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abertura: 14/08/2021, 14h – 18h
visitação: 16/08/2021 – 02/10/2021
segunda-feira, das 12h às 18h
terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 18h
*sugerimos utilizar über ou táxi
Dudi Maia Rosa
Sem título, 2017
Resina poliéster pigmentada, grafite, alumínio e fibra de vidro
32 x 24,5 x 5 cm
Foto: Edouard Fraipont
Tudo de Novo, nova exposição individual de Dudi Maia Rosa na Galeria Millan, três anos após a mostra Lírica, em 2019, apresenta um vasto recorte da produção do artista, mesclando obras recentes de sua produção com trabalhos mais antigos, sob a curadoria de Victor Gorgulho.
Através de uma abordagem não hierarquizante, são apresentados cerca de quarenta trabalhos inéditos, dentre suas conhecidas obras em resina poliéster pigmentada – técnica sobre a qual o artista debruça-se há décadas, ocupando papel central em sua prática – e trabalhos em pequenos formatos onde a resina funde-se a outros materiais diversos: pedaços de vidro, alumínio, latão, plástico e mesmo a pequenos objetos. Muitas vezes encobertos por sutis camadas de cor, seja pelo uso pontual da tinta à óleo, acrílica ou pelo emprego de carvão ou grafite, são peças que resultam em delicadas assemblages bidimensionais, cujas composições pautadas por ruídos visuais contrastam com as propriedades cromáticas e de luminosidade dos trabalhos em maior escala.
Ainda que a mistura destes dois grupos de trabalhos sugira, a princípio, relações dicotômicas entre luz e sombra, cor e escuridão, polidez e fratura, a exibição das obras em pequenos grupos e composições pensadas minuciosamente pelo artista junto ao curador, aprofundam e complexificam tais fricções entre eles. Deste modo, trabalhos do artista realizados em uma ampla janela temporal – desde uma pequena obra datada de 1993 até um robusto conjunto de trabalhos feito nos últimos três anos, aproximadamente – ganham novas camadas semânticas a partir de insuspeitadas relações tanto de afinidade quanto de oposição: seja de ordem formal, cromática, material ou de outras naturezas ainda por serem reveladas.
Tudo de Novo, frase escrita por Maia Rosa em um dos pequenos trabalhos de resina e fibra de vidro, remete, assim, à natureza irrevogável do labor artístico próprio do ateliê, da vivência diária do estúdio onde nascem e concretizam-se as ideias artísticas; bem-sucedidas ou falhas. É celebrada aqui, portanto, tal resiliência intrínseca ao trôpego fazer artístico, nas mais diversas práticas e produções, mundo afora.
Dudi Maia Rosa sabe – qualquer artista sabe – que é preciso encarar o ateliê, dia após dia, atravessando-os em seus questionamentos e dúvidas que teimam em povoar a espessa nebulosidade dos pensamentos de cada um. É preciso adentrar, sem medo, as noites infindas de criação, de inspiração e de impasse, surpresas e falhas, gozo e insatisfação. É preciso mesmo fazer tudo de novo, sabemos: adentrar o espaço expositivo, fitar mais uma vez sua própria obra (sua própria vida, afinal?) para então recriá-la, reconfigurá-la, como quem limpa os próprios olhos em busca de enxergar novamente a vida pela primeira vez. Lavada, nua, assombrosa. Tudo de novo, uma vez mais e outra ainda além, assim por diante.
DE 6 de agosto a 17 de setembro
Encontros de eixos resultam em estrelas feitas de linhas retas que cintilam sobre rios voadores. Situadas em planos que miram o transcendente, suas aparições dependem da sobreposição de traços com inclinações distintas. Rios caudalosos surgem antes. Descem de uma ponta à outra da superfície durante rituais e embates com a força da gravidade. Quando deixam de ser quedas d’água para recuperarem o horizonte, irradiam luminosidade das profundezas de oceanos e encontram céus feitos de gestos simples, acolhedores de sonho, poesia, utopia e linguagem. Esses mesmos rios de vapor d’água, atravessados por linhas paralelas, dão formas a pontes suspensas cuja extensão conecta realidades infinitesimais com fractais expansivos que relembram a potência da unidade na diversidade. Ligeiramente distintos uns dos outros, cada risco sustenta existências alheias sobre águas atmosféricas desprovidas de margens. Turbulência e fluidez retomam a ideia de Isidore Ducasse, para quem a poesia não é outra coisa senão um rio majestoso e fértil. Nesse quadro, resta imaginar o maravilhamento do poeta caso tivesse tido contato com essas entidades que transportam água invisível cortando céus de cidades que ateiam fogo em si mesmas. No silêncio meditativo do ateliê de Sandra Cinto reside um fragmento da contraparte de tal sociedade autodestrutiva. Enquanto gera rios voadores sobre telas, elabora sua reverência à circulação livre da atmosfera que deixa a Amazônia em direção ao Centro-sul do território sul-americano.
