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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

http://maregina-arte.blogspot.com/

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

mostra Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau - SP


Sarah Bernhardt interpreta La Princesse Lointaine, pô
ster para a revista La Plume (1897)
 
Últimas semanas para conferir a mostra Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau
Exposição com obras do criador do estilo que eternizou a Belle Époque fica em cartaz até 15/12 no Centro Cultural Fiesp
São Paulo, novembro de 2019 – A exposição Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau, que homenageia o ícone máximo desse movimento, entra na reta final. Até 15 de dezembro, no Centro Cultural Fiesp (Avenida Paulista, 1313), com entrada gratuita, a mostra traz a maior coletânea do artista tcheco já exibida no Brasil. Nascido em Ivančice, atual República Tcheca, Alphonse Mucha (1860-1939) teve uma carreira de muitas façanhas. Pioneiro na arte publicitária, consagrou na Paris da Belle Époque um estilo marcado pela sutileza e pelo perfeccionismo que se tornaria símbolo da era de ouro da cultura francesa. Hoje, passados 80 anos de sua morte, continua a influenciar artistas no mundo todo e mantém sua herança viva em ilustrações contemporâneas, como observada no universo dos HQs e dos Mangás.
Na exposição, ao longo de quatro ambientes, mais de 100 obras cedidas pela Fundação Mucha desvendam o talento múltiplo e o legado do expoente da Art Nouveau. As peças estão divididas em seções. Em Mulheres: Ícones & Musas o público confere o ponto alto da trajetória do artista. O espaço reúne pôsteres dos memoráveis espetáculos de Sarah Bernhardt no Teatro Renaissance, anúncios de marcas de cerveja, cigarros, lança-perfumes, e outras dezenas de artigos igualmente referendados pelo toque de Mucha – como caixas de biscoito, embalagens de perfume e capas de livro.
Os núcleos O Estilo Mucha - Uma Linguagem Visual e Beleza – O Poder da Inspiração revelam um pouco das mensagens ocultas em sua obra. Criado em uma nação que lutava pela independência – na época, a República Tcheca vivia sob o domínio do Império Austro-Húngaro –, o artista, desde jovem, cultivou o desejo da libertação do povo eslavo. Analisando os seus desenhos, é possível observar a presença constante de elementos dessa cultura, como figurinos e artigos decorativos do folclore eslavo, formas geométricas, curvas, adereços e a quase ausência de profundidade que remetem à arte bizantina. Era evidente a intenção do artista em aproveitar a reputação conquistada no então centro cultural do mundo para divulgar a força da civilização eslava.
Essas gravuras são também um ensaio daquilo que geraria a obra-prima de Mucha: A Epopeia Eslava, série de 20 quadros gigantes produzida ao longo de quase duas décadas e que representam o ponto máximo dessa missão. Atualmente essas obras são muito frágeis para viajar, mas são exibidas por meio de uma instalação digital na exposição em São Paulo. Instaladas em um palácio localizado próximo à cidade natal do artista, essas obras não integram o catálogo da exposição.
Por fim, a seção O Legado do Estilo Mucha reúne alguns dos nomes representativos da influência do artista. Do Japão, destaques para Nanase Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi, fundadoras do grupo CLAMP e autoras de títulos conhecidos mundialmente, como Cardcaptor Sakura e as Guerreiras Mágicas de Rayearth. Da Coreia do Sul, a mostra traz desenhos de Ko Yasung, ilustrador das HQs Stigmata e The Innocent; Rhim Ju-yeon, conhecido pelos títulos President Dad Ciel: The Last Autumn Story, e de outros ilustradores contemporâneos.
Sucesso mundial
As obras da exposição Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau pertencem à Fundação Mucha, administrada pelos herdeiros do artista e localizada em Praga, na República Tcheca. Ao longo dos últimos anos, essas obras foram temas de mais de 40 exibições pelo mundo, atraindo mais de 4 milhões de visitantes.
Em 2018, sete cidades receberam a retrospectiva, incluindo Copenhague, Nova Iorque, Madrid e Paris. Na capital francesa, foi registrado o recorde de público em toda a sua história: mais de 340 mil pessoas foram ao Museu de Luxemburgo contemplar as obras de Mucha. A mostra também tem colhido sucesso da crítica por onde passa.

