A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta a exposição A máquina do mundo: Arte e indústria no Brasil 1901 – 2021, em cartaz entre os dias 06 de novembro de 2021 e 22 de fevereiro de 2022. A curadoria reúne cerca de 250 obras de mais de 100 artistas nas sete galerias de exposições temporárias do edifício Pina Luz. A mostra examina as várias maneiras pelas quais a indústria impacta a produção de artistas no Brasil desde o início do século passado, numa perspectiva inédita sobre os últimos 120 anos da história da arte brasileira.
A curadoria é de José Augusto Ribeiro e assistência de Daniel Donato Ribeiro. A seleção privilegia as questões internas aos trabalhos e questiona, a partir deles, os impactos da indústria moderna no pensamento da arte e nos contextos sociais em que tais pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, objetos, filmes e poemas foram produzidos. Por um lado, a máquina está associada à noção do próprio trabalho de arte como um aparelho, um constructo. Por outro, a máquina está ligada às fábricas, a esses locais símbolos da modernidade, com trabalhadores concentrados em linhas de montagem, maquinário pesado, produtos processados e de circulação em massa, e que, por tudo isso, definem parte significativa da vida moderna e contemporânea.
O título da exposição se origina na ideia do mundo como uma máquina, composto essencialmente de um engenho universal cujo princípio mecânico regeria o cosmos, os corpos celestes e os elementos da natureza. Figurações dessa “máquina do mundo” aparecem na Divina comédia (c. 1308-1320), de Dante Alighieri, em Os Lusíadas (1572), de Luís de Camões, no poema A máquina do mundo (1951), de Carlos Drummond de Andrade, e no último livro de Haroldo de Campos, A máquina do mundo repensada (2000).
Para a mostra, foram produzidos três trabalhos inéditos: a artista Ana Linnemann realizou A Mesa de Ateliê 4, no qual um sistema complexo de procedimentos mecânicos repetem atividades realizadas em ateliê por artistas; Artur Lescher desenvolveu Riovenir, que faz referência às esteiras de linha de produção, e Raul Mourão realiza a obra Pilha/torre que, por meio da ação do público, coloca em movimento pendular e constante uma estrutura geométrica.
O filme Santoscópio=Dumontagem, de Carlos Adriano, também ganha destaque na mostra. Trata-se de um curta em que Santos Dumont explica o funcionamento de seus balões dirigíveis ao aeronauta Charles Stewart Rolls em 1901. Na época, o filme foi feito a partir de 1.339 cartões fotográficos e podia ser visto em um dispositivo cinematográfico chamado mutoscópio. O registro foi dado como perdido por décadas até que, em 2002, quase um século depois, acabou sendo encontrado pelo artista Carlos Adriano, que coordenou os trabalhos de restauração da peça, digitalizou as imagens e, a partir disso, se deu a nova produção.
A seleção da exposição ainda abrange obras de Abraham Palatnik, Cildo Meireles, Emiliano Di Cavalcanti, Geraldo de Barros, Guto Lacaz, Hans Gunther Flieg, Iran do Espírito Santo, Jac Leirner, José Resende, Julio Plaza, Leda Catunda, lole de Freitas, Lotus Lobo, Lygia Clark, Lygia Pape, Mabe Bethônico, Marcelo Cipis, Patricia Galvão, Raymundo Colares, Tarsila do Amaral, Waldemar Cordeiro, Waltercio Caldas, Wlademir Dias-Pino, entre muitos outros.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
Como parte da programação da exposição, a Pinacoteca e o Theatro Municipal de São Paulo apresentam em novembro uma programação conjunta de artes visuais e música. Dois vídeos que integram a exposição serão projetados no palco do Theatro Municipal, nos dias 26 e 27 de novembro. As exibições antecedem a apresentação de um programa formado por composições de Edgard Varèse (Intégrales, 1925), Charles Ives (The Unanswared Question, 1930-1935) e Heitor Villa-Lobos (Sinfonietta nº 2 em Dó Maior, 1947), executado pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, sob a regência de Roberto Minczuk. Os filmes são Inner Telescope (2017), de Eduardo Kac, produzido no interior de uma nave espacial em órbita em volta da Terra, e Copérnico I: Paisagem com figura (2005), de Eduardo Climachauska e Daniel Augusto, em que o sistema de pedais e rodas de uma bicicleta aciona um dispositivo com câmeras de filmagem.
Além disso, a exposição contará com a performance Constelação (2021) do coletivo mineiro O Grivo que ocorrerá nos dias 06 e 07 de novembro no auditório da Pinacoteca, com cinco horas de duração, tendo início às 11h.
AGENDA TARSILA – A máquina do mundo faz parte da programação da Agenda Tarsila, plataforma da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo que reúne eventos comemorativos, conteúdos inéditos com informações, história, curiosidades e entrevistas sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, considerada um dos marcos mais importantes da cultura brasileira.
A mostra tem patrocínio do Bradesco (Cota Master); White Martins e Pirelli (Cota Bronze) e apoio da Tiffany & Co.
Serviço:
A máquina do mundo
Curadoria: José Augusto Ribeiro e Daniel Donato Ribeiro (assistente de curadoria).
Lais Myrrha: O Condensador de futuros
A peça de Lais Myrrha (Belo Horizonte, 1974), O condensador de futuros , é construída a partir da redução da cúpula do Senado Federal, que vai aparecer como se estivesse “presa” no octógono a 1,30m de altura. A intervenção terá um significado indefinido entre abrigo/esconderijo e armadilha; e o público, se assim desejar, poderá atravessar ou adentrar o espaço. O trabalho de Lais Myrrha é marcado por reflexões sobre os territórios, a história, a memória e a política
Nenhum comentário:
Postar um comentário