Não é de hoje, inclusive, que firmamentos e corpos d’água traçados pela artista revelam seu fascínio pela persistência da natureza em manter a vida pulsante, indistintamente. Daí empregar o plural na sentença que intitula a exposição e revigora o espírito resiliente face à condição incendiária de sua segunda parte, já que noites de esperança dependem da repetição de gestos libertadores. Em sua prática, esse estado consiste em transmutar ações banais cotidianas e perceber o brilho de corpos celestes como a potência atômica de vagalumes que dançam na aurora. Na contracorrente da devastação dominante, suas travessias, mergulhos, sobrevoos e enraizamentos se entrelaçam em um corpo de obras com o qual a artista revela a engenhosidade do cosmos, em profundezas alcançadas apenas pela integração da mente com o espírito. O convite a compartilhar noites de esperança ocorre com as oscilações da matéria, a única maneira para mergulhar nas imperturbáveis profundezas oceânicas e alçar voos em céus acolhedores de rios filhos da Floresta Amazônica. Utópica e espiritual, Noites de Esperança na Cidade Maçarico reduz a diferença substancial de arquipélagos, constelações e pequenos pontos que manifestam a conjunção de indivíduos com a natureza.
Foi Paulo Freire quem listou enunciados que traduzem o verbo esperançar, entre os quais, “juntar-se com outros para fazer de outro modo” é elementar na montagem. De fato, os envelopes sobre a mesa destinada a receber uma pessoa por vez e solicitar que o espaço dos sonhos seja narrado ao eu estrangeiro ou a pessoas distantes equivale a alcançar o “inédito viável” de Freire. O que adiciona, às noites, metáforas do estado de vigília de pessoas buscadoras de horizontes possíveis para futuros vividos coletivamente. Para tanto, a caixa acolhedora de cartas acumulará rascunhos, listagens, desejos e outras escritas com destinatários convidados a compartilhar sonhos capazes de criar e construir mundos.
"Construir", para o professor, também é sinônimo de esperançar. Por alterar a ordem das coisas, acolher ideias e desdobrar possibilidades, o verbo requer compasso para o alinhamento com a matéria imprevisível. Em 2006, esperançar e construir aparecem como substantivos na obra da artista, sendo Construção a cobertura do espaço arquitetônico com estruturas estelares que vibram em diferentes intensidades e Noites de Esperança,a sobreposição de planos que celebram a vida inscrita no passado e projetada para o futuro. No segundo semestre de 2022, em meio à devastação severa do país, é preciso ter em mente quanto esperançar é verbo que exige cultivo. É preciso reativar a memória corporal de quando o dia virou noite, com plumas de fuligem trazidas por rios voadores da região amazônica em chamas. É preciso construir futuros como sinônimo do verbo esperançar, reinstaurar o estado de luto vivido por negligências voluntárias e despertar a urgência por revoluções da consciência. É preciso, igualmente, manifestar revoltas contra a fome opressora engendrada pelo poder que transforma bens naturais em commodities, o mesmo que naturaliza a violência e o ódio. Diante disso tudo, Cidade Maçarico é, também, memória de infância. É a luz destrutiva que ilumina a vila de mesmo nome onde a artista viveu até a primeira juventude. São os dias em que o pai vivia longe de sua condição humana. Assujeitado à outra dimensão construtiva, ele foi um dos que “amou daquela vez como se fosse máquina”. Distante da dimensão esperançosa que o verbo construir encontrou no pensamento freireano, a Construção, na Vila Maçarico, recebeu o significado dos versos que Chico Buarque escreveu em 1971. Por isso as memórias de infância da artista associam as descidas ao litoral com imagens de dias felizes, ocasião em que seu pai respirava e observava os filhos aprenderem a nadar. Enquanto isso, na Vila Maçarico, as notícias climáticas repetiam — ainda repetem — a veiculação do Jornal do Brasil de 4 de dezembro de 1968: “Temperatura sufocante. O ar está irrespirável.”
Foi a artista Ana Tavares quem identificou, no começo da década de 1990, em céus redentores realizados pela então aluna, a chama de luz da refinaria que dá à localidade o nome Vila Maçarico. Situada no centro de uma pequena composição com a qual a jovem artista construía a leitura de mundos opostos, as chamas aludem à condição abrasiva e violenta da pólis. Ou, ainda, da pessoa cidadã, politikoi, responsável por seu alastramento ou extinção. Conforme ocorre com o direito à liberdade de expressão — eliminado em contextos nos quais a vida coletiva e diversa é objeto de opressão e extermínio —, o direito à cidade, relembra Henri Lefebvre em seu livro homônimo, consiste em elaborar uma utopia experimental que interroga, na prática, os ritmos da vida cotidiana e suas prescrições favoráveis à felicidade. Algo contrário a esse princípio corrompe o direito à pólis e descredita, portanto, o indivíduo a exercer atividades públicas. Com isso, Noites de Esperança na Cidade Maçarico destina-se a fazer voar e transitar por endereços variados a construção de um espaço de encontros para que pessoas, conjuntamente, revisem a cidade e iniciem algumas práticas capazes de introjetar felicidade em territórios e campos dizimados. Ao compor musicalidades feitas de sonhos que se entrelaçam, a artista preserva movimentos em sua prática quixotesca que compreendem o verbo esperançar como fundamento de generosidade, maneira encontrada de “fazer de outro modo” dentro da arte.
