SESC EM SÃO PAULO APRESENTA A EXPOSIÇÃO
“ENTRE CONSTRUÇÃO E APROPRIAÇÃO – ANTONIO DIAS, GERALDO DE BARROS E RUBENS GERCHMAN NOS ANOS 60”,
NA UNIDADE PINHEIROS
Com curadoria de João Bandeira, exposição conta com 60 obras concebidas entre 1960 e 1967
Abertura 5 de abril, às 20h
Visitação de 6 de abril a 3 de junho de 2018
O Sesc Pinheiros recebe a exposição “Entre Construção e Apropriação – Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos anos 60”, com curadoria de João Bandeira. A mostra reúne 60 obras dos três artistas, concebidas entre 1960 e 1967, no Espaço Expositivo da unidade (2º andar), aberto de terça a domingo e feriados, com visitação gratuita.
O projeto aborda similaridades entre as obras de Dias, Barros e Gerchman, produzidas nesse intervalo de sete anos, passando por aspectos estéticos, políticos e sociais. “A compreensão desse parentesco tem por base o modo bastante particular com que os três artistas desdobraram princípios das poéticas construtivas desenvolvidas no país na década anterior (de que Geraldo foi um destacado praticante, e Antonio e Gerchman são herdeiros declarados), operando ao mesmo tempo com a apropriação da iconografia da cultura de massas que já então invadia o cotidiano da vida urbana. Tudo disso abarcado por distorções (como a deformação da figura humana) e montagens que denotam um impulso de atualização frente aos contextos artísticos então emergentes e podem ainda ser relacionadas à vida política brasileira no período”, afirma o curador.
Como destaca Bandeira, os três artistas participaram da mostra Nova Objetividade Brasileira (no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1967), que tem sempre um merecido lugar de destaque, quando se fala da arte produzida no Brasil na década de 60. Reunindo artistas provenientes de linhagens conflitantes, como Concretismo e Neoconcretismo, além de jovens identificados com tendências mais amplas, entre elas a denominada Nova Figuração, o conjunto daquela exposição deixava claro também o influxo da Pop Art norte americana, semelhante ao que vinha ocorrendo em diversas outras partes do mundo.
Entretanto, continua o curador, a famosa mostra é a culminação de mudanças profundas que aconteciam no meio artístico do país desde o começo dos anos 1960, envolvendo diversos fatores e atores. Sob a pressão do contexto político turbulento daqueles anos – já antes do Golpe militar de 64 e agravado com a repressão desencadeada pelo novo governo – uma intensa movimentação na área artística incluiu importantes mostras individuais e eventos coletivos, que deram espaço a uma disposição renovada à experimentação.
“Filiar o que eles fizeram diretamente à arte Pop seria uma simplificação equivocada. Lançando mão do legado construtivo recente e simultaneamente apropriando-se dos novos procedimentos e questões em pauta naquele momento, Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman estabeleceram então poéticas com características muito próprias. Mas que, ainda assim, podem ser aproximadas em detalhe, graças à habilidade com que lidam em suas obras com algumas das principais forças em ação no meio de arte ao longo dos anos 60, e que, embora de maneira nem sempre tão integrada, comparecem em parte significativa da produção que reivindicou uma nova vanguarda da arte realizada no país”, completa Bandeira.
Dentre as 60 obras da exposição que concentram esse leque de questões, podem ser citadas: O sorriso (1964), O autor procura se esconder na confusão (1966), Emblema para uma esquadrilha assassina (1967) de Antonio Dias; Seeing Each Other (1964), O fumante (1966), Homem mulher (1966), de Geraldo de Barros e Futebol (1965), As professorinhas (1966), Caixa & Cultura (1967), de Rubens Gerchman.
SOBRE OS ARTISTAS
ANTONIO DIAS (Campina Grande, PB, 1944)
Radicou-se no Rio de Janeiro em fins dos anos 1950. Na capital, frequenta aulas de Oswaldo Goeldi no ateliê de gravura da Escola Nacional de Belas Artes e passa a trabalhar como desenhista de arquitetura e artista gráfico, colaborando com publicações como a revista Senhor. Teve suas primeiras exposições individuais na galeriaSobradinho (1962) e na galeria Relevo (1964), esta com apresentação do crítico francês Pierre Restany. Nessa época, associado pela crítica às tendências da chamada Nova Figuração, reúne-se a artistas como Rubens Gerchman e Carlos Vergara, ao lado de quem participou de coletivas importantes como Opinião 65. No mesmo ano, participou da 4a Bienal de Paris e de outras exposições no exterior, começando a estabelecer sua carreira entre o Brasil e outros países. Em 1967, integrou a mostra Nova Objetividade Brasileira no MAM-RJ, e no final dessa década instalou-se em Milão, onde se aproximou de artistas e críticos ligados à Arte Povera. A essa altura, sua produção já havia assumido extrema sobriedade plástica nas mais diversas modalidades, como, entre outras, filmes e instalações. Desde então, Antonio vem desenvolvendo uma movimentada carreira internacional, projetando-se também como um dos principais nomes da arte contemporânea no Brasil, onde, desde 2010, voltou a residir e continua a trabalhar.