SERVIÇO
Exposição Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau
Período expositivo: de 18 de setembro a 15 de dezembro
Horários: de terça a sábado, das 10h às 22h e domingos, 10h às 20h
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp
Endereço: Avenida Paulista, 1313 – Cerqueira César (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Agendamentos escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Entrada gratuita. Mais informações em www.centroculturalfiesp.com.br
fonte:
Agência Galo

Farol Santander inaugura exposição inédita Tarsila Para Crianças - SP

Farol Santander inaugura exposição inédita
Tarsila Para Crianças

  • Exposição utiliza tecnologia, interatividade e cenários imersivos para retratar o imaginário de seres, cores e formas de Tarsila do Amaral

  • São 7 estações temáticas divididas em dois andares, num total de 490m² de área expositiva

  • Sessão especial traz reprodução tátil dos quadros Abaporu e Floresta, criada especialmente para pessoas com deficiência visual



São Paulo, 22 de novembro de 2019 - O Farol Santander inaugura, em 26 de novembro, a inédita exposição “Tarsila para Crianças”, com a curadoria de Tarsila do Amaral (sobrinha neta da artista), Karina Israel e Patricia Engel Secco e produção da YDreams Global.

Aberta ao público até 02 de fevereiro de 2020, a mostra utiliza tecnologia sensorial, cenários imersivos e narrativas integradas para retratar o imaginário de seres, cores e formas da pintora modernista Tarsila do Amaral. Na exposição, é possível passear por cenários oníricos de grande beleza e até mesmo interagir com criações da artista, que apresentam e transmitem o significado de suas obras sob a ótica do universo infantil, a partir de sentidos e sensações.

“Esperamos que esta mostra possa incentivar o público infantil a conhecer melhor a arte brasileira, de forma divertida e lúdica”, afirma Patricia Audi, vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil. “ Ao mesmo tempo, queremos despertar o lado criança dos visitantes, a partir de uma experiência imersiva e envolvente com os trabalhos da artista.”

Os andares 20º e 19º do Farol Santander serão divididos em 7 estações temáticas, num total de 490m² de área expositiva que apresentam a criatividade da artista. Uma oportunidade única para crianças e adultos participarem de uma jornada entre diferentes dimensões do universo da pintora mais conhecida do Brasil.

“Como em uma viagem entre diferentes dimensões, é possível percorrer os ambientes inspirados em obras-primas desta espetacular artista, que, criada para ser uma mulher comum do início do século XX, apresentou ao mundo a cultura, as paisagens, o povo e a riqueza da flora e da fauna brasileiras. Criou obras repletas de vitalidade, quimeras e elementos fantásticos que, além de fascinar os adultos, conversam perfeitamente com o universo infantil em uma combinação única e cheia de personalidade”, afirma uma das curadoras da mostra, Tarsila do Amaral (Tarsilinha).

Logo na entrada da mostra, no 20º andar, teremos quatro estações: (1) Vila dos Sentidos (2) Toca da Cuca, (3) Universo Tarsila e (4) Floresta Negra.

1.Vila dos Sentidos - A exposição começa com um cenário bucólico que remete à infância de Tarsila na fazenda São Bernardo, onde cresceu brincando com seus mais de 40 gatos e fazendo bonecos de mato. Uma mini vila caipira será formada por quatro casinhas tridimensionais, rodeadas por cestos de frutas, com inspiração no quadro A Feira. Cada casinha apresentará uma característica marcante relacionada à infância da pintora, como o quarto com sua caixinha de música e bonecas de mato, a sala de estar com piano, foto de família e seus gatos de estimação, seu perfume favorito (Moment Supreme do Jean Patou), o sabonete (Pinot), objetos daquele tempo, e a cozinha com as frutas. Algumas casas têm janelas que remetem a vista da fazenda pintadas por Tarsila.