Inclusive, no momento em que desfaz escalas, amontoa passado e futuro em áreas oceânicas modeladas por ventos intransponíveis — em favor de processos que imploram pela cicatrização de centros urbanos feridos por maçaricos que destilam ódio e discriminação —, suas Noites de Esperança acomodam corpos em camas individuais. Estando em suspensão, fará bem que se lembrem ou entrem em contato com as palavras de Arundhati Roy, especialmente o breve trecho que escreveu a uma amiga demonstrando outros mundos possíveis, qualificados pela potência do sonho que Sandra Cinto porta e distribui por meio de linhas, pontos, rios, envelopes e cartas:
O único sonho que vale a pena ter é sonhar que você viverá
enquanto estiver vivo e morrerá apenas quando estiver morto.
Amar. Ser amado. Sem nunca
esquecer sua própria insignificância.
Nunca se acostumar à violência indescritível e
à desigualdade vulgar ao seu redor (...).
O trecho da pequena lista de sonhos da escritora indiana encontra nas obras da artista outras intuições sagradas, como as esferas reluzentes que evocam ciclos de vida de existências anônimas, feito aquela do trabalhador que “morreu na contramão atrapalhando o público.” Por isso suas noites, traços e pontos sobre rios voadores são lembranças que acalentam e abraçam. São, ao mesmo tempo, metáfora de chuvas geradas por raízes na Amazônia, fusão nuclear que evapora mares e banha florestas, assim como a necessidade de fazer girar o ciclo de germinação de sementes para perdurar a vaporização de mares e manter o direito à vida.
Josué Matto
Casa Triângulo
RUA ESTADOS UNIDOS 1324 /
CEP 01427-001 / SÃO PAULO / BRAZIl
DE TERÇA A SEXTA / DAS 10H ÀS 19H / SÁBADO / DAS 10H ÀS 17H
T: +55 11 3167-5621 / INFO@CASATRIANGULO.COM
Evandro Carlos Jardim: Neblina
Abertura: 09 de agosto, às 19h30
Visitação: 10 agosto a 20 novembro 2022
A mostra ressalta a perseverança do artista no tema – cidade São Paulo –, ao longo de décadas, e como explorou a infinita capacidade de transformação e nuance da gravura, suporte que adotou como linguagem
A exposição Evandro Carlos Jardim: Neblina está organizada em torno de um conjunto chamado Tamanduateí Contraluz, que reúne 50 obras impressas desde 1980 até hoje. Segundo os curadores Paulo Miyada e Diego Mauro, do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, todas essas imagens foram construídas a partir de uma só matriz de cobre, sobre a qual o artista uma vez desenhou o Palácio das Indústrias e o pilar de sustentação de um viaduto, tal como vistos desde as margens do Rio Tamanduateí, em São Paulo. “A partir desse traçado primeiro, Jardim operou a gravura como uma espécie de avesso da arqueologia, como uma prática de escavação que, ao invés de revelar um fato do passado, produz infinitos novos traçados”, comenta a dupla de curadores.
Nesta série evidenciam-se duas persistências notáveis na obra de Jardim: a gravura e a representação da cidade de São Paulo. O título da exposição “Neblina” destaca as inscrições realizadas por Jardim em alguns de seus trabalhos, especialmente a “neblina”, condição atmosférica dessa cidade que Jardim tem acompanhado detidamente ao longo de quatro décadas, por meio de sua produção. “Há essa característica a mais para a imaginação e a memória: se relacionar com essa São Paulo da gravura e, ao mesmo tempo, rememorar um pouco de uma cidade que já foi mais povoada pela neblina e se tornou conhecida pela garoa”, comentam os curadores.
A obra de Jardim subverte o princípio serial de uma técnica de reprodução ao aprofundar-se nas possibilidades criativas dos processos de gravação, impressão e transformação da imagem. O compromisso do artista com a gravura já se estende por mais de seis décadas de produção - e por sua incansável dedicação ao ensino, que o levou a atuar como professor na Escola Belas Artes, na FAAP e na ECA-USP.
“Assim como para Jardim não existem duas imagens iguais ou equivalentes – e por isso o artista se permite voltar uma e outra vez ao mesmo ponto de partida, à mesma cena, aos mesmos elementos, sutilmente recombinados – também a condensação parcial da umidade do ar tornou-se mais rara ao longo dessas quatro décadas, a ponto de a neblina e a garoa pertencerem cada vez mais ao âmbito da imaginação. Imaginação essa que Jardim também convoca, fazendo nossa mente povoar a multiplicidade de seus trabalhos”, completam Miyada e Mauro.
Evandro Carlos Jardim: Neblina é também uma oportunidade para o público aprofundar o olhar sobre a gravura, em um exercício que poderá se desdobrar no contato com a mostra O Rinoceronte: 5 Séculos de Gravuras do Museu Albertina que será inaugurada em setembro próximo, no Instituto Tomie Ohtake.
