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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

exposição QUASE DEZ ANOS - Marcelo Oséas - Paraty - RJ

Exposição Quase Dez Anos

 

Unindo um recorte de fotografias já conhecidas com outras inéditas do fotógrafo, a mostra é construída por elementos que compõem os modos de viver que existem, resistem e se adaptam ao Brasil contemporâneo. Na seleção, “estão retratados elementos que compõem a forma de vestir, de festejar, de navegar, de comer, de trabalhar e de se viver de diferentes grupos do país”, explica Oséas.

 

Entre as imagens que foram produzidas ao longo de quase 10 anos — a década de trabalho será celebrada em 2023 —, o destaque é a fotografia O Céu da Dona Laudinete. A fotografia retrata o teto do ateliê desta artesã que mora no litoral de Alagoas e trança belas cestarias, com a fibra de coco —  uma das matérias-primas locais desta região tão rica. 

 

A foto inédita A Cuia é um outro exemplo da riqueza de elementos produzidos pelos povos brasileiros. Na imagem, o fotógrafo Oséas registra aquele utensílio que, por natureza, nasce pronto. Apesar da aparente simplicidade, o fruto da cuieira é trabalhado pelos ribeirinhos do Amazonas e ganha marcadores únicos daquela cultura. Hoje, a tradição de fazer cuias é considerada um patrimônio cultural pelo IPHAN.

 

Além do Amazonas e de Alagoas, as fotos da exposição Quase Dez anos foram tiradas em expedições para o Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), o agreste de Pernambuco, Maranhão, Bahia, Paraty, Ubatuba e Ilhabela (litoral de São Paulo). Nessas viagens, Oséas dialogou e fotografou indígenas, caiçaras, quilombolas, ribeirinhos e caipiras, de forma social e ecologicamente responsável.

 

Conhecendo a Marcelo Oséas Galeria

 

Marcelo Oséas Galeria é fundada em um prédio em ruínas, o que não se traduz em nenhum demérito ao espaço. Na verdade, a ideia foi preservar as histórias da construção, localizada em uma esquina do centro histórico da cidade de Paraty. 

 

A construção original das paredes e a estrutura aparente do telhado foram mantidas. Somando a estes elementos já existentes, uma treliça de ferro aramada foi instalada no teto e os quadros descem, por cabos visíveis. Enquanto isso, o chão é feito em pó de xadrez vermelho. Do lado de fora, banquinhos estão instalados, como mais um espaço de convivência para locais e turistas. 

 

Todo o mobiliário da galeria é feito com sobras de madeiras, coletadas em estaleiros — espaços onde se constroem ou se reparam embarcações tradicionais — da cidade de Paraty. Sem iniciativas de reaproveitamento, como esta, todo o material seria incinerado. Este trabalho foi feito por arquitetos locais.

 

Responsabilidade social e ambiental

 

Para o artista Oséas, o exercício de fotografar não deve ser apenas clicar as imagens e partir. A melhor foto é feita a partir do diálogo e da troca, o que implica também em contrapartidas sociais. Cada grupo que é fotografado recebe um percentual de venda das fotos, através de financiamentos para iniciativas que o próprio grupo desenvolve.

 

Outro ponto de compensação é o ecológico. A cada fotografia comercializada pela galeria — em tiragens limitadas de 50 impressões — uma árvore é plantada. O plantio das mudas é feita através da organização TNC (The Nature Conservancy), o que permite o replantio de espécies típicas de cada bioma beneficiado.

 

Serviço: 

Exposição Quase Dez Anos

Quando? A partir do dia 31 de julho de 2022

Onde? Marcelo Oséas Galeria - Rua Dr. Pereira, 125 - Centro Histórico de Paraty - RJ

 

Sobre Marcelo Oséas @marcelooseas

Fotógrafo documental, Marcelo mora entre as cidades de Paraty e São Paulo. Estudou Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) e atuou por nove anos em grandes companhias brasileiras, assim como no terceiro setor. Migrou integralmente para a fotografia em 2012.

Sua produção está relacionada às expressões artísticas autóctones latino-americanas, assim como culturas tradicionais, como a indígena, caiçara e andina. Mantém como campo de pesquisa os processos de assimilação da sociedade de consumo dos elementos culturais nativos, com sua consequente integração ou eliminação.

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