2.Toca da Cuca - Inspirado no quadro A Cuca, o público encontrará um espaço com uma projeção com os bichos divertidos inspirados nos seres imaginários presentes na obra de Tarsila do Amaral, que passarão em uma espécie de tapete imersivo, projetado dentro da Toca da Cuca cenográfica, com acesso pelo túnel da lagarta.

3.Universo Tarsila - Tendo como referência a obra Cartão Postal, os visitantes poderão colorir diferentes elementos encontrados em sua obra e os animais imaginários que habitam o extraordinário e colorido universo de Tarsila, que ganham vida em uma parede interativa instalada no andar.

4.Floresta Negra Com uma cenografia e ambientação sonora do que seria a floresta onírica do quadro Floresta, o público poderá se aconchegar no ninho de almofadas que simulam os famosos ovos rosa arroxeados de sua pintura. No mesmo local, baseado na obra Urutu, será possível encontrar um ovo onde os visitantes despertam a curiosidade, observando através de buraquinhos as possíveis criaturas que habitam dentro do ovo. A floresta ainda esconde um guardião, o touro preto (O Touro), que protege com seu mugido quem pensar em fazer mal à natureza. Os visitantes poderão tirar fotos no instapoint do touro. Uma reprodução tátil do quadro Floresta foi criada especialmente para que deficientes visuais conheçam a obra de Tarsila do Amaral.

A exposição continua no 19º andar do Farol, com mais 3 estações: (5) Jardim Afetivo, (6) As Cores de Tarsila, (7) Papo com Abaporu.

5.Jardim Afetivo - Os visitantes serão convidados a embarcar em uma viagem sensorial, com animações e sons, como por exemplo, os ruídos da estação de ferro, da caixinha de música, o coaxar do sapo, os grilos, que remetem diretamente a 4 quadros de Tarsila:
Quadro 1 – O Sapo – Um sapo sorridente e juvenil, tenta decidir entre a luz do Sol, ao fundo, e o frescor da terra úmida e da sombra, à sua frente. Acima, uma floresta de cactos compartilha involuntariamente da indecisão do pequeno anfíbio.
Quadro 2 - Estação de Ferro (E.F.C.B) - Em uma paisagem repleta de símbolos e sinais ferroviários, o morro com casas humildes e coloridas se mistura aos trilhos e vagões de uma das principais ferrovias do Brasil, a Estação de Ferro Central do Brasil, que no início do século XX interligava a então capital do Brasil, Rio de Janeiro, a São Paulo e Belo Horizonte, importantes capitais estaduais.
Quadro 3 – A Boneca - Em seu vestido rodado cor-de-rosa, a boneca parece descansar enquanto se prepara para mais uma dança no universo colorido de Tarsila, onde os tons de azul puríssimo convivem sem se encontrar, o branco traça caminhos, provendo apoio, emoldurando janelas possíveis e fazendo sonhar, sem deixar de conceder espaço para o verde cantante e outros tons de rosa, em um cenário de pura magia.
Quadro 4 – Paisagem com Touro I – Entre casarios de um Brasil rural que Tarsila conhecia tão bem, posto que passou sua infância em fazendas no interior do estado de São Paulo, um touro branco nos observa altivamente, como que se apresentando como o guardião do terreiro e da fazenda.

6. As Cores de Tarsila – Neste ambiente estarão expostos reproduções de diversos quadros impressos e as principais cores da paleta de Tarsila (Cores Caipiras: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo e verde cantante) para a pintura brasileira e internacional. Ao centro, duas redes coloridas penduradas do teto até quase o chão, representando pinceis. Os visitantes serão convidados a se posicionar nas redes-pinceis, e percebem que no chão há uma projeção que repercute o movimento de cada pincel e vai misturando as cores e dando origem a uma infinidade de pinturas digitais aleatórias.