Evandro Carlos Jardim: Neblina
Abertura: 09 de agosto, às 19h30
Visitação 10 a 20 de novembro de 2022
Parceria Institucional: Galeria Leme
De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) - Pinheiros SP
Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela
Fone: 11 2245 1900
fonte:
Pool de Comunicação
Atividades fazem parte do ciclo de 2022 do Programa Sonhar o Mundo – direitos humanos nos museus - que tem como tema “Deficiência e Acessibilidade em Museus”;
Destinadas a profissionais de instituições museológicas paulistas, as oficinas têm vagas limitadas. As inscrições devem ser feitas via formulário online até dia 11 de agosto;
Serão realizados dez encontros, com início neste mês e término em março de 2023
São Paulo, agosto de 2022 - O Sistema Estadual de Museus de São Paulo (SISEM-SP) está com inscrições abertas para as oficinas “Acessibilidade em Ambientes Culturais”, parte do ciclo de 2022 do Programa Sonhar o Mundo – Direitos Humanos nos Museus. Para participar do evento, que é online e gratuito, os interessados devem preencher o formulário até o dia 11 de agosto. As vagas são limitadas.
Divididas em cinco módulos de dois encontros, totalizando dez dias de aprendizado, as oficinas terão início em 25 de agosto deste ano e término previsto para 24 de março de 2023. A programação oferece diferentes dimensões da acessibilidade, com o objetivo de fomentar a cultura do acesso e a inclusão no campo dos museus. Vale ressaltar que os encontros são destinados aos profissionais de todas as áreas e setores de museus sediados no estado de São Paulo.
O evento foi organizado por Anahí Guedes de Melo, antropóloga e coordenadora do Comitê Deficiência e Acessibilidade da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e membro do GT Estudios Críticos en Discapacidad do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (CLACSO), e por Olivia von der Weid, antropóloga e professora do departamento de antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Abordagem
As oficinas têm como objetivo apresentar os diferentes âmbitos da acessibilidade a partir de sua dimensão conceitual e normativa, além de abordar práticas de acessibilidade atitudinal e estética capazes de auxiliar a superação de barreiras e de promover uma cultura de inclusão de pessoas com deficiência dentro do campo cultural.
Assim, foi levada em consideração uma perspectiva que considera a acessibilidade para além do ponto de vista material ou técnico, propondo o entendimento da acessibilidade como uma relação entre corpos múltiplos, capazes de apresentar diferentes modos de experiência e fruição – possibilitando, inclusive, a criação de exposições diferenciadas.
Programação
O primeiro módulo (25 e 26 de agosto), “Acessibilidade como técnica”, tem como objetivo apresentar a história do movimento social das pessoas com deficiência e o histórico de exclusão de pessoas com deficiência dos espaços museológicos, trazendo à tona o conceito de barreiras e de acessibilidade e os marcos legais existentes no Brasil.
No segundo módulo (6 e 7 de outubro), “Acessibilidade atitudinal”, serão debatidas as interseccionalidades da deficiência, discutindo o capacitismo e a ideia da deficiência como corpo político. Além disso, será apresentada uma cartilha de acessibilidade.
“Acessibilidade como experiência” é o tema do terceiro módulo (24 e 25 de novembro), que traz a questão do cuidado e da interdependência pela perspectiva feminista e pela perspectiva relacional e situacional do encontro entre pessoas com e sem deficiência.
Já o quarto módulo (9 e 10 de fevereiro de 2023), “Acessibilidade como criação”, levanta o seguinte questionamento: o que pode um corpo? A pergunta suscita debates sobre as múltiplas sensorialidades da deficiência e a multiplicidade dos corpos, trazendo à tona a perspectiva transformativa e as poéticas do acesso.
Por fim, o quinto módulo (23 e 24 de março de 2023) encerra o ciclo de oficinas com o tema “Aleijar as museologias”. Nesse momento, será levantada a representatividade das pessoas com deficiência dentro das coleções e dos acervos museológicos, levantando os discursos proeminentes nesses espaços culturais e propondo uma musealização da deficiência.
Sonhar o Mundo
Sonhar o Mundo é, atualmente, um dos principais programa do SISEM-SP voltado à discussão e estruturação de diretrizes de atuação dos museus em respeito e defesa dos Direitos Humanos e faz parte de uma parceria entre o SISEM-SP e a ACAM Portinari.
O programa nasceu a partir da campanha #sonharomundo, criada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo (SEC), por meio da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico e do Sistema Estadual de Museus, com a articulação do Memorial da Resistência, Museu Afro Brasil, Museu da Diversidade Sexual, Museu da Imigração, Museu Índia Vanuíre, Memorial da Inclusão e da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Com o programa o SISEM-SP garante a continuidade de um ciclo de ações voltadas à inserção dos museus em debates contemporâneos, reforçando seu potencial agregador e propositivo para a promoção de transformações sociais.
Sobre o SISEM-SP
O Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP), é setor da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM) instância da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo (SEC), tem como objetivo a elaboração e execução de políticas para os museus paulistas. Articula e produz informações sobre os museus paulistas, com a missão de promover a qualificação e o fortalecimento institucional em favor da pesquisa, preservação e difusão dos acervos museológicos paulistas. do Estado.
