Abertura sábado 14 de novembro das 18 às 22h
Período 15 de novembro a 20 de dezembro 2015
De quarta a sábado das 14 às 19h
As pinturas que fazem parte desta mostra servem como pretexto para trazer à tona discussões sobre essa linguagem que teve como vocação, dentro da história da arte, estar sempre à beira do abismo, basta lembrar seu fim anunciado por tantas vezes. Em vez de acabar, a pintura passou por significativas transformações mantendo-se no topo da pirâmide como uma das opções de artistas em diferentes períodos.
Em uma brevíssima retomada da pintura na história da arte, vamos relembrar alguns fatos fundamentais que se consolidaram como marcos importantes na história da pintura. Na modernidade, o surgimento das pinturas monocromáticas e do ready-made foram cruciais para o desenvolvimento da sua história. As pinturas de Kasimir Malevich (1878-1935), como o Quadrado negro sobre fundo branco (1913-1915), que o colocou como ícone da arte moderna, além das séries de pinturas Branco sobre Branco (1917-18), são referências emblemáticas. Alexander Rodchenko (1891-1956) realizou pinturas monocromáticas: Puro Vermelho, Puro Azul e Puro Amarelo (1921), em que levou às últimas consequências o caráter pictórico. Já em 1963, década importante da história e marco do início da arte contemporânea, o artista Ad Reinhardt (1913-1967) criou uma série de pinturas abstratas evidenciando a importância da luz na pintura.
Apenas para citar mais alguns nomes que realizaram obras que mudaram essa história temos em Jackson Pollock (1912-1956), criador da action painting, o sinônimo de liberdade e expressividade. Os brasileiros Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980) revolucionaram a pintura, pois, graças a eles, as pinturas saíram da parede para se transformarem em cor e movimento no espaço. Vale a pena citar também os anos de 1980 e a volta da pintura, já que nessa época, depois de um período de arte conceitual, a emblemática exposição Como Vai Você Geração 80?, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1984, foi, sem dúvida, uma retomada da pintura que impôs novas questões, trazendo uma liberdade e uma aproximação com o cotidiano em grandes dimensões, em que a cor e o gesto sobrepujaram temas.
E hoje, pintar seria uma utopia? Para os artistas desta mostra, a pintura indica que em primeiro lugar vem a sensibilidade e depois a razão. Contudo, o debate que trazem acerca da pintura no cenário contemporâneo aponta que é a partir da tradição que ocorre a sensibilidade. Pensar na pintura hoje é deter-se em diferentes aspectos, como apropriações, simulacros ou mesmo objetos coloridos que se deslocam no espaço e se referem à percepção e à memória, mas acima de tudo ao prazer de deixar fluir os sentidos na busca de expressão.
As experiências particulares de cada um refletem nos processos que evocam fatos, coisas e figuras, em metáforas ou em belíssimas estruturas abstratas de refinado apelo visual.
Os elementos estéticos usados por cada artista filtram-se a partir de suas histórias e de suas buscas particulares em relação à técnica e avançam por diferentes caminhos experienciando suportes e materiais à procura de uma pintura capaz de suscitar novos debates sobre sua história na atualidade, apesar da pluralidade de estilos, dos diferentes conceitos e repertórios.
Ana Zavadil
APPROACHES AND SENSES: PAINTING AS A POETIC POSSIBILITY
The paintings which are part of this exhibition serve as a pretext to bring to light a debate on this artistic language. Painting has had as a calling to be always on the brink of the abyss inside the history of art – the end of painting itself has been announced a plenty of times so far. Instead of having an end, painting has passed through a deep transformation – remaining on the top as an option to artists from different eras.
In a brief revival of painting in the history of art, we must remember some fundamental facts which are regarded as milestones in the history of painting. In modern times the emergence of monochromatic paintings and the “ready-made” were crucial to the developing of its history. Kasimir Malevich (1878-1935) paintings like Black Square (1913-1915) which placed him as an icon of modern art – besides another painting series like White on white (1917-1918) – are emblematical references. Alexander Rodchenko (1891-1956) has painted monochromatic paintings: Pure Red Color, Pure Yellow Color, Pure Blue Color(1921) in which he has taken to the final consequences the pictoric character of his art. In 1963, an important decade for the history of art and the starting point to contemporary art, the artist Ad Reinhardt (1913-1967) has created a series of abstract paintings highlighting the importance of light in painting.
Just mentioning other artists who have made some works which have changed the history of art we can cite Jackson Pollock (1912-1956), the action painting creator – a synonym of freedom and expressiveness. Brazilians Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980) have revolutionized painting: after their pieces of art, paintings definitely left the walls to be transformed into color and motion. It is also worth mentioning the 80’s and the return of painting. After a period of conceptual art ascendancy, the emblematic exhibitionComo Vai Você Geração 80? held in Rio de Janeiro in 1984 was undoubtedly the resumption of painting: bringing new questions, offering liberty and a closer relation with daily life in greater dimensions in which colors and gestures surpass the lead themes.
And nowadays, would it be painting an utopia? To the artists involved with this exhibition, painting means that sensibility comes in first place rather than reason. However, their arguments on painting in contemporary scene indicate this sensibility is actually based on tradition. Thinking about painting currently means consider different aspects like appropriation, simulacrum and even colorful objects which move through the space in reference to memory and perception. But, above all, means the pleasure of letting senses flow in their pursuit of expression.
Private experiences of each artist affect processes that evoke facts, things and pictures leading to metaphors or amazing abstract structures of refined visual appeal. The aesthetic elements used by each artist pass through their personal filter, regarding their own story and particular ambitions related to technique: moving forward through different patterns and experiencing original materials in their search for a new painting, capable of producing new discussions over their own history, besides the plurality of styles, concepts and repertoires.
Ana Zavadil
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