O público poderá responder a um quiz para adivinhar qual quadro está com a paleta de cores da artista.

7.Papo com o Abaporu - Com cactos cenográficos e flores holográficas, o espaço abrigará instalações inspiradas em três obras importantes, AbaporuSol Poente e A Lua.

Sol Poente - Com cenografia inspirada na obra, o espaço servirá de cenário para fotos, com um fundo cenográfico projetado com os círculos cor laranja concêntricos em movimento e pufes espalhados a frente que representam os animais da obra de Tarsila.

A Lua - Um balanço remetendo ao famoso quadro que acabou de ser adquirido pelo Moma. Um observador solitário aprecia a Lua formosa, pintada com a cor do Sol, que ilumina campos, colinas e um riacho em curva tão fechada e circular, que se opõe à própria Lua, sem saber se está minguando ou crescendo.

Papo com Abaporu - em frente a uma reprodução do quadro Abaporu, que se transformou na mais importante obra de arte do país, símbolo do modernismo brasileiro e do movimento antropofágico, haverá dois totens touchscreen com perguntas que serão respondidas pelo enigmático personagem de cabeça minúscula e um pé enorme, via inteligência artificial através dos serviços do Watson, da IBM, matando a curiosidade e o interesse de todos os presentes sobre antropofagia e seu contexto. Acessibilidade, outro tema de suma importância, terá uma reprodução tátil do quadro Abaporu, criado especialmente para que deficientes visuais conheçam a obra de Tarsila do Amaral.

A mostra é apresentada pelo Ministério da Cidadania, com patrocínio da Getnet.

Sobre o Farol Santander
O Farol Santander, um dos principais pontos turísticos de São Paulo, já recebeu mais de 800 mil pessoas e 13 exposições de arte rotativas em mais de um ano de funcionamento. As atrações do Farol Santander ocupam 18 andares dos 35 do edifício com 161 metros que, por um longo período, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.

Do 2º ao 5º andar os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade, no espaço Memória que tem com mobiliários originais feitos pelo Liceu de Arte e Ofícios em salas de reuniões e presidência. No 4º andar, uma instalação permanente e exclusiva do Farol Santander: Vista, desenvolvida pelo renomado artista brasileiro Vik Muniz.

As visitas começam pelo hall do térreo e seguem até o mirante do 26º andar que, após a revitalização, ganhou uma unidade do Suplicy Cafés. Neste ano, o Farol Santander inaugurou o Bar do Cofre SubAstor, o Boteco do 28 e a Cozinha do 31, em andares dedicados à gastronomia.

Atualmente, estão no Farol Santander as exposições de arte Machado de Assims (Marcello Dantas), até 12 de dezembro de 2019. ETNOS – faces da diversidade (Marcello Dantas) e Contemporâneo, sempre – Coleção Santander Brasil (Agnaldo Farias e Ricardo Ribenboim), ambas até 05 de janeiro de 2020.

Serviço Farol Santander – Tarsila para Crianças
Quando: 26/11/2019 a 02/02/2020
Onde: Rua João Brícola, 24 – Centro (estação São Bento – linha 1, azul do metrô)
Site Farol Santander: farolsantander.com.br
Funcionamento: terça a domingo
Horários: 09h às 20h (terça a domingo)
Ingressos: R$ 25,00 (visitação completa ao Farol Santander)
site e bilheteria física no local
Capacidade por andar: 60 pessoas
Brigada de incêndio e Seguranças: Efetivo total de 60 pessoas
Banheiros: 2 por andar – 1 masculino e 1 feminino (4º andar, 8º andar, 21º andar, 22º andar, 23º andar, 24º andar e no 26º andar)
Acessibilidade: Banheiros e elevadores adaptados, rampas de acesso
Saídas de emergência

