Universidade de São Paulo
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Poeta das Artes Gráficas, Elvino Pocai é tema de exposição inédita em São Paulo | ||
A partir de 7 de maio, o trabalho do tipógrafo estará exposto na Biblioteca Brasiliana Mindlin | ||
A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP recebe de 7 de maio a 21 de agosto a exposição Elvino Pocai: Poeta das Artes Gráficas. "A memória de Pocai e de seus livros se misturam com a história gráfico-editorial brasileira", diz a pesquisadora Cristiane Tonon Silvestrin, que divide a curadoria da mostra com o professor Plinio Martins Filho.
O público, além de conhecer a trajetória do tipógrafo, poderá ver um recorte de como se apresentava o mercado editorial da época. Assim, a mostra busca ampliar a visão dos visitantes ao colocá-los em perspectiva histórica com os meios de produção da arte tipográfica, método de impressão que sobreviveu por mais de quatrocentos anos.
"A maioria das obras são provenientes do acervo de unidades da USP, o que enriquece a exposição, pois será possível o contato com trabalhos de várias áreas do saber, além de aproximar o visitante do patrimônio da USP sob um recorte editorial", afirma Cristiane.
Uma das obras mais importantes da exposição, Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, 1917, trata-se do livro de estreia de Mário de Andrade, que à época o assinou como Mário Sobral. São treze poemas ilustrados por gotas de sangue em um vermelho vivo.
Esse recurso gráfico foi ideia de Elvino Pocai, segundo as palavras do próprio poeta no jornal Diário Nacional de 29 outubro de 1929: “E como o vício dos versos continuasse, um dia de 1917 resolvi publicar o meu primeiro livro. Fui à tipografia Pocai e às audácias tipográficas do meu amigo Paternostro eu devi todos os pingos de tinta vermelha que simbolizam gotas de sangue em cada poema”.
Sobre Elvino Pocai
Elvino Pocai produziu numa época em que não eram claras ainda as definições conceituais de designer, impressor ou artista gráfico, mas foi um mestre da tipografia que contribuiu para o desenvolvimento das artes gráficas brasileiras na primeira metade do século XX. Apesar de ter nascido na Itália, foi em São Paulo que aprendeu os ofícios de tipógrafo e editor.
Os editores que tinham mais esmero nas edições, com um melhor apuro gráfico, eram os que se destacavam no mercado. Eles não viam o livro apenas como um objeto de consumo, mas também como um objeto de fruição estética para o leitor. Normalmente tinham como referência visual toda a história do livro e das artes, levando em conta edições bem projetadas, ilustradas e acabadas, feitas por mestres gráficos. Nesse contexto e por seu maior desenvolvimento à época, o mercado editorial paulistano foi modelo para o restante do Brasil.
Pocai figurou entre esses hábeis artífices e exerceu um trabalho meticuloso nas obras que imprimia em sua gráfica. Ele mesmo cuidava e criava as vinhetas e as diagramações, ou convocava artistas como Antônio Paim Vieira (1895-1988) para criar para suas brochuras.
Em vida, Elvino Pocai foi muito reconhecido pelo mercado e também pela crítica. Na exposição é possível comprovar a recepção de Pocai no meio editorial, por exemplo, a partir de trechos destacados de periódicos da época. Esses trechos jornalísticos acompanham as obras nas mesas da mostra.
Tal era sua importância na época que o escritor, editor e crítico literário Edgard Cavalheiro (1911-1958) - considerado um dos mais importantes biógrafos de Monteiro Lobato pontuou, dias após a morte do tipógrafo, em sua coluna A Semana e os Livros, no jornal O Estado de S. Paulo:
Pocai era um impressor sui generis. Não se limitava a imprimir. Enfeitava as brochuras com vinhetas, capitulares, aberturas ou fechos de capítulos, com paciência de artista autêntico, de puro artesão. Não admitia o mínimo deslize gráfico. Qualquer manchinha que maculasse o papel, punha-o nervoso, desolado. Preferia inutilizar páginas e mais páginas já prontas, a expor uma mercadoria defeituosa. A marca "Pocai" devia significar, sempre, perfeição. A partir do momento em que recebia os originais, até o empacotamento dos volumes, tudo era acompanhado de muito perto por ele. Os autores podiam dormir sossegados. Pocai faria sempre o melhor. Adorava imprimir trabalhos históricos ou poesia, pois lhe ofereciam melhores oportunidades para decorá-los. (Edgard Cavalheiro, "Pocai: O Artista do Livro" Estado de S. Paulo. São Paulo, 22 dez. 1956. Suplemento Literário A Semana e os Livros).
Serviço
Exposição Elvino Pocai: Poeta das Artes Gráficas
Abertura | 07 de maio – das 16:30 às 18:30h
Visitação| De 8 de maio a 21 de Agosto – das 8h30 às 18h30 (segunda a sexta-feira).
Onde | Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) – Sala Multiuso
Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, Butantã, São Paulo – SP
O local possui acessibilidade para cadeirantes.
Quanto | Gratuito
Agendamento de Monitoria | educativo@bbm.usp.br |
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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)
http://maregina-arte.blogspot.com/
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quinta-feira, 25 de abril de 2019
Exposição Elvino Pocai: Poeta das Artes Gráficas
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