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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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terça-feira, 13 de março de 2018

exposição DESCARTES - Myriam Glatt - SP

Myriam Glatt no Centro Cultural Correios de SP

"descartes”, primeira individual da artista carioca na capital paulista, mescla pintura e colagem em instalações produzidas com materiais recolhidos em entulhos; mostra abre no dia 22

O Centro Cultural Correios de São Paulo inaugura, no dia 22 de março de 2018, a exposição "descartes", primeira individual da artista Myriam Glatt na capital paulista. A mostra reúne um conjunto de trabalhos produzidos a partir de materiais recolhidos em entulhos – papelões, principalmente – que são apropriados pela artista e reutilizados como suporte das obras. A partir da pintura e da colagem, Myriam cria instalações visualmente potentes, concebidas especialmente para o espaço expositivo, que tocam em temas como ecologia, consumo, arquitetura e apropriação na arte contemporânea.

O papel, que figura como suporte estruturante da exposição, é também indissociável da atividade da instituição que abriga a mostra. Tanto é que “descartes”, após ter sido realizada no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro e de Niterói em 2017, é convidada pelos Correios a itinerar por outras três cidades no país: São Paulo, Brasília e Porto Alegre. A capital paulista é, portanto, o primeiro destino da movimentação da individual. Em cada uma das etapas, a artista apresentará trabalhos inéditos, criados a partir do mesmo conceito. “Os trabalhos são resultados de uma vontade de experimentar novos suportes, me libertando do tradicional chassi. A partir desta ação, a pintura vira instalação ou relevo, como gosto de chamar as obras em papelão”, afirma Myriam. Já nas pinturas sobre jornal, um descarte diário coletado pela artista ao longo de 4 anos, a opção pela pouca interferência permite que os espectadores leiam os textos publicados, marcando o diálogo entre suporte e pintura.

A exposição em São Paulo reúne quatro instalações inéditas – a maior delas com 15 metros de comprimento – que ocuparão os 590 m² do espaço expositivo e abrangem temas de dois universos. Ao trabalhar com materiais descartados, a mostra reflete sobre as relações entre consumo e natureza, trazendo à tona os processos que deram origem às obras: uma vez produzido a partir de recursos naturais, o papel foi industrializado e processado como mercadoria de consumo, que retornou ao espaço público, primeiro, em forma de lixo e, segundo, de arte. E, em relação à prática artística de Myriam Glatt, a exposição levanta a questão do suporte na arte contemporânea. A artista incorpora nos trabalhos as cores, formas, marcas, imperfeições e inscrições do suporte, que não é visto, aqui, como um mero pano de fundo sobre o qual a artista trabalha; ele próprio estrutura a prática artística de Myriam.

“O corpus da obra da artista é de difícil classificação e não se conforma em permanecer em escaninhos rijos. Pintura, tridimensional, colagem e desenho se coadunam para oferecer elementos variados de apreensão ao público que passa pela ruidosa zona central de São Paulo, onde o prédio dos Correios está encravado. Uma política do precário e uma imbricada relação com o cotidiano se descortinam sobre os trabalhos da artista”, analisa o curador Mario Gioia, que assina o texto crítico da exposição.
“descartes” abre para visitação do público no dia 23 de março e fica em cartaz até 30 de maio no Centro Cultural Correios de São Paulo.

Sobre a artista
Radicada no Rio de Janeiro, a artista Myriam Glatt se pauta pelo caráter interdisciplinar em sua produção visual. Arquitetura em formada pela Santa Úrsula(RJ) e pós-graduada em Arte\Filosofia PUC RJ (2014), estudou escultura no San Francisco Art Institute e no Santa Barbara City College, California, USA, e pintura e História da Arte em cursos livres no Parque Lage, RJ. Principais exposições Individuais: “descartes”, Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro, 2017; “Tempo, da contenção à expansão”, Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro, 2017; "Flor, da contenção à Expansão" - Espaço Cultural Correios, Niterói, 2016; “Coletivos, manchas e contornos”, Galeria Toulouse Arte Contemporânea (TAC), 2015.Principais exposições coletivas:“Fora da Ordem”, Parque das Ruinas, Rio de Janeiro, 2017; “Circuito Interno fevereiro”, Fabrica Bhering, 2017; "Acesso arte contemporânea - Qual é seu link?" - Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian, 2016; "Soy mujer soy latina americana"- Espaço Cultural Cedim Heloneida Studart, 2015;“O Cortiço”, Ceperj, Curadoria Marcelo Campos, 2012.

Texto crítico: Mario Gioia
Mario Gioia (São Paulo, 1974). Curador independente, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Integrou o grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de “Ter lugar para ser”, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais. Já fez a curadoria de exposições em cidades como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Ao Sul, Paisagens, Bolsa de Arte, 2013), Salvador (Fragmentos de um discurso pictórico, Roberto Alban Galeria, 2017) e Rio de Janeiro (Arcádia, CGaleria, 2016), entre outras. Em 2016, a sua curadoria para a mostra Topofilias, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter e redator de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. De 2011 a 2016, coordenou o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos. Na feira ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto crítico de Territórios Forjados (Sketch Galería, 2016), em Bogotá (Colômbia).

Serviço
“descartes”
Exposição individual de Myriam Glatt no Centro Cultural Correios de São Paulo
Abertura: 22 de março de 2018
Visitação: 23 de março a 30 de maio de 2018
Segunda a sexta, 9h às 17h; entrada gratuita; classificação livre
Centro Cultural Correios
Avenida São João, s/nº, Vale do Anhangabaú, São Paulo, SP

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