Assessoria de Imprensa Farol Santander - Marra Comunicação

exposição Brasil nativo/Brasil alienígena - Anna Bella Geiger - SP

MASP E SESC AVENIDA PAULISTA CORREALIZAM EXPOSIÇÃO SOBRE ANNA BELLA GEIGER
A maior exposição da artista carioca já realizada em São Paulo, reúne cerca de 180 obras e parte de seu trabalho mais icônico, “Brasil nativo/Brasil alienígena”, para apresentar sua produção



Ativa desde os anos 1950 como artista e desde os anos 1960 como professora no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Anna Bella Geiger participou das primeiras exposições de arte abstrata no Brasil e é um nome pioneiro na introdução do vídeo e das práticas conceituais no cenário artístico brasileiro.
A exposição Brasil nativo/Brasil alienígena, que abre para o público no dia 29 de novembro no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e no dia 30 de novembro no Sesc Avenida Paulista, abrange um arco temporal extenso da artista, desde a década de 1960 até os anos 2000. 
A mostra toma emprestado o nome de uma de suas séries mais conhecidas, Brasil nativo/Brasil alienígena, para apresentar obras que discutem criticamente a história e a realidade social do país, como o passado colonial, a identidade nacional, a representação dos povos indígenas e questões ecológicas, ainda hoje tão atuais, atravessadas por uma perspectiva e narrativa autobiográficas.
A curadoria é de Tomás Toledo, curador-chefe do MASP, e de Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu. No MASP, a exposição se insere no ciclo temático “Histórias das mulheres, histórias feministas”, que guia toda a programação da instituição em 2019. No Sesc, a exposição dá continuidade a um relacionamento com a artista que já expôs em diversos projetos da rede. Outro motivo de celebração para o Sesc é o fato de algumas obras de Anna Bella terem sido incorporadas ao Acervo Sesc de Arte Brasileira.
Geiger tem como marcas a experimentação, a prática artística como ferramenta questionadora de sistemas políticos, sociais e da própria arte, além do uso constante de autorreferências; os visitantes poderão observar que seus suportes e seus temas vêm e vão. 
Sua formação acadêmica teve forte influência em sua produção, assim como o regime militar no Brasil (em vigor no país de 1964 a 1985) e é a partir desse episódio que ela passa a refletir sobre o papel da arte frente a um Estado autoritário e violento, preocupação que transparece em diversos trabalhos presentes na exposição.
Aos 16 anos, teve aulas no ateliê de Fayga Ostrower (1920-1991), com a qual também estudaram Lygia Pape (1927-2004) e Décio Vieira (1922-1988).
Posteriormente, nos anos 1950, mudou-se para Nova Iorque onde frequentou o curso de Hanna Levy-Deinhard (1912-1984), na New York University. De volta ao Brasil, formou-se em Línguas Anglo-Saxônicas na Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, em 1957. Na década seguinte, iniciou seus trabalhos como professora no MAM Rio, envolvimento que cresceu ao longo dos anos, já que, de 1971 a 1973, foi membra do conselho administrativo da instituição. 
Nestes papéis, sempre defendeu o museu como um espaço experimental, de encontro e de debate entre artistas.
Aos 86 anos, continua produzindo e dando aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), Rio de Janeiro, onde vive, e no Higher Institute for Fine Arts (HISK), em Gent, na Bélgica. 
No MASP, a mostra está dividida em nove salas, no segundo subsolo do museu, configurando seis núcleos temáticos e não necessariamente cronológicos: VisceralMacios e NoturnosAutorretratoMapasSobre a arte e História do Brasil. No Sesc Avenida Paulista, são apresentados três trabalhos instalativos históricos (Circumambulatio, 1972; Mesa, friso e vídeo macios, 1981 e Indiferenciados, 2001) que cobrem momentos distintos da produção da artista e foram remontados especialmente para a exposição. Além das instalações, são exibidos três vídeos (Telefone sem fio, 1974, e Passagens I II, 1974). As duas instituições possuem obras da artista em seus acervos e estão a 1.500 metros de distância uma da outra, reforçando a parceira entre ambas e o potencial cultural da Avenida Paulista.
No museu, a exposição tem início com a apresentação de gravuras da fase conhecida como Visceral (anos 1960), nas quais representa órgãos do corpo humano. Se, por um lado, a série aponta para um olhar mais intimista e introspectivo, voltado para as entranhas do corpo, por outro pode ser tomada também como um reflexo do exterior e metáfora das vísceras que regem as entranhas de um outro corpo, o corpo político. Também estão presentes na mostra as apropriações de elementos da cartografia, da geografia e da matemática no núcleo dedicado aos mapas em séries como Local da ação (anos 1970-1980), Polaridades (anos 1970), Equações (anos 1970-80), Variáveis (anos 1970) e Rolinhos (anos 1990-2000), além dos conjuntos de cadernos de artista com referências a materiais didáticos (anos 1970); diferentes obras da série Burocracia (anos 1970-2000); e um conjunto de trabalhos em pintura, da série Macios (anos 1980). 
