a reconstrução da subjetividade feminina, conectando-a com a natureza e seu entorno, retratando a mulher que quer ser livre de conceitos que não as comportam mais. Essa simbologia das transformações femininas ganham um caráter orgânico com as mudanças sofridas - durante a permanência da exposição - pelos pedaços de plantas, flores, pequenos insetos e pássaros que completam os moldes utilizados pela artista.

 

Formada em Zootecnia, Adriana Amaral trabalha com artes visuais desde 2003, tendo a pesquisa sobre o corpo, a memória, o feminino e pequenos afetos como seu objeto central. Seus trabalhos integram acervos públicos em museus de Ribeirão Preto, Campo Grande (MT) e Jataí (GO), além de exposições individuais e coletivas. Artista contemplada em 2014 com o Prêmio Artes Visuais - Proac. Desde 2016, a artista coordena a Casa Abaeté.

 

Elos e transformações

A metamorfose entre o físico e o natural, buscando um elo com o que existe de mais primitivo e embrionário no ser humano, baliza os trabalhos das artistas Jussara Marangoni e Simone Fontana Reis. Aqui, o convite é para a reflexão sobre a forma do olhar que a humanidade tem sobre o mundo e sobre as coisas e, ainda, sobre como é o impacto afetivo produzido por esse foco. “Isto é muito relevante porque as novas possibilidades de existência individual é que nos ajudam a estabelecer novas formas de viver coletivamente”, pondera Carollina Lauriano, curadora da exposição.

 

Também graduada em Artes pela Faap e com mestrado em Design pela Unesp, Jussara Marangoni foi recentemente contemplada com o Prêmio Aldir Blanc por meio da Lei de Incentivo a Projetos Culturais, possui um prêmio Funarte e é professora de Artes com passagens por universidades como Mackenzie, FAAP, Santa Marcelina, Belas Artes e PUC de São Paulo.

 

No trabalho de Simone Fontana Reis, artista com mestrado pela Central Saint Martins College of Art and Design, de Londres, as fronteiras entre pintura, escultura, instalação e vídeo são exploradas sem economia. O resgate de elementos da história ameríndia é o centro de sua pesquisa artística, sempre com foco no feminino e na maneira como as culturas indígenas se relacionavam com a natureza.

 

Recentemente, Simone inaugurou o projeto Maloca-Escola e Floresta, junto com índios Huni Kuins, no Acre, que tem o objetivo de melhorar as condições de vida daquela população, fortalecer sua cultura, a proteção da floresta e o reflorestamento. Sua pesquisa atual relaciona sua própria produção, a inteligência da floresta e o mistério da Ayahuasca, bebida sagrada para os índios.

 

A exposição “Fragmentos do Ser e do Sentir” é realizada em parceria com o MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto), Casa Abaeté, Secretaria da Cultura e Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e conta com apoio da Uberhaus Móveis e Ambientes Planejados. O evento reforça a hashtag #RP1922, dentro da programação em comemoração aos 100 anos da Semana de Arte Moderna. A visitação gratuita à mostra poderá ser realizada entre 17 de maio e 11 de junho, às terças e quintas-feiras, de 10h às 12h e de 14h às 18h; e aos sábados, de 10h às 13h. Informações pelo telefone 16 | 99188-3395.

 

Serviço

Exposição “Fragmentos do Ser e do Sentir’

Data:

13/05 – Abertura – das 10h às 12h e das 13h às 18h30

14/05 a 11/06

Visitação: terças e quintas, de 10h às 12h e de 14h às 18h; sábados, de 10h às 13h

Local: Casa Abaeté (rua Visconde de Abaeté, 820) – Jardim Sumaré

 

Classificação: livre

Acesso: gratuito

Informações: 16 | 99188-3395

terça-feira, 3 de maio de 2022

exposição Xilograffiti - SESC Consolação - SP

 

Xilograffiti traz obras com caráter inclusivo, colaborativo e participativo no Sesc Consolação

A mostra promove o encontro de linguagens artísticas populares e regionais, como a xilogravura e o graffiti, e apresenta obras de artistas e coletivos como Derlon, J. Borges, Lira Nordestina, Atelier Piratininga e Lau Guimarães e prevê intervenção no prédio do Sesc deixando o Centro de São Paulo mais colorido

 

A partir desta quarta-feira, dia 4 de maio, o Sesc Consolação inaugura a exposição Xilograffiti, com curadoria de Baixo Ribeiro e obras populares de origens distintas, que promovem a confluência e o embate entre a xilogravura e o graffiti. Os trabalhos dos artistas e coletivos presentes na mostra – cujas linguagens e referências culturais podem sugerir mais diferenças do que aproximações para o imaginário coletivo – apresentam muitos pontos convergentes, em especial na forma como são construídas, em caráter inclusivo, colaborativo e participativo.

