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(Maria Regina Pinto Pereira)

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Desenhar para aprender


Em manifesto, pesquisadores defendem o uso do desenho para melhorar a compreensão de conceitos científicos
RAFAEL GARCIA, Folha de São Paulo
DE WASHINGTON

Um grupo de professores e psicólogos de países de língua inglesa tem feito crescer um movimento para que atividades de desenho com estudantes rompam as fronteiras da educação artística e entrem nas aulas de ciências.
Uma série de novos estudos tem mostrado que os alunos são capazes de construir melhores interpretações de conceitos científicos quando eles próprios se envolvem na produção de imagens para representá-los.
Iniciativas nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália têm tido sucesso tanto com crianças de dez anos quanto com estudantes de graduação em faculdades.
"Quando alunos desenham para explorar, coordenar e justificar sua compreensão da ciência, eles se sentem mais motivados a aprender do que com o ensino convencional", escreve o trio de pesquisadores que assinou um manifesto na edição de 26 de agosto da revista "Science", o periódico científico mais influente dos EUA.
A razão para o sucesso dos professores de física, química ou biologia que estimulam os alunos a produzirem imagens não é apenas o aspecto lúdico da atividade. Segundo os pesquisadores, um dos motivos é que o desenho torna mais fácil para o docente identificar noções erradas sobre o que é ensinado.
"Quando você produz um desenho, é preciso ser muito explícito e ter claro aquilo que quer transmitir", disse à FolhaShaaron Ainsworth, psicóloga da Universidade de Nottingham (Inglaterra), que encabeça o manifesto. "Não há onde se esconder quando você tem de expor sua compreensão sobre determinado assunto com um desenho."
Segundo a pesquisadora, dinâmica semelhante ocorre quando os alunos têm de produzir um texto, mas alguns tópicos são mais sensíveis ao poder gráfico (que impede que estudantes apenas recitem frases de manuais).
O desenho em aulas de ciência é mais que uma ferramenta de avaliação da aprendizagem, mas também é tem impacto no seu próprio processo. Seu uso mais importante, defendem os educadores, é dar oportunidade de construir raciocínios visuais.
"Após a apresentação de conceitos científicos, fazemos com que os alunos criem suas próprias representações antes de mostrar as imagens dos livros", diz Ainsworth.

PINTANDO O MANUAL
Um evento que mobiliza cerca de 1.500 instituições no Reino Unido, o Campaing for Drawing (campaignfordrawing.org), tem incluído temas de ciência em um mutirão de desenho organizado todos os anos, e professores adotam cada vez mais a ideia de expandir o universo além das aulas de artes plásticas.
O desenho também tem sido usado para que estudantes possam ensinar outros.
É a abordagem de Felice Frankel, pesquisadora do uso da imagem para comunicação da ciência nos EUA. O resultado está registrado em um banco de dados de desenhos de estudantes de graduação, o "Picturing to Learn" (picturingtolearn.org).
Trabalhando com universitários em cursos de ciência, ela pedia que expressassem os conceitos que aprendiam em desenho, como se estivessem explicando teorias a um estudante de ensino médio.
"Quando desenham, estão aproveitando para clarear as próprias ideias", diz Frankel.
Em iniciativas no ensino fundamental, um dos exemplos de sucesso é o projeto RiLS (Role of Representation in Science), coordenado pelos australianos Russell Tytler e Vaughan Prain, ambos da Universidade La Trobe.
Usando uma abordagem similar à de Frankel, eles obtiveram melhorias na aprendizagem de crianças de 10 a 12 anos. "As escolhas visuais que faziam indicavam uma reflexão engajada em criar uma representação coerente do fenômeno", escrevem os autores na "Science".
O que muitos educadores se perguntam agora é se vale criar disciplinas especiais para que alunos desenvolvam a habilidade de desenho e percam a inibição. Um consenso é que, com ou sem horário reservado para isso, deve-se gastar mais tempo pondo estudantes para desenhar.
O prestigioso MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), por exemplo, trará Frankel, já no próximo semestre, para dar aulas de desenho em um curso projetado para estudantes de engenharia química.
 

"When I became responsible for teaching others ... through drawing ... I really had to understand the science and learned a great deal from the process." — Mariana Shnayderman, MIT student, 2003

The Picturing to Learn program was founded on the following core premises:
  • drawings made by science students for the purpose of teaching others reveal misconceptions
  • those drawings provide teachers with direct feedback on what students are and are not "getting," to help promote more effective teaching
  • the process of creating a drawing to teach others has the potential to deepen students' understanding of scientific concepts
Picturing to Learn was funded by the National Science Foundation, DUE from 2007-2010. The project involved science students and faculty from Harvard, MIT, Duke University and Roxbury Community College, along with design students and faculty from the School of Visual Arts, New York. Students were asked to "Create a freehand drawing to explain to a high school senior…" various scientific phenomena.
particle in a boxbrownian motionchemical bonding
The idea began with Principal Investigator Felice Frankel's experiences while working with scientists to visually express their research. It was clear that when the researcher created drawings to explain to her the phenomena, the process itself seemed to clarify the science in the mind of the researcher. Frankel approached a team of educators and cognitive scientists with the idea of using this in the classroom and all agreed this would be an innovative approach for teaching and learning.

The primary finding of the program was that the process was a powerful means of revealing student misconceptions. A database of 3,000 analyzed drawings from various undergraduate science courses is available here:
explore the PtL database
"I was able to teach the material far better after seeing the students' drawings…They revealed misconceptions in a way that text does not… it became obvious when they didn't have a clue. As a whole, the class did far better on exams in 2005 than they did in 2004. We attribute that, in part, to Picturing to Learn." — Donald R. Sadoway, John F. Elliott Professor of Materials Science, MIT
Plans are under way to bring the program into middle and high schools.
Contact:  Felice Frankel, PI: info@picturingtolearn.org
 

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