O Instituto CPFL, em Campinas, recebe em agosto, a exposição “Atrás da Grande Muralha - Nova Arte Chinesa e Brasileira”, com curadoria do produtor cultural internacional, Clay D’Paula. A coletiva reúne a pouco conhecida diversidade da arte contemporânea chinesa e promove o intercâmbio entre as produções chinesas e brasileiras. A exposição apresenta obras de nomes da arte chinesa atual, como Angel Hui Hoi Kiu e Sun Xun, e também apresenta obras de artistas brasileiros já consagrados, como Christus Nóbrega e Dulce Schuck Schunck. A exibição estará em cartaz entre os dias 4 e 27 de agosto, com entrada gratuita.
“Nós desempenhamos um papel muito importante na democratização do acesso à cultura na Região Metropolitana de Campinas, mantendo um espaço que tem recebido, ao longo dos anos, relevantes exposições em parceria com grandes difusores de cultura nacional e internacional”, observa o diretor do Instituto CPFL, Mário Mazzilli. “Agora, após mais de dois anos, estamos retornando com nossas atividades presenciais. Essa exposição, que participa da programação da frente CPFL Intercâmbio Brasil><China, já percorreu Brasília e Rio de Janeiro, chega pela primeira vez ao público do interior paulista e foi especialmente idealizada para o público brasileiro”, completa o executivo.
A exposição apresenta diferentes maneiras pelas quais os artistas chineses utilizam elementos tradicionais da própria cultura, como a caligrafia, a tinta chinesa e os vestígios da pintura realista socialista. “São trabalhos que traduzem esteticamente a pandemia da Covid-19, as desigualdades da globalização, a fragilidade da matéria, problemas ambientais, a hipocrisia humana e o território estreito e desolador do preconceito”, explica o curador da exposição, Clay D’Paula.
Destaques
Entre os artistas chineses está Sun Xun, com três trabalhos inéditos na exposição, produzidos durante a sua passagem pelo Brasil, em 2017. Xun é um dos expoentes da nova geração de artistas chineses e suas obras carregam narrativas pluriversais, voltadas a várias sociedades e modos de pensar - ainda que lancem mão de suportes tradicionais, como a xilogravura e a tinta chinesa.
Outra artista que participa da exposição é Angel Hui Hoi Kiu. Em suas pinturas com tinta chinesa, a artista se inspira na Dinastia Ming (1368-1644), período das celebradas porcelanas brancas e azuis, trazendo elementos do cotidiano de Hong Kong, como os parques, a flora e a fauna do lugar. Ela também transmuta objetos, ao desenhar e pintar sobre papel higiênico e lenços para assoar o nariz, por exemplo.
Detalhe de porcelana de Angel Hui Hoi Kiu/Imagem divulgação
Para Clay D’Paula, a relação que alguns artistas brasileiros estabelecem com a cultura chinesa é um dos pontos altos da coletiva. "É tão forte que, quando o visitante chegar às salas da exposição, será praticamente impossível para ele determinar se a obra foi criada por um artista chinês ou brasileiro. Há uma convergência estética imensa entre os dois grupos”.
O curador acrescenta que “foi justamente essa confluência cultural que me estimulou a produzir a exposição, que levou quatro anos para ser organizada. Neste projeto, não existe separação entre os dois grupos de artistas. As obras relacionam-se, fluem juntas, como águas de um mesmo rio. E, ao mesmo tempo, ao criarem novas conexões, suscitam reflexões sobre a sociedade global em que vivemos. É uma arte do aqui e agora".
Variedade de técnicas
O público encontrará obras em suportes e linguagens variados, como pintura (a tinta acrílica, a óleo e com tinta chinesa); escultura; fotografia; azulejaria, arte in situ; animação; e recorte em papel (ícone da tradição chinesa). Esta última técnica é trabalhada com maestria pelo paraibano radicado em Brasília Christus Nóbrega, na série “A Roupa Nova do Rei”, de 2016, fruto de uma residência artística de 60 dias em Pequim, no ano anterior.
Desse mesmo artista, o público poderá apreciar também a série inédita “Coleção vermelha”, de 2021 - comissionada especialmente para esta mostra - que estabelece paralelos entre os povos indígenas do Brasil e da China por meio da cor vermelha. "Graças à mobilidade e à curiosidade intelectual humana nos conectamos, aprendemos, compreendemos e evoluímos com outras culturas. As exuberantes obras de Nóbrega dificilmente poderiam ser materializadas sem a sua imersão no cotidiano chinês", elucida o curador.