Um grande eixo da mostra é dedicado aos mapas, tema recorrente na trajetória de Geiger. Com eles, no geral, a artista reflete sobre ideias aparentemente opostas entre si, como noções de polaridades, centro versus periferia, norte versus sul, a parte versus o todo, e questiona não só as próprias representações cartográficas, para além das coordenadas, mas também conceitos filosóficos politicamente orientados. A partir de um ponto de vista geopolítico, reflete sobre as hegemonias políticas e suas ideologias, sobre os ideais construídos pela sociedade moderna ocidental.  
Já em Brasil nativo/Brasil alienígena (1976-1977), trabalha com postais, que alcançaram grande circulação no século 20. Eram, à época, considerados uma das formas de conhecer determinado local ou povo e de adquirir conhecimento sobre diferentes culturas, e circulavam com frequência nas Exposições Universais que ocorriam na Europa. O “Brasil nativo” dos postais vendidos em bancas de jornal no Brasil e apropriados por Anna Bella mostrava os indígenas idealizados e exotizados, nus caçando com arco e flecha, em rituais ou socializando e realizando atividades cotidianas. Porém, essa visão simplificada e aparentemente aprazível ignorava a violência de estado que acometia os povos indígenas no país durante o regime militar. Complementando a apropriação dos postais, a artista criou novas imagens, imitando e reinterpretando as cenas das originais, lançando a pergunta sobre o que é nativo e o que alienígena, colando em jogo o seu próprio local de mulher branca, de classe média alta, de família estrangeira e origem judaica.  
O humor e a ironia também são recursos frequentes utilizados pela artista. Em uma das obras do núcleo de Autorretratos, por exemplo, ao questionar o lugar da arte e do artista, em clara referência à Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, marco do renascentismo europeu, coloca-se como modelo misteriosa com a favela carioca do Santo Amaro ao fundo. 
A comicidade repete-se em séries como Burocracia Ideologia. A primeira consiste em pinturas, serigrafias e vídeos com os dizeres “Sobre a arte” e nos quais quatro figuras femininas pronunciam a palavra BU-RO-CRA-CIA, em uma imagem muito próxima àquela vista em uma propaganda da época de um creme íntimo para mulheres. Esse trabalho instaura questões como os modelos de feminilidade e a produção de imagens do feminino nas artes visuais e a burocracia e o sistema de funcionamento da arte em relação às mulheres, assim como do sistema burocrático das artes como um todo.  
Circumambulatio, um de seus trabalhos mais enigmáticos, estará no Sesc Avenida Paulista. A obra surge em suas aulas no MAM, quando junto aos seus alunos propõe-se realizar investigações sobre o conceito de centro nas diferentes sociedades e épocas. Disso surgem experiências realizadas fora do museu e longe dos agentes da censura, na então distante lagoa de Marapendi, no Rio de Janeiro, onde praticavam uma série de processos criativos, usando a terra como suporte principal.
Essas ações foram registradas, editadas e exibidas em formato de escritos, fotos e filme super-8 na primeira vez que a instalação foi montada, nos anos 1970. A cada montagem, no entanto, a obra se renova, já que a artista adiciona novas referências, como na última montagem em 2019, no MAM Rio. 
Outras duas instalações audiovisuais históricas da artista serão remontadas no Sesc Avenida Paulista: Friso, mesa e vídeos macios, apresentada uma única vez na 16ª Bienal de São Paulo (1981) e Indiferenciados, elaborado para uma grande mostra de Geiger no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001. As instalações serão complementadas com uma sala de vídeo que irá exibir trabalhos de diferentes períodos da artista.
Friso, mesa e vídeos macios consiste em uma sala com uma mesa central na qual são impressas manchas que podem tanto ser mapas quanto camuflagens. E nas paredes desse espaço se repetem espécies de mapas do Brasil. Além disso, dois monitores de televisão reproduzem esses mesmos padrões sendo manuseados. Neste trabalho, ela investiga, por meio da visão, o tato. Brincando com os sentidos a artista explora também a visualidade como um todo.
Na sala de vídeo serão exibidos trabalhos como Telefone sem fio (1974) e Passagens I e II (1974). No primeiro, ela, Fernando Cocchiarale (crítico de arte, curador e professor) e outros amigos fazem, como o nome do trabalho sugere, a conhecida brincadeira do “telefone sem fio”. Mas, na ocasião, as frases que são ditas entre os participantes remetem ao universo da arte. E esses questionamentos, ao serem passadas de um ouvido ao outro, se perdem: tanto no sentido do receptor se enganar no que ouviu quanto do enunciador mudar o que está sendo dito. 
            Já Passagens I e II são vídeos curtos nos quais ela sobe uma escada. Reproduzidos em looping dão a impressão improvável de que ela está eternamente fazendo o mesmo movimento. Feitos nos anos 1970, evidenciam um interesse dela e de outros artistas contemporâneos pelo vídeo, que começava a ser explorado.