Sobre a ACAM Portinari
Fundada em 27 de novembro de 1996, a ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari) administra quatro equipamentos culturais do Governo do Estado de São Paulo por meio de contratos de gestão: Museu Casa de Portinari, em Brodowski, Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão, Museu H. P. Índia Vanuíre, em Tupã, e Museu das Culturas Indígenas, em São Paulo. Tem como principal objetivo o desenvolvimento da área cultural, particularmente a museológica, através da colaboração técnico-operacional e financeira.
fonte:
Assessoria de impressa SISEM
Agência Galo
O Museu Judaico de São Paulo oferece curso para análise e observação das obras de Mira Schendel
O objetivo do curso é trazer os conteúdos semióticos da tradição judaica
Crédito: Divulgação
O Museu Judaico de São Paulo oferece nos dias 10 e 17 de agosto o curso Mira Schendel e a Cabala, ministrado por Olívio Guedes, doutor em história da arte e diretor do Clube A Hebraica. Os encontros acontecem no segundo subsolo do MUJ, e tem como objetivo observar e analisar as obras de Mira Schendel (1919 - 1988), buscando em seus signos e símbolos os conteúdos semióticos da tradição judaica.
Sobre Olivio Guedes
Pós-Doutorando em História da Arte pela Universidade de São Paulo, Diretor Cultural do Clube A Hebraica, Diretor Cultural ACESC (Associação de Clubes Esportivos e Sócios-Culturais de São Paulo), Diretor Cultural da Universidade de Haifa Board Brasil, Conselheiro Consultivo do ProCoa (Projeto Circuito Outubro aberto), Coordenador de Cultura e Arte do IVEPESP (Instituto para a Valorização da Educação e Pesquisa no Estado de São Paulo), Perito Judicial do Tribunal de Justiça SP e Sócio da Slavieiro e Guedes Galeria de Arte. Tem experiência na área de Arte, com ênfase em História da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: arte, Complexidade e Transdisciplinaridade.
Sobre Mira Schendel
Mira Schendel ou Myrrha Dagmar Dub (Zurique, 7 de junho de 1919 — São Paulo, 24 de julho de 1988) foi uma artista plástica suíça radicada no Brasil, hoje considerada um dos expoentes da arte contemporânea brasileira.
Serviço
Curso Mira Schendel e a Cabala
Museu Judaico de São Paulo - Segundo subsolo
Datas: 10 de agosto e 17 de agosto (4a feira)
Horário: das 15h às 17h
Inscrições abertas via Sympla.
Valor: R$ 200,00 (para as duas aulas)
fonte:
a4&holofote
CONVERSARTE 2022 traz Geração Z para o centro dos holofotes
Terceira edição do projeto cultural traduz hábitos e comportamentos dos jovens nascidos entre 1995 e 2010 em uma exposição multimídia e um ciclo de debates com artistas que os representam
A terceira edição do projeto cultural CONVERSARTE traz a Geração Z – jovens nascidos entre 1995 e 2010 – para o centro das atenções a partir de uma exposição multimídia interativa e um ciclo de debates com nomes que dialogam com esse público. A exposição é gratuita e acontece de 7 de setembro a 5 de outubro, na Praça de Eventos do shopping Pátio Batel, em Curitiba. De 6 a 8 de outubro acontecem os debates. Os ingressos já estão à venda pelo site Disk Ingressos.
DEBATES
Com mediação de Igor Cordeiro, consultor nas áreas de Políticas Públicas, Sustentabilidade e Cultura, os debates do CONVERSARTE acontecem em um cenário que simula uma gravação de podcast – formato de áudio que está entre os mais consumidos pela Geração Z –, com participação aberta ao público.
No dia 06/10, sobem ao palco do evento para falar dos temas experiência e diversão duas jovens mulheres feministas que se tornaram vozes de uma geração criando conteúdos autorais em formatos despojados, repletos de humor e profundidade. A cantora, compositora, atriz, humorista e roteirista Clarice Falcão se reúne com a escritora, jornalista e youtuber Jout Jout para mostrar que é possível conversar sobre temas densos de forma leve e transformar o mundo dando risada.
No dia 07/10, o tema é conexão e diversidade. A obstinação de um jovem que saiu da periferia e deu voz a ela construindo o maior canal de música da América Latina no YouTube, com bilhões de visualizações, encontra o dom ancestral de uma filha de sambista radicada em Curitiba e que usa sua voz iluminada como instrumento de emancipação. O empresário, diretor e produtor musical Konrad Dantas, mais conhecido como KondZilla, troca uma ideia sobre cultura e arte periférica com a cantora brasiliense e devota do samba Janine Mathias.
No dia 08/10 é a vez de falar sobre propósito e inclusão. Quebrando seus próprios recordes pessoais, eles provam que liberdade e obstinação andam lado a lado com a criatividade. Autodidatas que encontraram seus propósitos de vida ainda na infância, o artista e muralista Eduardo Kobra se une ao skatista profissional, criador de conteúdo e apresentador Lucas Xaparral para uma conversa sobre cultura urbana como elemento transformador de realidades.
