Em relação à obra de Mozart, impossível passar em frente a um trabalho esculpido por ele e não permanecer com os olhos fixos por um bom tempo. Há sempre uma imagem forte carregada por uma mensagem intrigante, uma crítica. E tem sido assim desde que ele começou a se dedicar à escultura. Numa primeira fase de sua trajetória, os trabalhos eram marcados pela criação de corpos humanos opulentos, os quais ganhavam características realistas por meio da seleção das cores da pele a do molde da expressão dos personagens. De 2004 para cá, sua identidade como escultor passou por uma transformação. “Atualmente, ocorre o inverso. As formas são realistas, mas estão cobertas por um tratamento pictórico imaginário e com um grafismo que distância essa forma da realidade”, explica Mozart, acrescentando que, hoje, o molde de animais se impõe em seu trabalho. “Em ambas as fases eu associo sempre realismo e fantasia”. A técnica e os materiais que ele utiliza são praticamente os mesmos: poliestireno (isopor) ou a espuma de poliuretano expansiva para dar a forma. O que mudou foi a maneira de cobrir o trabalho. Saiu o papel pintado e entraram as cordas coloridas. “São uma nova ‘pele’ que recobrem as minhas esculturas até hoje”, diz. Como caracterizar o trabalho de Mozart? Ele próprio responde: “Realizo um trabalho inevitavelmente contemporâneo quando dou uma forma de expressão a matérias criadas para outras finalidades. Não se trata de um trabalho de reciclagem, mas de, como se diz em francês, do détournement do material.” E é exatamente dentro desse conceito de subversão que podem ser enquadrados os trabalhos que Mozart preparou para a SP-Arte 2108. “Será uma irônica montagem sobre a relação ambígua que o ser humano exerce com a natureza. Ao mesmo tempo em que ele a admira, ele a destrói. O jogo de dardos ao alvo será um símbolo frequente nas peças. Uma certa leveza que não esconde o senso critico que tento transmitir”, conta. Cada uma das obras que estarão na feira foi trabalhada em seu ateliê, em Paris, cidade em que vive há mais de duas décadas e onde começou a dar seus primeiros passos como escultor. Mozart é pernambucano e tem, em sua bagagem, formação como arquiteto, em Recife. Nesta época também fazia cenários e adereços para teatro. “Não tenho formação artística acadêmica. Aprendi a esculpir no dia a dia. Gosto muito do espontâneo e do minucioso na arte popular latino-americana e do refinamento e precisão da arte asiática”. Ele mantém um elo com suas raízes brasileiras. “Nada nacionalista, nem ufanista. Mas, sim, um apego à arte popular, à historia do país e à arte moderna e contemporânea”.
Mozart começou a expor, sem galerias, em feiras de arte que divulgavam artistas de forma independente em Paris, como a “Marché d'Art Contemporain de la Bastille” e “MAC 2000” – nesta última recebeu o "Prix du Publique". Depois disso, começou a trabalhar com várias galerias na França, Luxemburgo, Itália, Portugal, Canadá, Holanda, Áustria, Suíça, Espanha e Costa Rica. Atualmente, é representado pela Sergio Gonçalves Galeria, que mantém bases no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Para conhecer a obra completa de Mozart Guerra, visite www.mozartguerra.com.
SP-ARTE 2018
Quando: 11 a 15 de abril
Onde: Pavilhão da Bienal – Parque do Ibirapuera
Visite o site: www.sergiogoncalvesgaleria.com
“Alvo Yanomami”- 2017
Espuma expansiva, cordas e dardo
.57 x .25 x .30
“Cabeça Yanomami” - 2017
Espuma expansiva, cordas e aço inoxidável
.52 x .25 x .25
“Primata Novo Rico” – 2018
Espuma expansiva, cordas e alfinetes
.57 x .25 x .20
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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)
http://maregina-arte.blogspot.com/
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quinta-feira, 5 de abril de 2018
Mozart Guerra - SP Arte
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