Catálogo
A publicação homônima será lançada na abertura da exposição no Sesc Avenida Paulista no sábado, dia 30, às 11h, e será vendida nas duas instituições. O catálogo, organizado pelos curadores e coeditado pelas Edições Sesc, inclui um texto conjunto de Adriano Pedrosa e Danilo Santos Miranda, além de ensaios inéditos de Tomás Toledo, Bernardo Mosqueira, Zanna Gilbert, Estrella de Diego, Philippe Van Cauteren, e uma entrevista de Geiger com Pedrosa. Todos os trabalhos da exposição serão reproduzidos no livro que conta com nota biográfica de Gabriela de Laurentiis.

SERVIÇO 
NO MASP 
Abertura: 28 de novembro de 2019, às 20h
De 29 de novembro de 2019 a 8 de março de 2020
Local: 2º subsolo
Endereço: avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: quarta a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); Terça Grátis
Qualicorp: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$ 40 (entrada); R$ 20 (meia-entrada)

Durante a exposição, credenciados Sesc pagam meia-entrada no MASP e têm 50% de desconto na aquisição do Amigo MASP.
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.
AMIGO MASP tem acesso ilimitado e sem filas todos os dias em que o museu está aberto.
Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$ 20 (meia-entrada).
Menores de 11 anos de idade não pagam ingresso.
O MASP aceita todos os cartões de crédito.

Acessível a pessoas com deficiência física, ar condicionado, classificação livre


NO SESC
Abertura: 30 de novembro de 2019, às 10h
De 30 de novembro de 2019 a 8 de março de 2020
Local: Arte II (5º andar)
Endereço: Avenida Paulista, 119, São Paulo, SP
Ingressos: Grátis – Acesso livre, sujeito à lotação do espaço
Telefone: (11) 3170-0800
Transporte Público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m

Horário de funcionamento da unidade:
Terça a sábado, das 10h às 22h.
Domingos e feriados, das 10h às 19h.