Realizado pela Montenegro Produções o CONVERSARTE tem o patrocínio da Britânia, Philco, Sideral Linhas Aéreas e Rumo Logística. A Associação Amigos do HC é a instituição beneficiada pelo projeto e receberá integralmente o valor arrecadado com a venda de ingressos para os debates.
De acordo com Carolina Montenegro, gestora da Montenegro Produções, a construção do projeto e a pesquisa foram conduzidas por seis valores: propósito, conexão, inclusão, diversidade, experiência e diversão. “A pesquisa aconteceu em 10 meses de trabalho e a terceira edição do projeto mapeia os hábitos, comportamentos e tendências da Geração Z. Essas leituras são representadas artisticamente por meio de uma mostra de arte multimídia, documentário e debates com referenciais dessa geração”, explica.
EXPOSIÇÃO
O CONVERSARTE 2022 acontece em dois momentos distintos. No primeiro, uma exposição de artes visuais, que será composta por um labirinto de intervenções de arte e tecnologia, proporciona aos visitantes uma imersão nas leituras e olhares particulares da Geração Z. O graffiti foi uma das linguagens escolhidas para interpretar os referenciais desses jovens, que cresceram com liberdade e inspiração para serem diferentes.
Intervenções em graffiti criadas por cinco artistas mulheres da Geração Z compõem as paredes do espaço expositivo. Com trajetórias já estabelecidas na street art, as artistas Erika Lourenço, Fernanda Rodrigues, Lala Luz, Luciana Gnoatto e Mariê Balbinot – selecionadas sob a curadoria da produtora cultural e designer multidisciplinar Giusy de Luca, fundadora da produtora cultural Mucha Tinta – revelam traços modernos e de fácil trânsito entre as redes sociais e os muros reais.
Telas de diferentes formatos completam a exposição, com materiais audiovisuais criados especialmente para a mostra. Um elenco de cinco jovens atores e atrizes de Curitiba – Loara Gonçalves, Nathalia Garcia, Nathan Milléo Gualda, Pedro Inoue e Renet Lyon – gravou breves monólogos escritos pelo ator, dramaturgo e diretor Nathan Milléo Gualda, que tratam de questões comuns aos jovens dessa geração de forma descomplicada e bem-humorada. Completando a exposição, está uma série de retratos de 15 jovens que representam essa geração feitos pelo fotojornalista curitibano Brunno Covello.
GERAÇÃO Z
Nascidos entre 1995 e 2010 – atualmente com idades entre 12 e 27 anos –, os jovens da Geração Z representam 24% dos brasileiros, com aproximadamente 51 milhões de pessoas. Conectados, inovadores, criativos e envolvidos com questões de sustentabilidade e diversidade, falam o que pensam, ouvem uns aos outros e diluem as barreiras entre consumo e criatividade. Essa geração não tem apego por instituições e cargos, e desejam autonomia para viver as próprias experiências, respeitando seu estilo de vida com propósito.
PESQUISA
O processo de pesquisa para compor um retrato completo das expectativas, gostos, sonhos e receios desses jovens, conhecidos como nativos digitais, reuniu jornalistas, sociólogos e historiadores sob coordenação do jornalista Cristiano Luiz Freitas, que atua há mais de 20 anos na produção de conteúdo e projetos voltados ao público infantojuvenil.
Moradores da comunidade Rio Verde, em Colombo, adolescentes da rede pública de ensino municipal e pacientes atendidos pela clínica AMI Terapia Cognitiva, apoiadora do projeto, participaram de oficinas de cinema, música, fotografia, literatura, pintura, literatura e dança e aprenderam na prática como criar dentro dessas linguagens culturais, em atividades norteadas por palavras-chave que definem a Geração Z. O resultado foi uma radiografia humanizada dessa geração em expressões artísticas, agora apresentadas nesta mostra multimídia gratuita.
CONTRAPARTIDA SOCIAL
Como forma de aproximar idosos dos jovens da Geração Z, o projeto prevê a construção de uma cozinha experimental móvel, que irá circular por instituições sociais e abrigos de idosos durante 6 meses. O objetivo dessa ação é promover a troca de experiências entre os públicos por meio da gastronomia e de receitas tradicionais.
Durante o projeto serão realizadas 10 oficinas criativas de gastronomia, que terão a participação de mil idosos e 500 adolescentes. O resultado desse trabalho será publicado em um livro que ilustra os pontos de conexão dessa geração pela gastronomia.
SERVIÇO:
CONVERSARTE GERAÇÃO Z
EXPOSIÇÃO GRATUITA DE ARTES VISUAIS
Data: De 7 de setembro a 5 de outubro de 2022
Local: Praça de Eventos do Pátio Batel (Av. do Batel, 1.868 – Curitiba, PR)
DEBATES COM CLARICE FALCÃO, JOUT JOUT, KONDZILLA, JANINE MATHIAS, EDUARDO KOBRA E LUCAS XAPARRAL
Data: De 5 a 8 de outubro de 2022
Local: Praça de Eventos do Pátio Batel (Av. do Batel, 1.868 – Curitiba, PR)
Ingressos: Lote promocional – R$ 20 (inteira) pelo Disk Ingressos.
https://www.diskingressos.com.
https://www.diskingressos.com.
https://www.diskingressos.com.
