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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ideia Morta - a frustração em delírios cintilantes - Daniel Sasso - Museu do Trabalho - POA - RS

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Ideia Morta
a frustração em delírios cintilantes
fotografias de
DANIEL SASSO
abertura nesta quarta, dia 8 de outubro, às 19h30

Há uma tríade de efes sugerida pelas imagens reunidas na exposição Ideia Morta 
– A Frustração em Delírios Cintilantes, de Daniel Sasso: fato-farsa-fantasia.
Cada palavra decorre de uma leitura, da maneira que se reage à visão nada corriqueira de uma 
mulher se lançando ao espaço, quando os pés se desgrudam de uma superfície elevada. Ou ainda 
quando ela se detém sobre trilhos, confrontando o vagão que se aproxima. Não há fim em 
nenhuma delas – tudo é começo. Cada cena surpreende e instaura uma nova possibilidade, 
principalmente para quem traduz o mundo ancorado na vida que se tem, e não na que se poderia ter.
Fato. Se encaradas dessa forma, esta seria a associação imediata: suicídio. Esqueça-se disso. 
O mundo está farto de literalidade. No universo das possibilidades sugeridas pelo trabalho de 
Daniel, abandone a leitura que cumpre o protocolo da obviedade. O mundo pode ser tão 
previsível que o entendimento das pessoas beira a grosseria, deformação de olhos 
viciados, embrutecidos ou preguiçosos. A vida é mais do que fatos.
Farsa. Esqueça também. Não existe tapeação nessas imagens que sugerem mulheres aladas e 
destemidas, quase mitológicas, quase impossíveis, senhoras do acaso. Não há engodo, mentira, 
embuste. Não seja ingênuo em pensar que a fotografia guarda compromisso com a realidade. 
Nem mesmo da foto documental se poderia exigir um estatuto de verdade, como se o registro 
fosse testemunho de fé sobre a existência de algo. A verdade é uma perspectiva, um compromisso 
do autor com a situação ou o personagem fotografados. Trata-se de uma relação ética, uma intenção.
A farsa resulta da traição do olhar de quem faz – ou de quem vê.
Fantasia. Bem-vindo seja a este reino tão necessário e abandonado. Humanos são terrestres e 
não nasceram para voar, mas as mulheres de Daniel conseguem mais do que meramente caminhar 
porque o artista se insurge. Ele desdenha a previsibilidade dos fatos e a doença coletiva que torna 
o olhar refém da mesmice. Se manipulou, se de fato flagrou uma das cenas, pouco importa 
– a fantasia independe do que se vê, ela resulta de como se vê. Sem ela, resta a loucura.
                                                                                                                Vitor Necchi



9 de outubro a 23 de novembro de 2014
Apoio: BD Divulgação / Vinícola Salton / Delphus / Viacolor

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