 

Para o curador, “Mais do que linguagens artísticas, a xilo e o graffiti transformaram-se em símbolos culturais que atraem artistas e públicos engajados na sua perpetuação. Apesar de aparentemente distantes por seus contextos de origem, ambos fazem parte de culturas que se conectam: de um lado a goiva sulca a madeira da matriz xilográfica, do outro lado o estilete corta a máscara de stencil; enquanto nas feiras populares surgem as bancas de cordel, nas feiras de gráficas independentes surgem as banquinhas de zines; se na praça da matriz acontece o duelo de repentistas, na quebrada rola a batalha de slam”.

 

O público terá a oportunidade de se deparar com uma rica produção artística e ativar, tendo acesso a obras de xilogravuras do acervo Sesc, um varal com coleção de cordéis e cartazes de lambe-lambe com suas matrizes, entre outras, em uma exposição em movimento e construção, onde diversos trabalhos serão incorporados ao espaço expositivo de maneira individual ou coletiva até o término da visitação da exposição, no final de julho. 

 

Na mostra, o recorte curatorial buscou contemplar uma diversidade no que diz respeito à territorialidade, técnicas, dimensões e processos. Pensando nessa diversidade, a curadoria também contemplou artistas e coletivos de mulheres em uma seara com tradição de criação predominantemente masculina.

 

Além de J. Borges (Bezerros-PE); Lira Nordestina (Juazeiro do Norte-CE); Samuel Casal (Caxias do Sul-RS); Atelier Piratininga (São Paulo-SP); Turenko (Manaus-AM); Paulestinos (São Paulo-SP); Oficina Tipográfica (São Paulo-SP); Romildo Rocha (São Luís-MA) e Derlon (Recife-PE), estão presentes na mostra Xicra convida soupixo, Andréa Sobreiro e Carol Piene (CE); 23ª edição do Projeto Armazém – Mulher Artista Resiste (Florianópolis-SC) e Lau Guimarães (São Paulo-SP). As obras de tais artistas estarão agrupadas por núcleos temáticos.

 

 

NÚCLEOS E OBRAS

 

Cordel Raiz: com trabalhos de J. Borges e Lira Nordestina, é apresentada essa forma de fanzine independente, que articula humor e crítica social impresso em oficinas xilo-tipográficas. Obras de J. Borges, pertencentes ao acervo do Sesc, são registros de uma cultura popular de aspecto documental inserida em determinado contexto histórico. Seu trabalho é trans-histórico e cumpre, nesse sentido, a função social da obra de arte. Uma coleção de cordéis produzidos pela gráfica histórica Lira Nordestina está exposta em varais.

 

Cordel Contemporâneo: com obras de Xicra, Bestas Marginais e soupixo, o Cariri – região que aproxima os estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí – se faz presente com o cordelismo atualizando o conceito original do zine de guerrilha, impresso em xilo ou xerox, dobrado e panfletado. Para a exposição, há uma colagem coletiva de cartazes e lambe-lambes, reunindo a produção de artistas que vivem na cidade do Crato, na região do Cariri. No painel, a reverência ao cordel raiz se faz presente, mas há também uma intenção em abordar temas atuais numa espécie de reivindicação de outras posturas visuais do mundo contemporâneo

 

Xilo Urbana: apresenta os artistas e coletivos Atelier Piratininga, Turenko e Samuel Casal. A cidade grande é o cenário e as gráficas independentes são os pontos de encontro dos novos artistas urbanos. O Piratininga traz uma colagem de lambe-lambes impressos a partir de doze matrizes em grande formato, que, juntas, formam a histórica obra do artista renascentista alemão Albrecht Dürer (1471-1528). As matrizes foram produzidas por 26 artistas, entre participantes novos e antigos. Já o artista



Turenko apresenta um mural de piso em linóleo com palavras e imagens onde cultura urbana e amazônica se misturam. O trabalho é fruto de uma pesquisa iconográfica, valendo-se de referências da cultura popular, do imaginário pop e da gráfica indígena. Por fim, Samuel Casal entalha, no local da exposição, uma parede de madeira como uma matriz de xilogravura.

