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escolhidos por MARIA PINTO
(Maria Regina Pinto Pereira)

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sexta-feira, 11 de março de 2011

mil e um dias e outros enigmas - Regina Silveira

No dia 15 de março, entre as 19h e as 21h, ocorre na Fundação Iberê Camargo a abertura da primeira exposição do seu calendário de 2011. Mil e um dias e outros enigmas reúne 29 obras da artista Regina Silveira, uma das mais importantes do cenário contemporâneo brasileiro. São desenhos, fotografias, instalações, objetos e projeções criados a partir de 1983 – e alguns deles especialmente para a mostra em Porto Alegre. Os trabalhos foram selecionados pelo colombiano José Roca, que em 2009, ao lado de Alejandro Martín, realizou a curadoria de outra retrospectiva da artista, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.


O projeto curatorial de Roca foi criado pensado a partir das características arquitetônicas da sede da Fundação. “A força expressiva dessa construção, seus volumes e seus materiais em bruto, assim como o magistral manejo da luz, a penumbra e a relação entre o interior e o exterior, convertem-no em um protagonista iniludível no momento de conceber a curadoria”, explica o colombiano. Por isso, o roteiro de visitação busca valorizar cada detalhe do edifício criado pelo português Álvaro Siza. Algumas obras, inclusive, foram adaptadas por Regina para garantir uma melhor inserção no ambiente da mostra.

Essa opção curatorial vai de encontro àquela que é uma das principais características dos trabalhos desenvolvidos por Regina nas últimas décadas: o interesse pelas diferentes formas como o local de exibição pode interferir no resultado final de uma obra. Tal investigação se reflete na extensa produção de site specifics que a artista desenvolveu ao longo dos últimos anos. Para a exposição na Fundação, ela também criou um trabalho deste tipo: adaptado de uma série de projetos anteriores, Atractor consiste na projeção da palavra luzsobre a fachada externa do edifício. As letras serão formadas sobre um revestimento de vinil, misturando-se a reflexos da paisagem e do próprio prédio. Trata-se de uma obra bastante emblemática, pois os jogos de contraste entre sombra e iluminação, bem como as distorções na geração de imagens, são temas centrais na obra da gaúcha.

A obra Mil e um dias também ocupa um papel importante no conjunto da mostra. Esta animação digital, além de intervir nas janelas existentes no espaço expositivo, alterna simulações de dia e noite a partir da projeção de imagens, que ocorrem nos quatro andares do prédio. Assim, dialoga não apenas com o trabalho de Regina (localizados nos três primeiros pisos), mas também com a exposição de Acervo Paisagens de Dentro, dedicada a Iberê Camargo e atualmente em cartaz no quarto andar da sede da Fundação.

O diálogo com as obras de Iberê não é despropositado. Regina foi sua aluna durante a década de 1960, e, embora a produção da artista se relacione mais diretamente com a herança estética de nomes como o do italiano Giorgio De Chirico e o do francês Marcel Duchamp, ela acredita que esta experiência com o artista gaúcho foi de grande importância para seu processo de formação. “Ele foi meu mestre na verdadeira acepção da palavra, porque junto com a pintura ensinava atitude, concentração, e alto grau de comprometimento com o trabalho. Para mim, que recém havia passado dos 20 anos de idade, ele foi o primeiro exemplo de como vivia um artista totalmente focado no trabalho e dedicado à sua obra”, contextualiza.

A abertura de Mil e um dias e outros enigmas será no dia 15 de março, a partir das 19h. A exposição poderá ser visitada de terça a domingo, das 12h às 19h (nas quintas, até às 21h), até o dia 29 de maio. A Fundação Iberê Camargo fica na Av. Padre Cacique, 2000, e tem entrada franca.



*Até o dia da abertura, a Fundação continua aberta ao público em seu horário normal. Porém, a visitação está restrita ao quarto andar do espaço expositivo, onde está em cartaz a mostra de Acervo Os meandros da memória.

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