GERALDO DE BARROS (Chavantes, SP, 1923 - São Paulo, SP, 1998)
Iniciou sua carreira dedicando-se à gravura e à pintura de corte expressionista. Em inícios dos anos 1950, destacou-se como um dos pioneiros da fotografia e da pintura geométrico-abstratas e integrou o grupo Ruptura, que desenvolveu a arte concreta no país, baseada em ritmos de alinhamento, progressão e polaridade,
seguindo a “lógica interna de desenvolvimento e construção”, definida pelo artista suíço Max Bill. A partir de 1954, atua como designer de móveis na Unilabor, empresa organizada em São Paulo no regime de comunidade operária. Passa a trabalhar também com design gráfico e comunicação visual. Em 1964, fundou a empresa de móveis Hobjeto e retornou à pintura. Nessa nova safra
de trabalhos, mostrados um ano mais tarde na galeria Atrium, apropriava-se literalmente de elementos da cultura
de massa, ao pintar sobre cartazes de publicidade. Em 1966, associou-se a Wesley Duke Lee, Nelson Leirner e outros para criar o Grupo Rex, misto de galeria e irreverente coletivo de artistas e, no ano seguinte, participou da Nova Objetividade Brasileira no MAM-RJ. Na década de 70, continua a desenvolver uma série de pinturas sobre outdoors publicitários e nos anos 80 e 90 passa a fazer quadros-objeto modulares, construídos com chapas de fórmica, e retorna ao trabalho com fotografia, reprocessando negativos de seu arquivo pessoal.
RUBENS GERCHMAN (Rio de Janeiro, RJ, 1942 - São Paulo, SP, 2008)
Frequentou, entre 1957 e 1961, o Liceu de Artes e Ofícios e também a Escola Nacional de Belas Artes, onde estudou com Adir Botelho, então assistente de Oswaldo Goeldi. Desde o final da década de 50 até meados da seguinte, trabalhou com programação visual em revistas de variedades, como Sétimo Céu e Manchete. Suas primeiras exposições individuais realizaram-se em 1964, na galeria Vila Rica, e um ano mais tarde, na galeria Relevo, com obras voltadas a temáticas urbanas, principalmente as de multidões em contextos de habitação, trabalho ou lazer, utilizando muitas vezes a fotografia como veículo para suas imagens e objetos encontrados para construir
assemblagens. Integrou a mostra Opinião 65 no MAM-RJ, e, em 1966, foi um dos participantes do happening-exposição Pare, na galeria G4. Com Antonio Dias, Hélio Oiticica, Anna Maria Maiolino e outros, assinou a Declaração de Princípios Básicos da Vanguarda (1967), participando ainda da Nova Objetividade Brasileira, no MAM-RJ. Entre 1968 e 72, reside nos EUA, desenvolvendo trabalhos tridimensionais. Retorna no ano seguinte ao Brasil, onde concluiu seu filme Triunfo Hermético. A partir de 1975, assumiu no Rio a direção da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e seguiu dedicando-se a trabalhos em pintura com base em imagens populares e cenas da vida cotidiana das metrópoles.
SOBRE O CURADOR
JOÃO BANDEIRA (nasceu no Rio de Janeiro e vive em São Paulo.)
Estudou música e artes visuais, graduou-se e pós-graduou-se em Letras pela Universidade de São Paulo. Escritor, crítico e curador, foi Coordenador de Artes Visuais e membro do Conselho Curador do programa de exposições do Centro Maria Antonia da USP, em São Paulo (2005 a 2016). Atualmente é Coordenador do Espaço das Artes da ECA-USP. Autor e organizador de diversos livros, como Rente (Ateliê Editorial, 1997), Arte Concreta Paulista – Documentos (Cosac Naify, 2002), Memória do Brasil, de Evgen Bavcar (org. com Elida Tessler, Cosac Naify, 2003), Arte Contemporânea Brasileira – Diálogos e Conversas (org. com Sônia Salzstein, USP/ICC, 2011) e Quem Quando Queira (Cosac Naify, 2015), foi também editor do Caderno SP Arte (SP Arte/OESP, 2006) e da Revista SP Arte (SP Arte/Cosac Naify, 2007). Escreveu textos para catálogos de exposição de artistas como Waltercio Caldas, Regina Silveira, Iole de Freitas, Fernanda Gomes, Jac Leirner, Paulo Monteiro, David Batchelor e Bruno Dunley. Foi curador de exposições coletivas como Concreta ’56 – A Raiz da Forma (com Lorenzo Mammì, MAM-SP, 2006), Poesia Concreta – o projeto verbivocovisual (Instituto Tomie Ohtake e Palácio das Artes, 2007) e individuais de, entre outros, Evgen Bavcar (Itaú Cultural, 2003), Maurício Nogueira Lima (Maria Antonia, 2008), Geraldo de Barros (Sesc Pinheiros, 2009), Nuno Ramos, Cildo Meireles (ambas no Maria Antonia, 2013), Lina Bo Bardi (com Ana Avelar, Sesc Pompeia, 2014) e Décio Pignatari (Galeria Millan, 2017).
