O Museu de Arte Brasileira da FAAP inaugura, no dia 25 de junho, terça-feira, a exposição Reverberações Surrealistas no MAB, com 137 obras de 87 artistas que tiveram influência do movimento surrealista. A curadoria é de Laura Rodríguez, coordenadora de acervo do Museu, que apresenta oito núcleos com pinturas, desenhos, gravuras, tridimensionais, fotografias, vídeos do acervo do MAB e cartazes de cinema da coleção da Filmoteca FAAP. A nova abertura dialoga com a exposição Desafio Salvador Dalí, em cartaz também no MAB, que acaba de ser prorrogada até dia 1º de setembro, devido ao sucesso de público.
Inspirações surrealistas no MAB
“O MAB FAAP decidiu esse ano homenagear os 100 anos do Manifesto Surrealista. Além de sediar no Brasil o “Desafio Salvador Dali”, uma mostra abrangente sobre a obra do artista espanhol, apresenta agora uma seleção de obras do seu acervo, que denotam uma influência ou afinidade com esse movimento vasto e importante da história da arte mundial”, afirma a curadora.
Os oito núcleos são: Surrealismo entre os modernistas, Realismo Mágico, Grupo Phases, Paisagens metafísicas, Sonhos e fabulações, Fotografia surreal, Cartazes de cinema surrealista e Ficções contemporâneas. Entre as obras selecionadas encontram-se aquisições recentes, obras inéditas e alguns empréstimos de coleções particulares.
O núcleo Surrealismo entre os modernistas traz obras com algumas características do movimento surrealista como a “decomposição da perspectiva, a fragmentação do olhar, a representação simultânea de um objeto a partir de diversos ângulos, a manifestação do mundo interior, imagens distorcidas do mundo”, conta a curadora. Entre os artistas deste núcleo, estão Tarsila do Amaral, com O sapo, Cícero Dias, com Jogos, Ismael Nery apresentando Adolescente, e Di Cavalcanti, com Composição com figuras e Figuras. Alguns desses artistas estiveram na Europa entre os anos 1920 e 1940, trazendo os ideais do movimento ao Brasil.
O segundo núcleo, Realismo Mágico, refere-se à pintura alemã com características surrealistas. Dentro dele estão obras dos artistas Walter Lewy, Hein Heckroth e Heinz Kühn, alemães que se formaram em seu país na década de 1920. Kühn e Lewy vieram ao Brasil com uma produção “madura de tendência surrealista”. Décadas mais tarde, entre 1960 e 1970, o Realismo Mágico ressurgiu no Brasil fomentado por Wesley Duke Lee, presente na mostra com a obra A Zona: Nois.,
O Grupo Phases foi também ligado ao surrealismo, um movimento criado na França nos anos 1950. Chegou ao Brasil na década seguinte, com exposições realizadas no MAC-USP e outras instituições. O grupo defendia a expressão livre e gestos espontâneos associados aos imaginários mágico e folclórico. Além disso, destacavam a produção de crianças, pessoas com doenças mentais, povos não ocidentais e artistas populares. Entre os artistas deste núcleo, estão Fernando Odriozola, Flávio Shiró, Bernardo Cid, Wesley Duke Lee e Bin Kondo.
Paisagens metafísicas, o quarto núcleo expositivo, traz obras que remetem a uma vertente que se desenvolve na década de 1910 com os italianos Giorgio de Chirico e Carlo Carrà. Eles buscam a negação do presente e a criação de outra realidade além da história, em busca da metafísica. As obras do acervo presentes neste núcleo ‘se aproximam formalmente das paisagens metafísicas desses artistas’, afirma Laura. Entre elas estão Jardim submerso de Cecília Suzuki, Cadeira preta de Flavio Bassani. Outras trazem um olhar apocalíptico, evidenciado em Ruínas de Isabel Pons, Monolito, da série Ruptura, de Eduardo Iglesias ou Monumentos para o fim do mundo, de Luiz Paulo Baravelli. Figuras espectrais taciturnas estão presentes nas obras sem título de Lula Cardoso Ayres e Sergio Vaz de Almeida Christovão.
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