 

Lambegrafia: estão 23ª edição do Projeto Armazém - Mulher Artista Resiste e os Paulestinos, trazendo o elemento cartaz como propaganda e arte: comunicando, explicando, criticando, informando, escrachando ou festejando. O lambe-lambe vem para desconstruir a tradição do cartaz, transformando seu conteúdo em manifestação e poesia.  Paulestinos apresentam uma colagem em grande formato, composta por lambe-lambes poéticos e imagens que fundem referências do cangaço e dos mangás, unindo a construção de imagens digitais com a poesia visual contemporânea, enquanto a 23ª edição do Projeto Armazém – Mulher Artista Resiste apresenta um painel com cartazes produzidos em diversas técnicas e suportes que reúne trabalhos de 100 artistas participantes, a partir do convite da curadora Juliana Crispe.

 

Tipograffiti: no espaço onde ficam o Coletivo Oficina Tipográfica e Lau Guimarães, a letra impressa é o ponto de partida da jornada para a socialização do conhecimento. A letra, a palavra e a poesia são as ferramentas que fazem a humanidade topar com seus próprios limites e conseguir ultrapassá-los. Por meio da colocação sequencial dos cartazes mais marcantes e simbólicos da sua produção tipográfica, outro painel em exibição é dedicado à história da Oficina Tipográfica São Paulo. No trabalho de Lau Guimarãesas palavras são matéria de criação da narrativa estética da artista, que se nutre de histórias dos transeuntes para compor suas obras, em sua maioria dispostas em lugares estratégicos de passagem no espaço público. Numa espécie de jogo tipográfico, em que as técnicas do estêncil se unem, seus trabalhos ganham nova abordagem quando expostos dentro do espaço institucional.

 

Graffiti Xilográfico: aqui, Derlon e Rocha são responsáveis por guardar um olhar voltado para o passado e lembrar que a liberdade criativa atual foi conquistada por aqueles que abriram os caminhos. O graffiti admira a cultura da xilo, que sintetiza em preto no branco a estética direta da contracultura, amplificando vozes. O mural de Derlon é pintado diretamente sobre uma parede e estabelece uma nova dimensão gráfica para o ambiente da sala expositiva. A escala urbana com que o artista lida propicia a interação com grandes espaços internos, criando novas situações arquitetônicas por meio da transformação da parede em paisagem. A obra de Rocha é um grande mural que surge do alto da empena cega do edifício do Sesc Consolação, propondo um diálogo entre a cultura pop urbana e a cultura popular do Nordeste. 

 

 

INTERVENÇÃO ARTÍSTICA NA EMPENA, OFICINAS E ENCONTRO COM ARTISTAS


A exposição, que se dá no Sesc Consolação – localizado na Vila Buarque – promoverá, também, uma grande intervenção na empena de seu prédio. A unidade, inserida em um contexto territorial urbano onde é bastante comum a presença de manifestações artísticas como as apresentadas na mostra (graffitis, lambe-lambes, cartazes etc.), ganhará uma pintura com dimensão monumental de Romildo Rocha, a ser realizada entre os dias 17 de abril a 03 de maio.

 

Além da intervenção, serão oferecidos cursos, oficinas e encontros com os artistas ao longo do período em que a mostra estiver em cartaz.

 

SERVIÇO

 

Exposição: Xilograffiti

Local: Sesc Consolação (Espaço de Convivência)

Rua Doutor Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo

 

Abertura  

4 de maio de 2022, às 20h

 

Visitação 

de 05 de maio a 31 de julho  

Terça a sábado, das 10h às 21h 

Domingos e feriados, das 10h às 18h

 

Agendamento de grupos: 

agendamento.consolacao@sescsp.org.br