gilvan samico
primeiras estórias
Em 1957, o recifense Gilvan Samico muda-se para São Paulo, atraído pela vida cultural da capital paulista. Com uma experiência apenas incipiente em desenho e gravura, ele estuda com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna. No ano seguinte, parte para o Rio de Janeiro, onde continua seu aprendizado com Oswaldo Goeldi, responsável pelo curso livre de gravura da Escola Nacional de Belas Artes. O artista retorna definitivamente a Pernambuco somente em 1965, com as bases de sua gráfica já consolidadas. A obra de Samico tornou-se conhecida pelas estampas associadas ao universo do cordel e à visualidade do movimento Armorial, feitas a partir de meados da década de 1960.
Esta exposição se dedica a um recorte temporal anterior (1957-1965), apresentando um conjunto menos visitado, composto por imagens feitas num contexto de formação: um período artisticamente fértil, nutrido por buscas, escolhas, riscos e assimilações.
Esse conjunto é aqui pontuado por obras de outras autorias, indicando diálogos variados, para além daqueles com o popular. O artista pouco a pouco arranja em sua obra uma polifonia de interlocuções: as linhas precisas da Escola do Horto, capitaneada pelo xilógrafo alemão Adolph Kohler, através de quem Lívio Abramo refinara sua talha a partir dos anos quarenta; a cor localizada de Goeldi, com seu método tão particular de estampar a cores; a estruturação calcada na geometria, própria das pesquisas neoconcretas, visível em Lygia Pape. Nesse jogo, visamos detectar a sobrevivência de imaginários, procedimentos e padrões estruturais que constituirão parte significativa do léxico gráfico de Samico.
Não é estranho, portanto, que ele tenha se declarado um artista erudito. Pode-se entender essa autodefinição não como negativa do popular, evidentemente forte em sua obra, mas como afirmação de um conhecimento amplo, advindo de múltiplas fontes, inclusive da tradição europeia (esse diálogo entre erudito e popular, vale lembrar, atravessa toda a história da gravura).
A mostra vincula-se à convicção de que a história da gravura no Brasil já possui uma fortuna crítica que permite pensar relações mais internas, nas quais os diálogos entre artistas, artífices, ateliês, escolas e ideologias ganham maior nitidez e complexidade de análise à luz de outras leituras, outras estórias.
Esta exposição se dedica a um recorte temporal anterior (1957-1965), apresentando um conjunto menos visitado, composto por imagens feitas num contexto de formação: um período artisticamente fértil, nutrido por buscas, escolhas, riscos e assimilações.
Esse conjunto é aqui pontuado por obras de outras autorias, indicando diálogos variados, para além daqueles com o popular. O artista pouco a pouco arranja em sua obra uma polifonia de interlocuções: as linhas precisas da Escola do Horto, capitaneada pelo xilógrafo alemão Adolph Kohler, através de quem Lívio Abramo refinara sua talha a partir dos anos quarenta; a cor localizada de Goeldi, com seu método tão particular de estampar a cores; a estruturação calcada na geometria, própria das pesquisas neoconcretas, visível em Lygia Pape. Nesse jogo, visamos detectar a sobrevivência de imaginários, procedimentos e padrões estruturais que constituirão parte significativa do léxico gráfico de Samico.
Não é estranho, portanto, que ele tenha se declarado um artista erudito. Pode-se entender essa autodefinição não como negativa do popular, evidentemente forte em sua obra, mas como afirmação de um conhecimento amplo, advindo de múltiplas fontes, inclusive da tradição europeia (esse diálogo entre erudito e popular, vale lembrar, atravessa toda a história da gravura).
A mostra vincula-se à convicção de que a história da gravura no Brasil já possui uma fortuna crítica que permite pensar relações mais internas, nas quais os diálogos entre artistas, artífices, ateliês, escolas e ideologias ganham maior nitidez e complexidade de análise à luz de outras leituras, outras estórias.
Claudio Mubarac e Priscila Sacchettin (curadores)
29 de novembro a 10 de março de 2013
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