Galeria Arte132 apresenta a exposição "O Sequestro da Independência"
Com curadoria de Lilia Schwarcz , Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior, a mostra foi concebida em diálogo com o livro homônimo e propõe uma revisão da narrativa construída sobre a Independência da República
Uma história sobre a construção visual do Sete de Setembro no Brasil. Esse é o mote da exposição “O Sequestro da Independência”, a ser inaugurada no dia 13 de agosto, na Galeria Arte 132. Com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior, a exposição foi concebida em diálogo com o livro “O Sequestro da Independência - Uma história da construção do mito do Sete de Setembro” (Companhia das Letras, 2022), que será lançado no mesmo dia e que narra a construção imagética do mito do 7 de setembro. Os curadores da exposição são, também, os autores do livro. Na mostra, além de obras históricas, o público poderá ter contato com uma vitrine de objetos – incluindo originais e uma única reprodução – pertencentes à D. Pedro e ao legado da República do Brasil.
Propositadamente realizada a partir da reprodução de obras muito conhecidas, e outras nem tanto, a mostra pretende iluminar as narrativas imagéticas em torno de nossa emancipação política em quatro momentos chave: durante o processo de independência, em 1822; por ocasião da comemoração de seu centenário, em 1922; no ano de 1972, quando a ditadura militar celebrou os 150 anos do evento; e neste ano de 2022. A intenção é demonstrar como se formam diferentes memórias visuais, e como cada contexto político “sequestra” significados para que se adequem ao momento e inflamem a imaginação. Para isso, servem também os objetos históricos, tais quais um relicário em ouro e esmalte com a mecha de cabelos de d. Pedro I; uma moeda de 20 cruzeiros (do Sesquicentenário da Independência do Brasil; em ilustração: d. Pedro I com Médici, 1972); uma tabaqueira em ouro e outros tantos expostos em uma vitrine, com o propósito de ilustrar a narrativa visual que coordenou o período da Independência no imaginário brasileiro.
“Muitas nações se imaginam a partir de uma pintura, a qual, por sua vez, foi imaginada em diálogo com outras telas, muitas vezes estrangeiras. Aqui não foi diferente.”, explica o trio de curadores. Mas, para eles, a tela do artista Pedro Américo, “Independência ou morte”, de 1888, tem um sentido especial para a construção da nacionalidade do povo brasileiro. “De pintura encomendada pela Comissão construtora do Edifício-Monumento (futuro Museu do Ipiranga) em 1886, e apoiada por d. Pedro II – numa forma de homenagem de filho para pai – foi virando apenas uma ilustração; um retrato fiel do 7 de setembro às margens do Ipiranga, progressivamente despida de seu significado original, autoria e contexto.”, ressalta o núcleo curatorial.
Os capítulos abordados no livro giram em torno de seis constatações, estas também transportadas para a exposição. São elas:
Por ter caráter educativo e revisionário da história do país, a intenção principal dos curadores e da galeria, ao idealizarem a exposição, é que ela percorra diferentes escolas pelos estados do Brasil, levando à educação primária e secundária uma visão plural e mais verossímil sobre a Independência da República, datada de 7 de setembro de 1822. Muito diferente do que foi retratado no quadro de Pedro Américo e em outras obras que D. Pedro encomendou para ilustrar este período, integraram os batalhões durante os conflitos armados mulheres, crianças, indígenas e negros escravizados, os verdadeiros “heróis da independência”.
Sobre os curadores
Lilia Schwarcz é professora titular no departamento de antropologia da USP e Global Scholar na Universidade de Princeton. É autora de, entre outros livros, O espetáculo das raças (1993), As barbas do imperador (1998, prêmio Jabuti de Livro do Ano), A batalha do Avaí (com Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior, 2013), Brasil: Uma biografia (com Heloisa Murgel Starling, 2015) e Lima Barreto: Triste visionário (2017, prêmio Jabuti de Biografia). Ao lado de Luiz Schwarcz, com quem é casada, fundou a editora Companhia das Letras em 1986.
Lúcia Klück Stumpf é professora na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e pesquisadora pós-doutoranda pelo departamento de Artes Plásticas da ECA-USP. Doutora em antropologia social pela Universidade de São Paulo com pesquisa sobre arte, raça e cultura visual no século XIX, com ênfase na visualidade da Guerra do Paraguai (1864-1870). É autora, com Lilia Moritz Schwarcz e Carlos Lima Junior, de A batalha do Avaí (2013).
Carlos Lima Jr. é docente do curso de especialização Museologia, Cultura e Educação da (PUC-SP) e pesquisador e pós-doutorando pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UNICAMP. É doutor em estética e história da arte pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). É autor, com Lilia Moritz Schwarcz e Lúcia Klück Stumpf, de A batalha do Avaí (2013).