PROGRAMAÇÃO INTEGRADA
Em abril, três atividades ocorrem em diálogo com a exposição: Entre Construção e Apropriação, palestra com o curador João Bandeira e o convidado José Augusto Ribeiro, em 14/4, e a Visita especial à exposição, com Renata S’antanna, em 19/4 e o projeto Instruções para partir, com Tiago Luz, de 21 a 29/4. Em maio e junho, novas programações serão divulgadas em www.sescsp.org.br .
PALESTRA ENTRE CONSTRUÇÃO E APROPRIAÇÃO
Com João Bandeira e José Augusto Ribeiro, mediação de Ana Roman
Dia 14 de abril de 2018. Sábado, das 16h às 18h
Local: Sala de Oficinas (2º andar)
Retirada de ingressos a partir das 14h, na data do evento, na bilheteria do Sesc Pinheiros
Grátis
Livre para todos os públicos
Nessa palestra serão tratadas questões relacionadas às obras expostas na exposição Entre Construção e Apropriação - Antonio Dias, Geraldo De Barros, Rubens Gerchman nos anos 60.
Com destaque para aspectos como o ambiente político turbulento no Brasil antes do tomada do poder pelos militares em 1964 e o subsequente endurecimento do novo governo, com a censura aos meios de comunicação e à produção artística (não apenas nas artes plásticas, mas também, nos livros, no teatro, no cinema, na música popular), além da violência no âmbito das lutas políticas; o crescimento exponencial da circulação dos produtos da cultura de massas no período e suas conexões com as mudanças de costumes, especialmente entre a população de jovens das grandes cidades; a herança do ideário e da produção da arte concreta e neoconcreta e sua permanência no meio de arte brasileiro, simultaneamente à difusão mundial da Pop Art norte-americana, entre outros aspectos a serem abordados também quanto a seus desdobramentos nos dias atuais, que ampliam a relevância da exposição apresentada ao público.
José Augusto Ribeiro, mestre em Teoria, História e Crítica de Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e atualmente trabalha como curador de artes visuais do Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Ana Carolina Roman Rodrigues, formada em Geografia pela Universidade de São Paulo, desenvolvendo pesquisa em nível de mestrado nas áreas de Geografia, Arte Pública e territorialidades.
VISITA ESPECIAL À EXPOSIÇÃO
Com Renata S’antanna
Dia 19 de abril de 2018. Quinta, das 20h às 21h30
Local: Espaço expositivo (2º andar)
Grátis
Inscrições no local com 30 min de antecedência
Livre para todos os públicos
O Sesc Pinheiros propõe visitas à exposição, acompanhadas de pesquisadores, ampliando o repertório do público e o acesso às obras a partir do olhar de especialistas em diversas áreas.
Para essa edição, convidamos Renata S’antanna , responsável pelo material educativo da mostra , arte educadora formada em Artes Plásticas na FAAP e mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Desde 1989, trabalha como educadora no Museu de Arte Contemporânea da USP.
INSTRUÇÕES PARA PARTIR
Com Tiago Luz
Dia 21 a 29/4. Sábados e domingo, das 14h às 17h
Local: Espaço expositivo (2º andar)
Grátis
Inscrições no local com 30 min de antecedência
Livre para todos os públicos
Instruções para partir é uma ação que propõe uma experiência de sensibilização do participante que, através da mediação de um livroguia, é convidado a criar a sua própria dramaturgia do olhar numa deriva através da exposição “Entre Construção e Apropriação - Antonio Dias, Geraldo de Barros, Rubens Gerchman nos anos 60”.
Cada participante é convidado a executar missões individuais de sensibilização de si mesmo, do espaço e dos seus observadores.
SERVIÇO
ENTRE CONSTRUÇÃO E APROPRIAÇÃO – ANTONIO DIAS, GERALDO DE BARROS E RUBENS GERCHMAN NOS ANOS 60
Abertura
5 de abril de 2018. Quinta, às 20h
Visitação
De 6 de abril a 3 de junho de 2018. Terça a sábado, 10h30 às 21h30. Domingo e feriado, 10h30 às 18h30
Local: Espaço Expositivo (2º andar)
Visitação gratuita
Livre para todos os públicos
SESC PINHEIROS
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10h às 18h.
Tel.: 11 3095.9400.
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, das 10h às 21h30; domingo e feriado, das 10h às 18h30. Taxas / veículos e motos: Credenciados plenos no Sesc: R$ 12 nas três primeiras horas e R$ 2 a cada hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 18,00 nas três primeiras horas e R$ 3 a cada hora adicional.
Transporte Público: Metrô Faria Lima – 500m / Estação Pinheiros – 800m