A exposição também apresenta pontos da trajetória de mais de 30 anos de produção da gaúcha radicada em Brasília, Dulce Schuck Schunck. Para celebrar a sua jornada, Schunck ganhou uma sessão exclusiva na exposição para expor sua série mais celebrada e dinâmica: “Flora do Cerrado” (2012-2021), totalmente impregnada pelo vocabulário chinês. "Minhas obras estabelecem conexões com a cosmovisão milenar chinesa: uma percepção orgânica da natureza, baseada na consciência da unidade e na integração de seus fenômenos", descreve a artista.
Detalhe da obra Calliandra, de Dulce Schuck Schunck, 2010/Imagem cortesia da artisa
Acessibilidade
Em frente à entrada do Instituto CPFL, na Rua Jorge Figueiredo Corrêa, há um semáforo especial com dispositivo sonoro para auxiliar a travessia de pedestres cegos. Já no interior do Instituto CPFL, o acesso para a Galeria de Arte conta com elevador para pessoas de todos os graus de mobilidade.
As obras da artista Dulce Schuck Schunck, como “Calliandra”, possibilitam uma experiência tátil para pessoas cegas. “Com a possibilidade de tocar as obras, os visitantes entram em uma nova dimensão. A experiência permite o sentir das linhas, das formas e contornos das obras de arte com as mãos. Isso torna o meu trabalho mais inclusivo, oferecendo oportunidades para esse público que muitas vezes são deixados de lado em projetos de arte”, explica Schunck.
A exposição também oferece um audioguia musical que amplia a experiência da visitação. A jornalista Cleide Lopes, da EBC, e o curador Clay D´Paula narram as obras-chave da coletiva.
Para acessar o audioguia basta apontar a câmera do celular para os QR codes instalados próximos das obras. Para uma experiência mais ampla, é recomendado que o visitante leve seu próprio fone de ouvido. No local, os mediadores poderão auxiliar pessoas cegas no processo de ativação do QR Code.
Arte e Educação
O Instituto CPFL oferece visitas educativas durante o período da exposição. Voltadas especialmente para grupos, as visitas são realizadas pela equipe de arte-educadores, que realiza atividades que estimulam as experiências crítica e poética com a exposição.
As visitas educativas serão realizadas com turmas de 5 a 40 pessoas, por período do dia, incluindo grupos escolares, instituições sem fins lucrativos, ONGs e afins. Para esta atividade é necessário o agendamento dos grupos através do email fabriciosoares@institutocpfl.org.br, informando a data e horário da visita, quantidade de pessoas/alunos e a faixa etária do grupo.
Artistas com obras na exposição
Alberto Oliveira 阿尔贝托·奥利维拉
Angel HUI Hoi Kiu 許開嬌
Christus Nóbrega 克里斯图斯·诺布雷加
Dulce Schuck Schunck 杜尔塞·舒克·顺克
Eduardo Tropia 爱德华多·特罗皮亚
Fernanda Pacca 费尔南达·帕卡
Glênio Lima 格莱尼奥·利马
Joseph Tong 唐子良
Ligia de Medeiros 利贾·德·梅代罗斯
Mzyellow 黄建国
Phil 菲尔
Pu Jie 浦捷
Raquel Nava 拉奎尔·纳瓦
Sanagê 萨纳吉
Sun Xun 孙逊
Taigo Meireles 太古·梅雷莱斯
Tianli Zu 祖天麗
Wang Hsiao Po 王晓波
Wilson Neto 威尔逊·内托
Yao Lu 姚璐
Zinan Lam 林子楠
Sobre o curador
Clay D’Paula é Curador de Arte e Produtor Cultural. É especializado em História da Arte & Arte e Curadoria pela Universidade de Sydney, na Austrália. Já realizou curadoria e produção para projetos de arte no Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Qatar e em países da América Latina.
Serviço
Exposição “Atrás da Grande Muralha - Nova Arte Chinesa e Brasileira”
Quando: de 4 a 27 de agosto
Horários: segunda a sexta, das 9h às 18h; aos sábados, das 10h às 16h
Onde: Galeria de Arte do Instituto CPFL
Endereço: Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, Chácara Primavera, Campinas/SP
Ingressos: entrada gratuita
Classificação: livre
Informações: institutocpfl.org.br e agrandemuralha.com
Visitas guiadas: agendamento através do e-mail
monitoriainstitutocpfl@gmail.com ou pelo telefone (19) 3756-8000.
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