Sobre a Galeria Arte132
A Arte132 acredita que a arte de um país e de um período não é constituída apenas por alguns nomes definidos pelo mercado, mas por todos os artistas que desenvolveram um entendimento do mundo e do homem em determinado momento. Dessa forma, expõe e dá suporte à mostras com o compromisso de apresentar arte relevante e de qualidade ao maior número de pessoas possível, colecionadores ou não. A casa (concebida pelo arquiteto Fernando Malheiros de Miranda, em 1972), para além de uma galeria de arte, é um lugar de encontros, diálogos e descobertas. A galeria Arte132 completa um ano de atividades em 16 de agosto de 2022; e, ao longo deste período, apresentou seis mostras de arte. Segue abaixo a retrospectiva de exposições 2021/2022:
Serviço
O Sequestro da Independência
Curadoria e texto crítico: Lilia Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior
Local: Galeria Arte132 - Av. Juriti, 132, Moema, São Paulo - SP
Visita guiada com os curadores: 13 de agosto, sábado, às 11h30
Tarde de autógrafos com os autores do livro: 13 de agosto, sábado, das 13h às 15h
Período expositivo: 13 de agosto a 24 de setembro de 2022
Horários de visitação: segunda a sexta, das 14h às 19h. Sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita
fonte:
A4&Holofote comunicação
Exposição Quase Dez Anos
Unindo um recorte de fotografias já conhecidas com outras inéditas do fotógrafo, a mostra é construída por elementos que compõem os modos de viver que existem, resistem e se adaptam ao Brasil contemporâneo. Na seleção, “estão retratados elementos que compõem a forma de vestir, de festejar, de navegar, de comer, de trabalhar e de se viver de diferentes grupos do país”, explica Oséas.
Entre as imagens que foram produzidas ao longo de quase 10 anos — a década de trabalho será celebrada em 2023 —, o destaque é a fotografia O Céu da Dona Laudinete. A fotografia retrata o teto do ateliê desta artesã que mora no litoral de Alagoas e trança belas cestarias, com a fibra de coco — uma das matérias-primas locais desta região tão rica.
A foto inédita A Cuia é um outro exemplo da riqueza de elementos produzidos pelos povos brasileiros. Na imagem, o fotógrafo Oséas registra aquele utensílio que, por natureza, nasce pronto. Apesar da aparente simplicidade, o fruto da cuieira é trabalhado pelos ribeirinhos do Amazonas e ganha marcadores únicos daquela cultura. Hoje, a tradição de fazer cuias é considerada um patrimônio cultural pelo IPHAN.
Além do Amazonas e de Alagoas, as fotos da exposição Quase Dez anos foram tiradas em expedições para o Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), o agreste de Pernambuco, Maranhão, Bahia, Paraty, Ubatuba e Ilhabela (litoral de São Paulo). Nessas viagens, Oséas dialogou e fotografou indígenas, caiçaras, quilombolas, ribeirinhos e caipiras, de forma social e ecologicamente responsável.
Conhecendo a Marcelo Oséas Galeria
A Marcelo Oséas Galeria é fundada em um prédio em ruínas, o que não se traduz em nenhum demérito ao espaço. Na verdade, a ideia foi preservar as histórias da construção, localizada em uma esquina do centro histórico da cidade de Paraty.
A construção original das paredes e a estrutura aparente do telhado foram mantidas. Somando a estes elementos já existentes, uma treliça de ferro aramada foi instalada no teto e os quadros descem, por cabos visíveis. Enquanto isso, o chão é feito em pó de xadrez vermelho. Do lado de fora, banquinhos estão instalados, como mais um espaço de convivência para locais e turistas.
Todo o mobiliário da galeria é feito com sobras de madeiras, coletadas em estaleiros — espaços onde se constroem ou se reparam embarcações tradicionais — da cidade de Paraty. Sem iniciativas de reaproveitamento, como esta, todo o material seria incinerado. Este trabalho foi feito por arquitetos locais.
Responsabilidade social e ambiental
Para o artista Oséas, o exercício de fotografar não deve ser apenas clicar as imagens e partir. A melhor foto é feita a partir do diálogo e da troca, o que implica também em contrapartidas sociais. Cada grupo que é fotografado recebe um percentual de venda das fotos, através de financiamentos para iniciativas que o próprio grupo desenvolve.
Outro ponto de compensação é o ecológico. A cada fotografia comercializada pela galeria — em tiragens limitadas de 50 impressões — uma árvore é plantada. O plantio das mudas é feita através da organização TNC (The Nature Conservancy), o que permite o replantio de espécies típicas de cada bioma beneficiado.
Serviço:
Exposição Quase Dez Anos
Quando? A partir do dia 31 de julho de 2022
Onde? Marcelo Oséas Galeria - Rua Dr. Pereira, 125 - Centro Histórico de Paraty - RJ
Sobre Marcelo Oséas @marcelooseas
Fotógrafo documental, Marcelo mora entre as cidades de Paraty e São Paulo. Estudou Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) e atuou por nove anos em grandes companhias brasileiras, assim como no terceiro setor. Migrou integralmente para a fotografia em 2012.
Sua produção está relacionada às expressões artísticas autóctones latino-americanas, assim como culturas tradicionais, como a indígena, caiçara e andina. Mantém como campo de pesquisa os processos de assimilação da sociedade de consumo dos elementos culturais nativos, com sua consequente integração ou eliminação.
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